Na TV, programa de Haddad diz que "dinheiro sujo" banca Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

A campanha de Fernando Haddad (PT) explorou no horário eleitoral gratuito na televisão desta sexta-feira (19) o esquema de propaganda ilegal pelo WhatsApp contra o PT revelado na véspera pela "Folha de S. Paulo", e associou a denúncia a Jair Bolsonaro (PSL). O programa petista acusa a candidatura rival de ser bancada com "dinheiro sujo" de uma "organização criminosa".

Segundo a Folha, empresários simpáticos a Bolsonaro compraram pacotes de disparos de mensagens contra o PT por WhatsApp. A candidatura de Bolsonaro afirma desconhecer a operação, cobra a apresentação de provas de que o candidato pediu apoio a empresários e diz que vai processar Haddad. Ontem, Bolsonaro xingou Haddad de "canalha" e "vagabundo".

Como vem acontecendo nos programas eleitorais de Haddad e Bolsonaro, os ataques aos adversários não são feitos pela voz dos candidatos. No caso do programa do PT, uma apresentadora diz que um "escândalo" foi revelado.

"Uma organização criminosa que se utiliza de dinheiro sujo foi criada para espalhar notícias falsas pelo WhatsApp contra o PT e Fernando Haddad. O objetivo é claro: enganar o eleitor e fraudar as eleições", diz a apresentadora.

O programa petista cita o suposto apoio de Luciano Hang, dono das lojas Havan, à operação. O empresário negou as acusações e disse estar sendo usado como "bode expiatório" contra Bolsonaro. 

Como em 2014, comida "some" de prato

Ao fim do relato da denúncia, a apresentadora diz que "Bolsonaro é a cara da velha política", em texto que associa o candidato do PSL a reformas aprovadas pelo governo de Michel Temer (MDB) e o critica pela proposta de ensino à distância para crianças.

Neste ponto, o programa de Haddad resgatou um expediente usado na campanha de 2014, mas em outro contexto: uma imagem que mostra comida "sumindo" de um prato. 

Na campanha deste ano, a comida desaparecendo seria a merenda de crianças que ficariam sem comer por terem ensino à distância e, logo, não irem à escola. 

Quatro anos atrás, na campanha de Dilma Rousseff (PT), a comida sumia dos pratos de uma família à mesa para ilustrar os supostos efeitos da independência do Banco Central, política defendida pela candidata Marina Silva, então no PSB. O PT defendia que a independência do Banco Central daria mais "poder aos banqueiros".

Bolsonaro dedica programa ao Nordeste

O programa de Bolsonaro não citou a denúncia feita pela Folha nem as acusações da candidatura petista. A campanha do PSL dedicou seu tempo ao Nordeste, única região do país em que Haddad foi melhor no primeiro turno.

Bolsonaro levou ao ar uma narração, feita por um locutor com sotaque nordestino, com um texto rimado, inspirado na literatura de cordel. Os moradores da região foram chamados de "irmãos do sertão", e o narrador diz que "está na hora do Nordeste escrever uma nova história".

O mesmo texto cita a promessa de Bolsonaro de aumentar o valor do Bolsa Família e dar uma 13ª parcela do benefício. Também fala contra a distribuição de "livro de besteira" nas escolas, em uma referência velada à suposta distribuição, em escolas, de material com conteúdo impróprio para crianças durante os governos petistas. 

Ainda há espaço para um ataque a Haddad, em que o locutor com sotaque do Nordeste diz que seu voto "não vai para pau mandado", com alusões à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Depois, foram exibidos depoimentos de eleitores nordestinos declarando voto em Bolsonaro, seguidos da primeira aparição do candidato no programa. Bolsonaro diz que quer trazer para as regiões do semiárido do Nordeste a mesma tecnologia que permite a agricultura em Israel. O postulante do PSL reforça as promessas sobre o Bolsa Família e afirma que os recursos para a ampliação do programa virão do combate a "fraude, roubo e corrupção".

No Datafolha desta quinta, feito a dez dias do segundo turno da eleição presidencial, Bolsonaro teve 59% dos votos válidos, contra 41% para Haddad.

A campanha de Haddad entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a investigação do financiamento da campanha de Bolsonaro. O WhatsApp também diz que investiga internamente o caso. 

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos