Clã Sarney faz apenas deputado estadual após 60 anos entre MA e Congresso

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

  • Sergio Lima-3.nov.2004/Folhapress

    José Sarney, então senador, com os filhos Zequinha Sarney e Roseana, no Senado

    José Sarney, então senador, com os filhos Zequinha Sarney e Roseana, no Senado

Uma das mais longas histórias de participação familiar no poder terá uma ruptura inédita a partir de 2019. Depois de 60 anos, a família Sarney não terá nenhum representante em Brasília, nem governará o Maranhão. O único representante da clã será Adriano Sarney (PV), que foi reeleito para a Assembleia Legislativa do estado.

Foi em 1958 que o patriarca José Sarney ganhou sua primeira eleição para deputado federal. Neste período passou por cargos como governador do Maranhão, senador e presidente da República.

Aposentado desde 2015, José Sarney viu seus dois filhos derrotados. Governadora do Maranhão por quatro vezes, Roseana Sarney perdeu a disputa para o atual governador Flávio Dino (PCdoB) com uma diferença de quase um milhão de votos: 59,2% a 30% dos votos válidos.

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Já o deputado federal Sarney Filho (PV) não conseguiu uma das duas vagas ao Senado e ficou na terceira posição, com 13,2% dos votos válidos. Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT) levaram as duas vagas do estado.

Queda

O poder dos Sarney vêm caindo nos últimos anos. Em 2014, Edison Lobão Filho (MDB) foi candidato ao governo do Maranhão com apoio da família, mas também acabou derrotado em primeiro turno. Antes, em 50 anos, os Sarney só tinham perdido uma eleição, em 2006, quando Jackson Lago derrotou Roseana Sarney. Entretanto, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassou o mandato de Lago, e em 2009 ela assumiu o poder.

Em 2014, Sarney Filho foi eleito deputado federal --última vitória expressiva do grupo. Ele exerceu menos da metade do mandato porque foi nomeado ministro do Meio Ambiente no governo Michel Temer.

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Para o cientista político e professor do Departamento de História da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Wagner Cabral, não é possível decretar o fim do "sarneyzismo" no Maranhão. "O exemplo do carlismo na Bahia é suficiente pra lembrar que não adianta perder muito tempo com esse papo de 'fim da oligarquia'", afirma.

Entretanto, Cabral afirma que o grupo sai ainda mais enfraquecido das urnas este ano. "Ou seja, perde sua moeda de troca nacional, se restringindo a ser um grupo de atuação estadual, na oposição ao governo Dino, por meio do Adriano Sarney e de alguns poucos deputados federais e estaduais. Nesse cenário, não ficarei surpreso se o grupo Sarney tentar aderir ao próximo presidente da república, seja A ou B que saia eleito", pontua.

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