Bolsonaro já discute transição dois dias antes da votação do segundo turno

Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

  • Omar de Oliveira/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), anunciado ministro da Casa Civil em caso de vitória de Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que, a dois dias do segundo turno, ele e o presidenciável já discutem detalhes de um eventual processo de transição.

Segundo o parlamentar, o grupo que coordenará a transição será chefiado por ele e definido por Bolsonaro até a próxima quarta-feira (31). Onyx viajou ontem (25) a Brasília para um encontro com o ministro-chefe da Casa Civil de Michel Temer (MDB), Eliseu Padilha (MDB), a fim de alinhar os discursos. A reunião ocorreu na casa de Padilha e não constou na agenda oficial do ministro.

"Eu tive um primeiro contato com o ministro-chefe da Casa Civil. Trouxe as informações, fui a Brasília ontem e trouxe as informações para ele. De agora até quarta-feira, ele vai indicar as pessoas que vão fazer parte do primeiro grupo que fará a transição", disse ele, nesta sexta (26), após reunião com o candidato à Presidência na casa dele, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

O deputado, no entanto, não especificou detalhes e adotou cautela ao responder sobre quais seriam as propriedades de uma eventual transição. "A gente não dá um passo maior do que a perna. A equipe do Jair é igual a ele: nós temos uma eleição para ganhar domingo. É nisso que estamos focando todos os nossos esforços."

Apesar de considerar que a disputa entre Bolsonaro e o adversário, Fernando Haddad (PT), ainda não está decidida, Onyx declarou que tem mantido contato "permanente" com Padilha, que foi indicado por Temer para liderar transição.

"Estou em contato permanente com o ministro-chefe da Casa Civil, o centro de convenções lá do Banco do Brasil já está pronto e, se for da vontade de Deus e do povo brasileiro, a partir de segunda-feira a gente começa a trabalhar."

A reunião desta sexta entre Onyx e Bolsonaro também contou com a presença do presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, e do deputado federal eleito pela Paraíba e dirigente do partido Julian Lemos. Pelo Twitter, após o encontro, o presidenciável afirmou que terá ao seu lado "uma equipe de qualidade comprometida com o Brasil". "Não governarei sozinho, como pensavam", escreveu.

Com um envelope nas mãos, Onyx informou ter recebido documentação com atual estrutura dos ministérios, "o que é hoje o governo", para que a campanha possa entender o que pode encontrar em caso de vitória nas urnas. "Como é que é, quantas secretarias têm, quem se reporta a que, quem faz o quê, porque cada governo tem uma mecânica", listou o deputado.

O parlamentar se negou, no entanto, a falar qual a primeira medida econômica que Bolsonaro pretende aplicar caso seja eleito. "A partir de segunda-feira (29) a gente fala. O governo do Jair começa no dia 1º de janeiro de 2019", disse. "Ele vai ter tempo de fazer isso depois da vitória eleitoral", complementou. Na reunião de hoje, segundo ele, só foram discutidos "conceitos, para onde ele [Bolsonaro] quer que o Brasil vá".

O parlamentar também comentou a abertura de uma investigação do MPF (Ministério Público Federal) contra Paulo Guedes por suspeita de fraude em fundos de pensão. Guedes é o guru econômico de Bolsonaro e, caso o pesselista ganhe a corrida presidencial, deve ser nomeado para o Ministério da Fazenda.

"Ele nos falou que nos fundos que ele recebeu, em alguns ele deu quatro vezes mais de volta o dinheiro. Ele recebeu uma homenagem dos auditores dos fundos por conta do resultado que ele deu para eles. É inédito o resultado que ele teve com os fundos. Então isso aí faz parte do show. Isso é show."

Comparação com Ronald Reagan

Questionado sobre o apoio declarado por Steve Bannon, estrategista da vitoriosa campanha de Donald Trump para presidente do Estados Unidos, Onyx respondeu que não valorizaria tal fato. Na visão dele, Bolsonaro não deseja ser comparado a Trump, e sim a Ronald Reagan, presidente americano entre 1981 e 1989.

"Reagan ao escolher Milton Friedman, assim como ele [Bolsonaro] escolheu Paulo Guedes, recuperaram o país. Recuperou o país dele lá, e nós vamos recuperar o nosso aqui. Esse é um grande país que precisa ser um dia uma grande nação."

"Só o fato hoje de o mundo todo estar olhando para a gente, é porque nós recuperamos protagonismo na América Latina. E esse é o destino do Brasil, ser o país protagonista desta parte do mundo. E para isso precisa de um presidente honesto, decente e que use a verdade, quando ela for dura e quando ela for boa."

Reunião e entrevistas

Bolsonaro está em "repouso absoluto" nesta sexta, segundo informações de um assessor da campanha. O candidato não tem agenda prevista para o dia. Participou apenas da reunião com articuladores e apoiadores de campanha e concedeu entrevistas, por telefone, a rádios pelo país, segundo informou Onyx. Também gravou vídeos que devem ser veiculados em suas redes sociais até o dia da votação.

Durante a manhã desta sexta, policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar fluminense estiveram na casa do pesselista. De acordo com a campanha, o objetivo da rápida passagem dos policiais era fazer um "reconhecimento de área" já para o planejamento de segurança do domingo (28), quando ele sairá de casa para votar.

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