Bolsonaro pede que eleitores convençam outros no domingo; lei proíbe

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

Candidato do PSL ao Palácio do Planalto, o deputado federal Jair Bolsonaro pediu a apoiadores na noite desta quarta-feira (24) que convençam eleitores a votar nele "no deslocamento" para a votação do próximo domingo (28), dia do segundo turno. A orientação foi feita em uma transmissão ao vivo pelo Facebook.

A prática, no entanto, pode configurar crime previsto na Lei das Eleições, que proíbe arregimentar eleitores ou fazer propaganda de boca de urna no dia da votação. Também é vedada a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.

Os crimes são puníveis com detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de R$ 5 mil a R$ 15 mil.

A legislação permite que o eleitor manifeste no dia do pleito a sua preferência "individual e silenciosa" da preferência por partido, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos.

No início do pedido, realizado no fim da transmissão de quase 20 minutos, Bolsonaro diz à audiência que "a eleição não está decidida".

"Faltam três dias, esse é o sprint final. Eu peço a todos vocês raça, vontade. Vamos em frente, vamos lutar. Até no domingo, quando for para a votação, estiver no seu veículo, no veículo coletivo, vamos tentar convencer o colega do lado no deslocamento, para que nós realmente venhamos a garantir as eleições no próximo domingo e mudarmos realmente o Brasil", declarou.

Exibido a partir das 20h, o vídeo chegou a ser assistido por mais de 150 mil usuários simultaneamente. Às 21h45, a gravação já havia sido vista mais de 1,3 milhão de vezes e compartilhada por cerca de 140 mil.

Na transmissão, o presidenciável fez um apelo aos parlamentares aliados que foram eleitos esse ano para que entrem na "briga" da disputa pelo Palácio do Planalto.

"A eleição não acabou ainda", alertou Bolsonaro, depois de reclamar que tem achado "muito fraco" o engajamento daqueles que estão do seu lado, enquanto os opositores têm, segundo ele, difundido mentiras a seu respeito nas redes sociais.

Em nota enviada ao UOL, a coordenadora jurídica da campanha de Bolsonaro, Karina Kufa, afirmou que ele não orientou os eleitores a pedirem votos no domingo, mas sim a se mobilizarem para votar.

"Ao ouvir o pronunciamento do candidato Jair Bolsonaro, em todo o seu contexto, ficou claro que o objetivo foi pedir atenção a seus eleitores, militantes e equipes, pois eleição só se ganha nas urnas. Sendo assim, neste dia democrático, é importante que todos compareçam às urnas para votar, e assim, escolham o destino do país. Convencer o colega ao lado, no deslocamento, não foi orientação para pedido de voto, termo que ele não utilizou. Foi no intuito de mobilizar as pessoas a irem até as urnas e se manifestarem, seja qual for a sua vontade, num dia tão importante como o dia da eleição", diz o texto da advogada.

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