Haddad: Sergio Moro ajudou o Brasil, mas "errou" na sentença de Lula

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) disse nesta quarta-feira (17) acreditar que o juiz federal Sergio Moro, responsável em primeira instância pelos processos da Operação Lava Jato, "em geral" ajudou o Brasil, mas errou na sentença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A declaração de Haddad foi dada nesta noite, em entrevista ao vivo ao SBT.

Questionado pelo jornalista Carlos Nascimento se, na opinião do candidato, Moro ajudou o Brasil com a Lava Jato ou perseguiu o PT e Lula, o ex-prefeito de São Paulo afirmou: "acho que, em geral, ele ajudou".

"Em relação à sentença do Lula, tem um erro que vai ser corrigido pelos tribunais superiores, porque ele não apresentou provas contra o presidente", emendou.

O candidato ainda disse que, na sua avaliação, Moro fez um "bom trabalho", apesar de ter soltado "muito precocemente" empresários e "liberado dinheiro roubado para esses empresários usufruirem a vida". 

"Então, no geral, acho que o saldo é positivo, mas há reparos a fazer", concluiu, sem nominar quem seriam os empresários.

Lula foi condenado por Moro a 9 anos e meio de prisão no caso do tríplex de Guarujá (SP). O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) confirmou a condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e ampliou a pena para 12 anos e um mês de prisão. Lula cumpre pena na sede da Polícia Federal, em Curitiba, desde abril deste ano.

Moro e o PT têm acumulado embates nos últimos anos. No mais recente deles, no início de outubro e a seis dias do primeiro turno das eleições, o juiz quebrou parte do sigilo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, que envolveu tanto as gestões de Lula como da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em suas acusações.

Membros do partido prontamente questionaram a intenção política do juiz e o acusaram de tentar "participar do processo eleitoral".

Haddad também defendeu Lula momentos antes na entrevista, apesar de não citá-lo nominalmente. Ao falar que a campanha de segundo turno representa "ampliação" e que "os erros precisam ser corrigidos", mas sem "jogar a criança com a água do banho", o candidato foi questionado por Nascimento se as denúncias da Lava Jato fariam parte do reconhecimento de falhas passadas.

"Sim, ué, desde que a pessoa tenha sido condenada em última instância", disse.

"Todo brasileiro tem o direito de recorrer de uma decisão que considera injusta. Então, até o final do processo todo mundo tem o direito de se defender, mas ao final do processo aqueles que foram condenados vão ter que pagar pelos erros cometidos", completou.

Críticas a Bolsonaro

Ao longo da entrevista, Haddad também direcionou críticas a seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL). Mais uma vez, o petista alfinetou o deputado federal por não comparecer a debates e atribuiu a ele a responsabilidade pela divulgação de notícias falsas na internet.

"Ele não vem a debate, não veio aqui ao SBT. Ele foi condenado pela Justiça, pelo TSE, a parar de falar que eu distribuí material impróprio para criança", disse, em referência à decisão da Justiça Eleitoral que ordenou que Bolsonaro apagasse conteúdos em que acusava Haddad de distribuir um suposto 'kit gay' a crianças de 6 anos.

"Ele colocou um vídeo dizendo que sou dono de uma Ferrari, sendo que nem carro eu tenho, porque eu ando de metrô, de ônibus, de bicicleta, de Uber. Então, o meu adversário está adotando práticas que em uma campanha é muito grave", afirmou Haddad.

O petista afirmou ainda que Bolsonaro representa "forças que causam medo". "A violência que ele verbaliza causa medo a mim, a meus filhos, a minha família", disse.

VEJA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE HADDAD AO SBT

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