Paes diz que radicalizar crítica contra Bolsonaro é "muito ruim"

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

  • Luis Kawaguti/UOL

    09.out.2018 - Eduardo Paes visitou o Hospital da Polícia Militar no centro do Rio

    09.out.2018 - Eduardo Paes visitou o Hospital da Polícia Militar no centro do Rio

O candidato ao governo do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) disse nesta terça-feira (9) que a radicalização das críticas contra Jair Bolsonaro (PSL) é "muito ruim". O democrata se disse neutro quanto à disputa presidencial e elogiou Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).

Paes disputa o segundo turno ao governo fluminense com Wilson Witzel (PSC), que deu uma virada na corrida eleitoral assumindo a liderança após apoiar Bolsonaro e participar de carreatas com o filho dele, Flávio Bolsonaro, eleito para o Senado pelo

"Eu conheço muito bem o Jair Bolsonaro, conheço o Flávio Bolsonaro, conheço muito bem o Carlos Bolsonaro. Tive a honra de ser vereador junto com a Rogéria Bolsonaro [ex-mulher do presidenciável]. Ela trabalhou comigo na prefeitura, aliás a meu convite, em nenhum momento a pedido deles, tenho com eles a melhor relação", afirmou.

"Acho que essa radicalização que a gente vai vendo, inclusive na crítica ao Jair Bolsonaro, é muito ruim. Eu convivo com ele há muito tempo, principalmente lá em Brasília, então acho que a gente tem que ter muita tranquilidade nesse momento. Eu mantenho a minha posição de neutralidade, mas sem essa visão radical que muitas vezes tentam impor às pessoas."

Paes disse também que Bolsonaro é uma pessoa que aceita críticas e participa do contraditório. "Isso eu não estou vendo no meu adversário [Wilson Witzel]", disse.

ANÁLISE: BOLSONARO PODE DEVOLVER MILITARES À POLÍTICA

Questionado por jornalistas se estava fazendo um elogio a Bolsonaro, mesmo se declarando neutro, Paes confirmou que se tratava de um elogio. Mas disse também que um eventual apoio a qualquer dos candidatos será decisão de seu partido.

Perguntado sobre o candidato do PT Fernando Haddad, ele disse que o petista "é um homem de bem, foi prefeito comigo na mesma época também. Tenho respeito por ele".

Paes deu as declarações hoje ao visitar o Hospital da Polícia Militar, no Estácio, no centro do Rio. Ele disse que, se for eleito, fará um novo hospital para a PM no interior do estado.

Witzel ameaça Paes de prisão

Em uma transmissão em redes sociais na segunda-feira (8), Witzel acusou Paes de espalhar notícias falsas e disse que poderia eventualmente dar a ele voz de prisão se ele falar mentiras em um debate ao vivo.

Paes disse nesta terça que Witzel faz acusações sem fundamento e afirmou que ele tem que se habituar a responder a indagações e a dialogar.

"Não vou prendê-lo por calúnia, injúria e difamação. Vou ouvir a acusação infundada dele e vou dizer: 'é uma mentira'. Agora ele vai ter que aprender sim que as luzes são jogadas sobre quem é candidato. Quem está na vida pública é assim", disse Paes.

"Ser candidato a governador não é estar dentro de uma sala de juiz assinando e determinando coisas. Todos nós temos a obrigação de responder, de atender indagações... Ou ele não vai querer ser investigado pelo Ministério Público? Ou ele vai impedir que a imprensa o faça perguntas permanentemente?", questionou.

Paes: destruir homenagem a Marielle é inaceitável

Paes também classificou como "inaceitável" um ato político no qual os deputados eleitos pelo PSL Rodrigo Amorim (estadual) e Daniel Silveira (federal) exibiram uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL) destruída. O rival de Paes na disputa ao governo discursava no mesmo palanque onde o ato ocorreu. O democrata também criticou Witzel.

"Compete àqueles que querem comandar um estado, querem comandar as forças de segurança, querem comandar a Polícia Civil, que tem esse papel de investigação, ter autoridade moral para isso, ter legitimidade para que essa investigação aconteça e não sair numa luta política fazendo um ato contra uma pessoa que foi assassinada de uma forma bárbara como foi a Marielle", disse Paes.

"É inaceitável o gesto, seja dos candidatos a deputado, dos deputados eleitos como do candidato a governador", disse Paes.

Após a exibição da placa destruída em um vídeo divulgado em redes sociais, a assessoria de Witzel disse que ele participava de um ato de campanha em Petrópolis (região serrana fluminense) quando a placa foi quebrada por outro candidato.

"Naquele momento, Witzel discursava sobre suas propostas de governo. Ele reitera o que já declarou outras vezes, que lamenta a morte de qualquer ser humano em circunstâncias criminosas e que as investigações de homicídio devem ser conduzidas com rigor, e assim será feito caso seja eleito, dando respostas efetivas à sociedade", afirmou a assessoria em nota na ocasião.

A placa destruída por Amorim e Silveira não era uma placa oficial instalada pela prefeitura. Ela havia sido colocada sem autorização do Legislativo por partidários de Marielle sobre uma placa oficial da Praça Floreano, no centro do Rio de Janeiro.

Após o fim da votação do primeiro turno no domingo, Witzel disse que a investigação do assassinato de Marielle em 14 de março deste ano, que segue sem conclusão, "será tratada como qualquer outro caso".

Paes afirmou, por sua vez, que "o assassinato da Marielle é o assassinato de uma cidadã, mas de uma cidadã que era vereadora eleita democraticamente e que representava sim uma luta contra o crime organizado". "Lamentável que esse tipo de coisa aconteça, a gente tem que cobrar a elucidação do crime", disse.

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