"Frouxo" e "Nervosinho": agressividade marca debate de Paes e Witzel no Rio

Gabriel Sabóia e Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

Candidatos ao governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) voltaram a trocar ataques agressivos e críticas durante debate realizado pela Band na noite desta quinta-feira (18). O primeiro confronto televisionado do segundo turno na disputa pelo Palácio Guanabara foi marcado por ironias e pelo tom elevado das acusações.

Witzel, que associou durante a campanha sua imagem à do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), surpreendeu ao ultrapassar Paes na corrida eleitoral às vésperas do 1º turno --o candidato do PSC teve 41,28% dos votos, enquanto o democrata registrou 19,56%. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite desta quinta, Witzel aparece com 61% dos votos válidos (que desconsidera nulos, brancos e indecisos) contra 39% do ex-prefeito Paes. Na quarta-feira (17), o Ibope divulgou cenário semelhante, com Witzel com 60% e Paes com 40% dos votos válidos.

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Apoios de citados na Lava Jato

Logo na primeira pergunta do debate, Paes questionou Witzel quanto à maneira com que o adversário pretendia combater a criminalidade no estado, caso fosse eleito. O democrata citou o fato de Witzel ter pedido transferência do Espírito Santo para o Rio de Janeiro, quando era juiz federal depois de ter recebido ameaças de morte, em 2011.

Nas palavras de Paes, Witzel saiu "fugido" do estado vizinho. Foi a senha para que Witzel citasse, na sua resposta, alguns dos principais apoiadores de Paes nos últimos anos que se encontram presos pela Operação Lava Jato.

Vamos limpar o estado do Rio de Janeiro de corruptos, de gente que responde a inquérito (...) Não toleramos mais corruptos de novo. É a turma do Pezão e do Cabral que você representa e que nós vamos tirar do poder.

Wilson Witzel, candidato do PSC

Podia começar tirando o presidente do seu partido, o [Pastor] Everaldo, que aliás é o teu patrão. É quem paga o teu salário desde que saiu da função de juiz.

Eduardo Paes, candidato do DEM

Marcello Dias/Folhapress
19.out.2018 - Paes e Witzel se cumprimentam no debate da Band

Combate à corrupção

Os apoios e antigas alianças dos candidatos continuaram dando o tom do debate no segundo bloco, quando Witzel perguntou a Paes de que forma ele pretendia combater a corrupção, se era o candidato do governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e se o seu partido, o DEM, financiou as candidaturas dos filhos de alguns dos presos pela Lava Jato, como Marco Antônio Cabral (MDB), filho do ex-governador Sérgio Cabral, e Danielle Cunha (MDB), filha do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Em sua resposta, Paes negou ter estreitamento nas relações com os citados e disse que Witzel não teria condições de combater crimes, em seu governo. Witzel, por sua vez, voltou a mencionar as alianças de Paes.

Não me misturo com essas pessoas, não. Eles cometeram os crimes deles, estão pagando (...) Você não tem nada a ver com [os juízes] Sergio Moro ou com o Marcelo Bretas. Eles enfrentaram o crime, você saiu correndo do Espírito Santo por causa da criminalidade.

Eduardo Paes, candidato do DEM

Você está ao lado, de braços dados, você come na mesa do Cabral. Você divide o guardanapo com Cabral. Quantas vezes nós vamos ter que dizer para a sociedade que você representa o atraso da política brasileira?

Wilson Witzel, candidato do PSC

Marielle Franco

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março, também foi tema do debate quando Paes questionou Witzel quanto às cenas em que o candidato aparece em um ato de campanha do primeiro turno, ao lado dos deputados eleitos Rodrigo Amorim e Daniel Silveira (ambos do PSL), que destruíram uma placa com o nome da parlamentar.

O democrata perguntou se o comportamento dele, na ocasião, era digno dos valores cristãos que o candidato do PSC afirma ter. Witzel afirmou ter respeito por Marielle e prometeu trabalhar pela elucidação do caso.

Vamos investigar o caso a fundo, eu não tolero qualquer tipo de violência e também intolerância na política. A facada em Jair Bolsonaro foi um duro golpe na nossa democracia, e a morte de Marielle também não é diferente. Nós vamos investigar com rigor.

Wilson Witzel, candidato do PSC

É muito chocante que qualquer cristão, qualquer pessoa que preze a vida, que tenha o mínimo de valores familiares, independente das questões políticas, enalteça o assassinato de um ser humano.

Eduardo Paes, candidato do DEM

"O Nervosinho"

Witzel lembrou que Paes era chamado pelo apelido de "Nervosinho" nas planilhas pela Odebrecht, em meio a nomes de outros políticos citados em documentos da empreiteira, e lembrou dois episódios negativos da história do ex-prefeito.

Em um deles, Paes foi acusado em 2016 de desrespeitar uma médica que atendeu seu filho de 11 anos no hospital Lourenço Jorge, na zona oeste do Rio. Em outro caso, em 2013, o candidato teria dado um soco em um músico que discutiu com ele em um restaurante. Em resposta, Paes voltou a citar a transferência do ex-juiz.

Não sou frouxo de fugir do crime, muito menos quando alguém ofende minha senhora, quando estou sentado no restaurante. É dessa maneira que eu acho. Na hora, se precisar, não sou frouxo como o senhor foi lá no Espírito Santo.

Eduardo Paes, candidato do DEM

Só faltou explicar aquela médica que você destratou, que você ameaçou de demissão, e explicar o soco que você andou dando na rua. Teu apelido é Nervosinho.

Wilson Witzel, candidato do PSC

Agentes penitenciários

Paes e Witzel também trocaram acusações enquanto tentavam ganhar a simpatia dos agentes penitenciários do estado. Enquanto Witzel prometeu armas novas aos profissionais, Paes lembrou de uma promessa de campanha atribuída ao concorrente que desagradou a categoria.

Eu quero dizer para vocês que são da Seap [Secretaria de Administração Penitenciária] que a proposta feita pelo Witzel de dizer que vai transferir vocês todos para a Polícia Civil, além de ilegal, é um absurdo (...) Não é fake news, ele disse e está dito.

Eduardo Paes, candidato do DEM

Nós vamos dar apoio aos agentes da Seap, com treinamento, vamos dar a eles o armamento necessário para que eles possam ir pra sua casa armado e não sofrer nenhum tipo de problema no deslocamento.

Wilson Witzel, candidato do PSC

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