Doria critica dissidentes do partido e diz que vice não deve se candidatar
Guilherme Mazieiro*
Do UOL, em São Paulo
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Renato S. Cerqueira/Estadão Conteúdo
João Doria (PSDB) fala durante ato em apoio a Jair Bolsonaro (PSL), em São Paulo (SP)
O candidato a governador de São Paulo João Doria (PSDB) chamou de "covardes" os prefeitos do PSDB que declararam voto em seu adversário, Márcio França (PSB). Na última semana, prefeitos tucanos saíram do partido e declararam que, no segundo turno, apoiarão o atual governador. Doria também defendeu uma mudança na legislação para impedir que vice se candidate ao cargo majoritário, como é o caso de seu concorrente, que herdou o posto de Geraldo Alckmin (PSDB).
A resposta de Doria veio em declaração à imprensa, após ele pedir votos e participar de ato pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), neste domingo (21), em São Paulo.
Doria disse que não ficou surpreso com a decisão dos prefeitos. "Esses prefeitos já são de esquerda. Já estavam trabalhando com o Márcio França. São uns covardes. Agora, pelo menos, assumiram seu lado esquerdista. Eles serão julgados e avaliados pelo partido", disse, em referência ao diretório estadual da sigla, conduzido por Pedro Tobias, seu aliado.
Sobre a mudança na legislação, Doria disse que é uma maneira de impedir o uso da máquina pública durante a campanha. "É um absurdo que eu tenha que sair da Prefeitura de São Paulo para poder disputar a eleição e seguir as regras eleitorais. Temos que mudar a legislação para impedir que vices possam ser candidatos e usarem uma máquina desproporcional", afirmou.
O tucano discursou no ato em prol de Bolsonaro, na Avenida Paulista, junto de membros do MBL (Movimento Brasil Livre), que organizaram a ação. Doria usou os microfones no palanque para se aproximar de Bolsonaro, que apesar de não apoiar oficialmente Doria, agradece seu apoio. O ex-prefeito de São Paulo adotou essa estratégia desde o primeiro turno e, ao mesmo tempo, tenta colar a imagem de que França é ligado ao PT.
No ato, Doria exaltou Bolsonaro, criticou Fernando Haddad (PT) e pediu o voto "BolsoDoria", frase que estava estampada em sua camiseta amarela. "E, no próximo domingo, vamos, sim, votar Jair Bolsonaro, 17. Aqui é BolsoDoria, aqui é BolsoDoria", repetiu diversas vezes.
Em São Paulo, o PSL está neutro. O senador eleito Major Olímpio, braço direito de Bolsonaro no estado, já declarou apoio público a França e critica João Doria pelo uso da imagem do presidenciável. O major leva consigo outros deputados da sigla. Neste domingo, França publicou um vídeo em seu Twitter em que o deputado Coronel Paulo Nishikawa manifestou apoio ao candidato do PSB.
Dep Coronel Paulo Nishikawa PSL,do Bolsonaro, reuniu aproximadamente 20 Coronéis, e gravou um vídeo coletivo, , manifestando apoio irrestrito a Márcio França 40
Militar SÓ vota na Verdade ! pic.twitter.com/
— Márcio França (@marciofrancagov) October 21, 2018
Prefeitos tucanos apoiam França
O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), tomou a frente da debandada tucana, na semana passada, quando anunciou o apoio a França e fez críticas a Doria.
Segundo Tobias, Barbosa recebeu ofício cobrando explicações pelo que considerou traição ao partido, e, dependendo da justificativa, poderá ter o mesmo destino do prefeito de Pirassununga, Ademir Lindo, cujo registro foi cassado.
Na última quinta, a campanha de França veiculou texto em que afirma ter recebido apoio de outros prefeitos tucanos que estão "engrossando uma lista que não para de crescer". Além dos mandatários de Santos e Pirassununga, são citados os prefeitos de Lorena (Fábio Marcondes) e Queluz (Laurindo Garcez).
No caso do prefeito de Lorena, o apoio a França foi explicitado nas redes sociais do político junto com o anúncio de sua desfiliação do PSDB. Marcondes se refere indiretamente a Doria como alguém que "não representa os ideais do PSDB, e sim, um projeto pessoal com o qual não me identifico".
em
Agenda de França
O atual governador e candidato à reeleição, Márcio França, fez campanha na favela Heliópolis, no Ipiranga, ao lado do deputado Paulinho da Força (SD) e de outras lideranças. No palanque, o governador voltou a dizer que Doria mentiu para os paulistanos e cantou uma paródia da marchinha de carnaval Aurora que critica o adversário.
*Com Estadão Conteúdo
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