Debate começa com discussões ríspidas e acusações entre Doria e França

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

"Eu espero que os dois cheguem vivos ao final do programa", afirmou o jornalista Fábio Pannunzio em meio a um dos bate-bocas diretos que ocorreram logo no início do debate promovido pela TV Bandeirantes, na noite desta quinta-feira (18), entre os candidatos João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB). A frase resume como foi a abertura dos debates no segundo turno entre os candidatos ao governo de São Paulo.

No primeiro quadro, Doria tentou colar França à esquerda, a Lula e ao comunismo. Enquanto o peesebista afirmou que Doria traiu Geraldo Alckmin (PSDB), largou a prefeitura da capital e a tratou como oportunista a tentativa de o tucano se colar ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Foram raras as perguntas que não tiveram interferência do oponente durante a fala. Ao mesmo tempo, França chamou o rival de "traidor" e uma "pessoa que humilha as outras", enquanto Doria revidou, dizendo que o ex-prefeito de São Vicente "agora quer se passar de bonzinho".

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Na primeira pergunta, feita pelo jornalista da Band, sobre os desempregados do estado de São Paulo, França dedicou seus dois minutos para reafirmar que não apoia o PT. Doria, em contrapartida, rebateu pedindo para o oponente dizer o nome de seu partido e sua ligação com Aldo Rebelo, chamando o ex-ministro de comunista.

"Sou do PSB há muitos anos. Tenho muito orgulho do meu partido, aliás, não traio as pessoas do meu partido, não desprezo, diferente de você. Porque cada oportunidade que teve, você fez isso com Alckmin", afirmou França, referindo-se ao conflito interno entre os tucanos após o primeiro turno das eleições. Em reunião no último dia 9, Alckmin sugeriu que Doria era "traidor" e chamou o ex-prefeito de "temerista" pela sua aproximação com a gestão Michel Temer.

Doria disse que, na verdade, foi França quem traiu Alckmin. "Deixou a secretaria de Turismo do Alckmin para fazer campanha de Haddad. Foi conselheiro do ex-presidente Lula, hoje presidiário Lula. Que tipo de conselhos o senhor ofereceu ao Lula?". Na tréplica, França citou um suposto empréstimo que o tucano recebeu do petista, o que foi negado pelo ex-prefeito.

França reafirmou que Doria quer se encostar em Bolsonaro. "Coitado. Tem que arrastar você. Bolsonaro é uma pessoa sincera, autêntica. Você não. Parece todo montado, quadradinho. Repete, repete. Bandido na cadeia, sei o que lá. Tem que ter sensibilidade social. E isso não tem a ver com você. É uma característica", afirmou o governador.

"Assuma o seu lado esquerdista. Sou PSDB. A executiva municipal apoia o voto em Bolsonaro, eu também. Diferentemente de você, que recebeu apoio de Luiz Marinho, Jaques Wagner, MST, PDT, dos partidos de esquerda, PSTU, PSOL, chega de Lula, de PT. Sou brasileiro", retrucou o tucano, antes de nova interrupção do mediador, enquanto a plateia aplaudia ou vaiava o seu candidato predileto.

No segundo bloco, o debate continuou ríspido, mas os candidatos conseguiram falar sem ser interrompidos assim como ocorreu no primeiro bloco. Pannunzio chegou a ameaçar tirar integrantes das equipes dos candidatos que se manifestavam na plateia, caso continuassem intervindo com palavras, aplausos e assobios.

Doria criticou o que França diz na campanha ter entregue em seus seis meses como governador do estado, afirmando que as obras e ofertas de equipamentos, como fuzis a policiais, foram entregues por Alckmin. França rebateu afirmando que, diferentemente do tucano, sabe trabalhar em conjunto.

Doria tentou colar, novamente, o MST ao candidato do PSB. "MST que apoia a sua campanha invade terras de produtores rurais. Eles não estão ao lado do agricultor", disse. França afirmou que tem recebi apoios como o do Major Olimpio (PSL) e do MST, porque Doria tem alta rejeição.

Doria tem 53%, e França, 47%, diz Datafolha

Pesquisa Datafolha, divulgada na noite desta quinta-feira (18), mostra que João Doria tem 53% das intenções de votos válidos válidos, que desconsidera os nulos, brancos e indecisos. O governador Márcio França tem 47% das intenções.

A margem percentual é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidas 2.356 pessoas em 73 municípios entre ontem e hoje pelo instituto de pesquisa. Se considerados os votos totais, Doria tem 44%, e França, 40%. Em branco ou nulo são 9%. Outros 7% estão indecisos.

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