Rivais em 2014, Dilma fica fora do Senado, e Aécio se elege deputado em MG

Flávio Costa e Guilherme Azevedo

Do UOL, em Belo Horizonte e São Paulo

  • Paulo Whitaker/Reuters

    Dilma e Aécio, que disputaram a presidência em 2014, representarão MG no Congresso

    Dilma e Aécio, que disputaram a presidência em 2014, representarão MG no Congresso

Apontada como favorita nas pesquisas de intenção de voto até a véspera da eleição para o Senado por Minas Gerais, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) acabou perdendo a disputa neste domingo (7). Ela terminou na quarta colocação, com 15,5% dos votos válidos (pouco mais de 2,7 milhões). Para a conta dos votos válidos, são excluídos os votos em branco e nulos.

Os senadores eleitos neste domingo foram Rodrigo Pacheco (DEM), com 20,49% dos votos válidos (mais de 3,6 milhões), e Carlos Viana (PHS), com 20,22% (pouco mais de 3,5 milhões).

Nas pesquisas de sábado (6), Dilma aparecia na liderança: no Datafolha, ela tinha 23% dos votos válidos, e no Ibope, 20%. Seria a primeira experiência da petista como parlamentar.

Já o grande adversário de Dilma na corrida presidencial de 2014, senador Aécio Neves (PSDB), teve sorte melhor. Ele foi eleito como deputado federal com 1,06% dos votos válidos, sendo o 19º na lista (51 se elegeram). No total, ele recebeu pouco mais de 106 mil votos.

Na eleição passada, considerada a mais acirrada da história brasileira, a petista foi eleita presidente da República ao vencer o tucano por uma diferença de 3,28 pontos percentuais. O segundo mandato, iniciado em 2015, foi interrompido em 12 de agosto do ano seguinte, quando o Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff por 61 votos a 20.

Campanha de Dilma atacou impeachment

A princípio, o PT trabalhava com a hipótese de lançar Dilma ao Senado pelos estados nordestinos do Piauí ou do Ceará, governados por membros do partido. Porém, a articulação conduzida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou a petista de volta a seu estado natal, de onde saiu há mais de 40 anos, ainda durante a ditadura militar.

Após deixar a prisão em 1972, Dilma se estabeleceu em Porto Alegre, onde trabalhou em administrações do PDT de Leonel Brizola até o ano de 2001, quando se filiou ao PT. No primeiro mandato de Lula, ela assumiu o Ministério das Minas e Energia até 2005, quando foi nomeada para Casa Civil no lugar de José Dirceu - que caiu após ser envolvido no escândalo do mensalão. No cargo, ela se aproximou do então presidente, que viria a escolhe-la como sucessora. 

A campanha de Dilma ao Senado foi marcada pela crítica ao impeachment e sua afirmação de que foi vítima de um golpe de estado.

"No dia da eleição vai estar em causa o golpe de 2016. O impeachment que foi aprovado sem que houvesse crime de responsabilidade. O golpe que foi dado para executar um programa neoliberal que não tinha nenhum voto nas ruas", costuma dizer Dilma.

Sua candidatura chegou a ser contestada judicialmente por adversários, mas acabou mantida pela Justiça Eleitoral. No Senado ela teria, aos 70 anos, sua primeira experiência parlamentar.

Aécio faz campanha discreta

Por sua vez, o ainda senador Aécio Neves chegou a pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a recontagem de votos da eleição de 2014 e cassação da chapa Dilma-Temer. O tucano foi considerado um dos articuladores do impeachment de Dilma Rousseff.

Sua popularidade começou a sofrer queda quando foi delatado por diretores da Odebrecht ainda em 2016. Porém, viveu pior momento em maio de 2017 quando foi flagrado, em uma conversa telefônica grampeada, pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, sob pretexto de pagar advogados.

O STF chegou a afastá-lo do Senado, e sua irmã e estrategista política, Andreia Neves, foi presa. As decisões foram revogadas posteriormente.

Sem condições políticas de tentar reeleição, Aécio decidiu concorrer a uma vaga como deputado federal. Sua campanha foi marcada pela discrição, sem comícios de ruas e com reuniões com prefeitos e líderes de expressão regional em cidades do interior mineiro.

"A mim não importa ser senador ou deputado federal, importa ser o Aécio representante de Minas no Congresso Nacional", afirmou o tucano.

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