Violência em São Paulo

Salário não é o mais importante para PMs, diz França após visitar Rota

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    Dá esqueda para à direita, o Secretário de Segurança Pública, Magino Alves, o governador Márcio França e tenente-coronel Ricardo Mello Araújo, comandante da Rota

    Dá esqueda para à direita, o Secretário de Segurança Pública, Magino Alves, o governador Márcio França e tenente-coronel Ricardo Mello Araújo, comandante da Rota

O governador de São Paulo e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), participou na manhã desta segunda-feira (15) da cerimônia de aniversário da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), batalhão da PM (Polícia Militar). Após discurso de apoio à tropa, o candidato afirmou que "o salário [para os policiais] não é o mais importante".

"Boa parte da Polícia Militar, ou a grande maioria, reconhece o esforço que eu fiz nesses meses de prestigiar a tropa. A gente não tinha condição de mexer em salário. Mas o salário não é o mais importante", disse a jornalistas em frente à Rota.

"Você veja que, muitas vezes, nós fizemos ações em relação a eles [policiais] que deram a eles prestígio, que deram orgulho. Porque o policial tem essa vocação", afirmou o candidato peesebista. "Quando ele anda fardado, essas medalhas que eles recebem, pra outras pessoas, isso pode não ter importância, para eles, têm", complementou. 

A legislação eleitoral proíbe que um governador conceda reajuste salarial acima da inflação para servidores públicos seis meses antes da eleição. O aumento só pode ser dado após a posse, no dia 1º de janeiro do ano seguinte.

Em janeiro deste ano, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu o único aumento de salário para os servidores da atual gestão: 4% para policiais e de 7% para professores. França assumiu o cargo em 6 de abril deste ano.

França, no entanto, anunciou para a tropa medidas consideradas de médio prazo para a segurança, como a abertura dos plantões das delegacias da capital, a autorização para que sargentos possam usar fuzis nos veículos, além da aquisição de 1.000 novas viaturas, 23 mil coletes e 5 mil pistolas.

A visita de França à Rota ocorre em uma série de ações movidas por França para se aproximar das forças de segurança estaduais. Teve início com a escolha de sua vice, uma coronel da PM, passou pelo pedido à imprensa para não criticar os policiais (durante anúncio do novo comandante da corporação), por homenagear PM que matou criminoso em porta de escola, até posar com um fuzil.

Divulgação/Facebook
Márcio França posa com fuzil em propaganda eleitoral

A estratégia é semelhante à de seu oponente no segundo turno, João Doria (PSDB), que chegou a afirmar que um policial deve "atirar para matar", caso um criminoso tente trocar tiros.

A recomendação é contrária às normas da PM. Até o comandante-geral da corporação, Coronel Marcelo Vieira Salles, afirmou ao UOL que a tropa não sai de casa para matar.

O mesmo comandante esteve ao lado do governador na cerimônia da Rota hoje. Com eles, estavam o comandante da Rota, coronel Ricardo Mello Araújo, que já declarou no ano passado ao UOL que votaria em Jair Bolsonaro, e uma série de políticos da bancada da bala, eleitos aos cargos de deputado federal, estadual e de senador.

Além deles, compareceram ao menos dois juízes. Entre eles, Debora Faitarone, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo. Foi ela quem rejeitou denúncia do MP (Ministério Público), em setembro deste ano, contra os PMs envolvidos na morte do menino Ítalo, 10, sob o argumento de que "seria virar as costas a homens valorosos".

Luís Adorno/UOL
Juíza Débora Faitarone posa para foto com Major Olimpio

França enaltece vice mulher em batalhão de homens

França enalteceu sua candidata a vice, a coronel da PM Eliane Nikoluk (PR), após a cerimônia ocorrida do batalhão da Rota, formada por 700 homens e nenhuma mulher. No padrão de procedimento do batalhão, as saídas são feitas sempre por quatro homens dentro da viatura.

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"Ela não é apenas uma mulher. Foi uma comandante. Viu seu pai ser assassinado no exercício da função de policial militar. É uma mulher honrada", enalteceu. "A gente pode ter uma mulher como ela que sabe se impor", complementou.

Rogério Marques/Futura Press/Estadão Conteúdo
Coronel Eliane Nikoluk, candidata a vice-governadora na chapa de França

Questionado se a Rota poderia ter a presença de mulheres, França desvencilhou. "Eu perguntei aqui ao comandante. Ele disse que a tradição é não ter mulher. A história é inexorável. As mulheres estão conquistando seu espaço. Lá para trás, elas não votavam. Hoje, estão comandando tudo. Certamente, elas vão conseguir espaço em todos os lugares que elas quiserem", explicou.

Questionado se as mulheres também conseguiriam pertencer à Rota em sua gestão, voltou a se posicionar de maneira aberta. "Eu não sei. Quem decide isso é a Rota", afirmou.

"Bolsonaro? Eu votaria nele", diz comandante da Rota

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