Doria chama França de "laranja do PT" e culpa PSDB nacional por menos votos

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, voltou a atacar o atual governador, Márcio França (PSB), seu adversário no segundo turno, chamando-o de "laranja do PT" em entrevista ao SP2, da TV Globo, na noite desta terça-feira (16), e também negou qualquer parcela de responsabilidade sobre a derrocada eleitoral de seu partido nas eleições deste ano.

Com um quarto lugar na sucessão presidencial --com os 4,76% de votos válidos de Geraldo Alckmin --, o partido teve o pior resultado de seus 30 anos de história, completados em junho passado. Além disso, a sigla também teve redução de cadeiras nos legislativos estadual e federal

Para o ex-prefeito, todo o cenário nacional contribuiu para que ele recebesse menos votos na cidade de São Paulo em 2018 do que havia recebido para ser eleito prefeito da capital há dois anos. Ele recebeu 1,6 milhão de votos a menos.

"O PSDB foi mal, no ponto de vista das eleições, no plano nacional; isso refletiu aqui também. É impossível isolar a campanha nacional da local, mas vencemos", argumentou. O tucano ainda cobrou que o partido faça "avaliação; temos de sintonizar o PSDB mais próximo do povo", mas finalizou: "Alckmin foi guerreiro".

Além de seu próprio partido, ele também criticou, ainda que de forma mais direta, seu adversário na disputa de segundo turno, que foi vice de Alckmin de 2015 a abril deste ano. "Ele é um laranja do PT porque se disfarça de cor, de nome e de forma, e este não é o campo que a maioria dos brasileiros de São Paulo deseja", disparou.

As associações de Doria a um suposto viés de esquerda de França têm sido feitas desde o primeiro turno, seja pela coligação com partidos como o PCdoB, aliado histórico do PT, ou pelo "Socialista" que integra a sigla do PSB. 

Um dia após o primeiro turno, Doria já havia associado França aos petistas: "O fato é que o Márcio França é um homem de esquerda, um neopetista, um petista que se esconde debaixo desse manto do PSB. Eu não estou fazendo nenhuma diligência acusatória, mas mudou até a cor de seu partido, usou a cor laranja", afirmara.

Indagado sobre o desempenho de seu partido e que tipo de responsabilidade teria sobre isso – uma vez que já havia sido acusado de trair Alckmin pelo próprio ex-governador, indiretamente, e por aliados dele –, Doria esquivou-se: "Nenhuma [parcela de responsabilidade]. Fomos vitoriosos [no primeiro turno ao governo de São Paulo] e vamos vencer, apesar da derrota no plano nacional".

Voto 'Bolsodória'

O tucano voltou a externar o apoio ao candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, situação que gerou desconforto entre tucanos nos últimos dias e um movimento de aproximação com França. Sobre o assunto, Doria buscou contemporizar ao ser lembrado de declarações recentes dele, em julho deste ano, de que não apoiaria posições extremistas nem de direita, como as do capitão reformado do Exército, nem de esquerda, que ele atribui a partidos como o PT. Na avaliação do ex-prefeito, Bolsonaro "não é o mesmo".

"Basta acompanhar o seu programa de televisão [de Bolsonaro] para verificar que a sua sintonia de hoje não é a mesma do passado. Não podemos pensar no presente com base em situações do passado", refutou. "Não quero o Brasil do PT, o Brasil da esquerda, o Brasil do Márcio França. Não é o que a maioria dos brasileiros deseja. Por isso manifestei o meu apoio a Bolsonaro", enfatizou.

Ele também negou que tenha ido ao Rio, na última sexta (12), em busca de apoio do presidenciável –que acabou não comparecendo. "Não fui ao Rio para fazer vídeo [com Bolsonaro] nem receber apoio. Ele gentilmente no dia seguinte fez uma declaração bastante positiva", disse. O presidenciável não declarou oficialmente seu apoio ao tucano em São Paulo, mas Doria usou um vídeo com depoimento do deputado federal no horário eleitoral e também nas inserções feitas nas redes de TV.

Diferente de Doria, que voltou a reforçar seu apoio a Bolsonaro, França se declarou neutro na sucessão nacional --embora sua vice, a coronel da PM Eliane Nikoluk (PR), e aliados como Paulo Skaf (MDB) e Major Costa e Silva (DC) tenham declarado voto em Bolsonaro.

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