Em propaganda na TV, PT associa Bolsonaro à ditadura e à tortura

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

Em seu programa eleitoral na TV na noite desta terça (16), a campanha de Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência, associou seu adversário Jair Bolsonaro (PSL) à tortura e à ditadura militar (atenção: as imagens do vídeo acima são fortes).

"Você sabe o que é tortura?", questiona o locutor. Em seguida, enquanto o vídeo mostra cenas do filme Batismo de Sangue, que reproduzem práticas de tortura utilizadas durante a ditadura militar no Brasil, o locutor afirma que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, "maior ídolo de Bolsonaro", foi "o torturador mais sanguinário do Brasil".

O vídeo traz, então, um depoimento de Amelinha Teles, militante que foi presa e torturada nas dependências do DOI-CODI.

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"Eles colocam muitos fios elétricos descascados dentro da vagina, colocam dentro do ânus. Você grita de dor e você perde o equilíbrio e cai no chão. Eles vêm em cima de você, mesmo, para te estuprar", relata.

Amelinha afirma ainda que o momento de "maior dor" sofrido por ela foi quando Ustra levou seus dois filhos até a sala de tortura onde ela estava "nua, vomitada e urinada".

A propaganda lembra que Bolsonaro já homenageou Ustra no Congresso Nacional e traz declarações em vídeo em que o deputado diz ser "favorável à tortura".

Em seu voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, o deputado federal declarou: "Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra".

O locutor então afirma que Bolsonaro "nunca escondeu que é contra a democracia e defendeu a morte até de inocentes".

"Através do voto, você não vai mudar nada nesse país. Você só vai mudar, infelizmente, quando um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro", diz o deputado, em uma entrevista em vídeo, antes de concluir: "se vai morrer alguns inocentes, tudo bem".

O vídeo ainda mostra imagens do deputado federal ensinando uma criança a fazer um gesto de arma com as mãos e diz que seguidores de Bolsonaro "espalham o terror pelo Brasil".

Lembrando os casos de agressão que vêm sendo relatados no país nos últimos dias, desde o fim da campanha do primeiro turno, a propaganda mostra uma notícia sobre o assassinato do mestre Romualdo Rosário da Costa, o Môa do Katendê. Testemunhas relataram que ele foi vítima de facadas desferidas por apoiadores de Bolsonaro após ter defendido o voto no PT. O acusado admitiu o crime, mas negou a motivação política.

"Bolsonaro. Quem conhece a verdade, não vota nele", diz a mensagem final do vídeo.

A peça também associa Bolsonaro a Steve Bannon, ex-estrategista do presidente norte-americano Donald Trump que é ligado a movimentos supremacistas, mostrando uma manchete de reportagem em que Eduardo Bolsonaro, filho do deputado, relata que Bannon iria "ajudar seu pai".

O vídeo classifica Bannon como "acusado de sabotar regimes democráticos pelo mundo" através do uso de fake news que espalham "medo e violência para vencer eleições".

Bolsonaro usa fala de Cid Gomes

Em sua propaganda eleitoral, Bolsonaro atacou o PT. O candidato fez uso de uma fala do senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), irmão do candidato derrotado à Presidência Ciro Gomes (PDT), que fez duras críticas ao PT durante ato de lançamento da campanha de Haddad em Fortaleza na noite de ontem.

Em seu discurso, Cid afirmou que o PT vai "perder feio a eleição" por não admitir os erros cometidos pelo partido enquanto ocupou a Presidência. Na peça, as falas de Cid foram classificadas como "a verdade que o PT não aceita".

"Tem que pedir desculpas. Tem que ter humildade. Tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira", disse Cid.

A peça da campanha de Bolsonaro ainda diz que a rejeição de Haddad "não para de subir" porque, nessa eleição, "é Brasil contra o PT". Ao fundo, aparece uma imagem de Haddad ao lado do ex-presidente Lula, com a hashtag "#PTNão".

Bolsonaro aparece próximo ao fim do vídeo, quando defende ser preciso "jogar pesado na questão da segurança pública". O candidato diz que pais e mães não podem mais se preocupar se seus filhos voltarão "sãos e salvos" para casa.

"O Brasil tem tudo para ser uma grande nação. Depende de cada um de nós, ou seja, o futuro está em nossas mãos", afirma.

A peça também traz críticas diretas a Haddad, afirmando que "o povo não quer mais saber de propostas que nunca são cumpridas, como as que Haddad fez em São Paulo".

A locutora, então, convida o eleitor a comparar os programas dos candidatos para saber "quem realmente está em defesa da família, a favor do Brasil".

Pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira (15) mostrou Jair Bolsonaro com 59% dos votos válidos contra 41% de Fernando Haddad. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

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