Doria e França têm debate com mais propostas, mas mantêm ataques

Guilherme Mazieiro e Janaina Garcia

do UOL, em São Paulo

  • Adriana Spaca/Framephoto/Estadão Conteúdo

Os candidatos ao governo do Estado de São Paulo João Doria (PSDB)  e Márcio França (PSB) protagonizaram um debate mais propositivo sobre seus planos de governo, mas não evitaram as críticas e ataques pessoais. O segundo debate entre os concorrentes aconteceu na tarde desta sexta-feira (19), na Record, cerca de 12 horas depois do debate agressivo na Band, marcado com constantes ataques pessoais e dedos apontados.

Entre as acusações, o pessebista tentou colar a imagem de elitista, arrogante e prepotente no tucano, que por sua vez acusou o atual governador de não ter capacidade de trabalhar no setor privado, ser comunista e petista enrustido. As duas estratégias já haviam sido mostradas no encontro dessa quinta-feira na Band e também são exibidas no horário eleitoral gratuito.

Um dos assuntos desta manhã de sexta (19), a busca e apreensão feita pela Polícia Federal no comitê de João Doria foi pouco explorado por França, que tocou no tema duas vezes sem fazer questionamentos diretos ao tucano. Segundo informação divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, havia suspeita de produção de material de campanha irregular pregando o voto "Bolsodoria", dobradinha de Jair Bolsonaro para a Presidência e João Doria para o governo de São Paulo.

O debate em três blocos, nesta sexta-feira, teve a apresentação de mais propostas para as áreas da saúde, de educação, de segurança e de alimentação. O evento foi realizado no início da tarde, horário em que a programação das TVs é mais voltada ao público feminino e adolescente. Os candidatos, inclusive, adequaram suas falas a este eleitorado, usando termos como "família", "proteger a mulher" e "pedir orações", este em alusão ao fato de a emissora ser de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.

Na sua primeira fala, Doria começou o debate se apresentando alinhado aos costumes conservadores. Defendeu pautas nacionais como a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos e se declarou contra o aborto. França destacou seu histórico como prefeito de São Vicente e trajetória política.

Leia também:

Durante a apresentação de melhorias aos projetos que já existem no estado, como a Rede Lucy Montoro, as delegacias para mulher, o programa Bom Prato e a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), Doria destacou em todas as suas falas que são projetos criados na gestão do PSDB. O tucano destacava que são iniciativas planejadas pelos ex-governadores José Serra e Geraldo Alckmin.

Os dois candidatos apresentaram projetos para ampliar a segurança para combater a violência contra mulher e melhorar o atendimento aos idosos e crianças. Com o desenrolar das respostas, porém, a apresentação de propostas passou a dar lugar a ataques pontuais ao longo do primeiro bloco, que provocou manifestações constantes da plateia, compostas por correligionários dos candidatos.

As trocas de acusações passaram a ser uma constante durante o programa. Em diversos momentos, ambos desrespeitaram as regras e continuaram falando com o microfone desligado na vez do concorrente. A mesma situação já havia ocorrido na quinta-feira, no debate da Band, como mostra o vídeo abaixo.

DORIA E FRANÇA BATEM BOCA COM MICROFONE DESLIGADO

Ataques pessoais

O candidato a reeleição reforçou que Doria tem um "jeito arrogante de falar", "elitista" e que mistura o "público e o privado". O ex-prefeito de São Paulo rebateu afirmando que trabalhou desde os 13 anos de idade e construiu o patrimônio de R$ 180 milhões com trabalho pessoal na iniciativa privada, enquanto o adversário optou "pelo carreirismo político". O tucano ainda disse que quer "nivelar a sociedade por cima", para que todos tenham as mesmas oportunidades e criticou a qualidade das creches feita pelo adversário em São Vicente, onde foi prefeito na década de 1990.

Na tentativa de responder aos ataques do ex-prefeito, que colava França ao petismo, o governador investiu no passado de empresário. Ele disse que o tucano se aproveitou dos governos Lula para pegar empréstimos milionários em bancos públicos como a Caixa Federal e o BNDES para alavancar suas empresas pessoais.

"O Doria diz que pensa no Brasil, só queria que você devolvesse os R$ 44 milhões que você comprou esse avião. Esse dinheiro é do fundo de garantia. Eu soube que na sua empresa você não paga fundo de garantia e 13º salário", disparou França. O tucano negou.

Doria também acusou França buscar benefícios próprios na política e que como governador usou helicópteros do Estado para "ir ao cinema" com a esposa, e negou acesso a dados públicos solicitados por deputados estaduais. França negou e chamou o adversário de mentiroso.

"Você faz mimimi e sua plateia corresponde no mimimi. Eu não faço mimimi, faço boa gestão. Se você viesse para o setor privado eu acho que você seria um fracasso", ironizou o tucano.

Bolsonaro

Nas primeiras falas do programa, Doria repetiu a exaltação a Jair Bolsonaro (PSL) e a Paulo Guedes, guru econômico do presidenciável e que já foi anunciado pelo candidato como futuro ministro da Economia, caso seja eleito. A nacionalização das pautas é uma estratégia que o tucano tem explorado no segundo turno.

França utilizou o apoio declarado que tem do braço de Bolsonaro no Estado, Major Olimpio (PSL), senador mais votado do país. "Agradeço a minha vice tenente-coronel Nikoluk, ao apoio do [Paulo] Skaf, do Major Costa e Silva", declarou.

Ainda no tema de segurança, ambos apresentaram propostas focadas no interior e no litoral. Doria quer ampliar os 5 Baeps (Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar) para 25 unidades. Outra promessa é criar 40 delegacias da mulher com funcionamento 24 horas e um botão de pânico, aplicativo de celular que estabelece contato direto com a polícia.

O atual governador Márcio França destacou que para combater o crime organizado é necessário criar oportunidades de trabalho para os jovens e evitar que sejam cooptados pelos criminosos. Ele disse que escolheu uma coronel da PM que reforça seu diálogo com as instituições policiais.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (18), Doria tem 53% e França 47% dos votos válidos (que desconsidera os brancos e nulos).

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos