Em disputa com Doria, França diz que é hora de tirar PSDB do poder

Do UOL, em São Paulo

Inserido no segundo turno na eleição para governador de São Paulo após uma virada sobre Paulo Skaf (MDB), Márcio França (PSB) terá pela frente João Doria, candidato do PSDB, partido que comanda o Estado paulista há mais de 20 anos. Na visão do ex-prefeito de São Vicente, o primeiro turno indicou que o eleitor não quer mais os tucanos, dos quais foi aliado no último mandato de Geraldo Alckmin, no poder paulista. 

"O eleitor votou pela mudança, por uma novidade. E a última coisa que pode ter mudança em São Paulo é 45", disse Márcio França, em entrevista exclusiva aos colunistas do UOL Josias de Souza e Leonardo Sakamotonesta segunda-feira (8). Na ocasião, afirmou que Geraldo Alckmin, antigo governador, já intuía a saída de cena do PSDB em São Paulo.

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"O próprio Doria representou essa mudança quando disputou a Prefeitura. Só que aí veio logo a frustração, porque ele acabou não cumprindo a palavra e repetiu o que ele falava o que os políticos faziam, que é mentir. Mentiu para mim, para todo mundo. Ele acelerou sem engatar, então o carro ficou só fazendo barulho. Não andou, as coisas não andaram".

João Doria foi eleito em 2016 prefeito de São Paulo ainda no primeiro turno. Pouco mais de um ano depois, no entanto, o tucano deixou o cargo para se candidatar a governador. Antes, tentou articular uma candidatura à Presidência, mas foi contido por Alckmin no jogo partidário. "No fundo, o Doria foi enganado, meio iludido pelos tucanos, que perceberam que ele era muito vaidoso e falaram que ele era um gênio, que ganharia fácil para ser presidente. Aí ele se animou para ser candidato e começou a assolavar a campanha do Alckmin", prosseguiu França.

Alckmin terminou a corrida presidencial na quarta colocação, com apenas 4,76% dos votos. Um dos problemas apontados por Márcio França foi o lançamento de dois palanques em São Paulo: o dele, como atual governador, e o de João Doria, candidato do próprio PSDB.

"Ter dois palanques foi um erro grave. Se tivesse uma candidatura unida, poderia criar um movimento. Doria não queria saber do Alckmin, ele só quer saber dele, é o seu perfil", analisou.

Olhando apenas para São Paulo, Alckmin sofreu uma grande derrota no Estado que o elegeu governador por quatro vezes. Jair Bolsonaro teve 53% dos votos entre os paulistas, enquanto o tucano somou apenas 9,52%.

França: divisão de palanques e Bolsonaro derrubam Alckmin

França afirmou que chegou a haver uma tentativa de conciliação das três principais candidaturas do Estado (a dele, de Doria e de Paulo Skaf), mas as conversas não evoluíram. Juntos, eles tiveram 74,39% de votos no primeiro turno desta eleição.

"Houve tentativa de articulação, de salvar essa candidatura, que pudesse dar uma estabilidade ao Brasil. Acho que falhou por essa coisa de (polarização entre) PT e PSDB. Só eles acham que são os donos da bola. PSDB não quis abrir mão de jeito nenhum".

Ainda sobre a situação do PSDB em São Paulo, Márcio França ressaltou a perda de cadeiras do partido no Estado e apontou a candidatura de João Doria como um dos problemas. Na visão dele, o tucano não permanecerá no partido no futuro.

"A bancada mais forte do PSDB era São Paulo. Com o Doria, despencaram. Essa coisa de PSDB para ele é uma passagem".

O número de deputados do PSDB na Assemleia Legislativa de São Paulo caiu pela metade na atual eleição. O partido, que antes contava com 19 representantes, terá apenas oito na nova composição.

Veja na íntegra a entrevista do candidato Márcio França ao UOL

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