Apoio de Joaquim Barbosa e redes sociais agitam último dia de campanha

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Reprodução

    Bolsonaro e Haddad apostaram em transmissões feitas em redes sociais

    Bolsonaro e Haddad apostaram em transmissões feitas em redes sociais

No último dia de campanha, neste sábado (27), os candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) apostaram em transmissões feitas em redes sociais para conversar com o eleitor. O pesselista permaneceu em casa e, em vídeo ao vivo, se disse um "escravo da Constituição". Já o petista, além da transmissão com celebridades, teve também uma agenda de rua: uma caminhada por Heliópolis, favela de São Paulo.

A votação do segundo turno eleitoral está marcada para este domingo (28). A apuração de votos para presidente começará às 19h e o resultado será divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no mesmo dia.

O sábado também reservou surpresas como a declaração de apoio a Haddad por parte do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-relator na Corte do caso de esquema de corrupção conhecido como "mensalão", Joaquim Barbosa, e a isenção do candidato derrotado pelo PDT, Ciro Gomes, que voltou da Europa nesta sexta (26).

O último dia de campanha também foi marcado pelas últimas pesquisas antes da votação. Os levantamentos do Datafolha e Ibope trazem Bolsonaro na liderança, mas os números indicam que diminuiu a diferença sobre Haddad na reta final da campanha.

Segundo o Datafolha, Bolsonaro tem 55% das intenções de votos válidos, contra 45% de Haddad. Segundo o instituto, a diferença entre os dois caiu de 18 para 10 pontos percentuais em nove dias.

Já o Ibope diz que Bolsonaro tem 54%, contra 46% de Haddad. O instituto aponta que a diferença caiu de 14 para 8 pontos percentuais em quatro dias.

Bolsonaro recebe Silas Malafaia e faz live

No Rio de Janeiro, apoiadores de Bolsonaro, curiosos e cabos eleitorais se aglomeraram em frente ao condomínio do pesselista na Barra da Tijuca, zona oeste carioca.

Um boneco em alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com roupa de presidiário (conhecido como "Pixuleco") foi instalado no canteiro central, e participantes do ato cantaram músicas de funk com o suporte de um carro de som.

Ao longo do dia, Bolsonaro tuitou mensagem de agradecimento pelo impulsionamento da hashtag "mudabrasil17", de apoios e de falas críticas ao PT.

"Emocionante sentir a esperança dos brasileiros! Lamento não estar mais perto por conta das limitações médicas após sofrer tentativa de assassinato por um antigo militante do PSOL, braço do PT, mas confiamos e escutamos o Brasil! Lembrem-se nada está ganho Força até o fim!", escreveu.

Pela manhã, ele ainda recebeu em casa o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que celebrou seu casamento com a atual mulher, Michelle de Paula.

Às 18h30, ao lado do deputado federal eleito Hélio Negão (também conhecido como Hélio Bolsonaro), o presidenciável iniciou a transmissão ao vivo no Facebook.

Na fala, se declarou um "escravo da Constituição" e afirmou o desejo de acabar "com essa história entre brancos e negros", de buscar a "evolução". Ele também reforçou ataques ao PT e se apresentou como candidato democrata.

"O que está em jogo não é a democracia não, o que está em jogo é a perpetuação dessa máquina podre que nós temos aí que vive de corrupção, para tirar de vocês o atendimento médico, a educação, a segurança", declarou.

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Haddad faz caminhada e também investe em rede social

No último evento de campanha, Haddad fez uma "caminhada pela paz" pela favela Heliópolis, na zona sul da capital paulista. As ruas ficaram tomadas por apoiadores em um clima festivo e acreditando em uma virada.

"Armar a população só aumentará a violência. A população está tomando consciência do salto para o desconhecido que a candidatura de Bolsonaro significa. Estão querendo vender gato por lebre, uma pessoa truculenta por uma pessoa pacífica ", disse Haddad. "A virada virá."

Nelson Antoine/Folhapress,
Além de live, Haddad fez caminhada pela favela de Heliópolis, em São Paulo

À tarde, fez uma transmissão nas redes sociais que contou com a participação de celebridades como Daniela Mercury, Wagner Moura, Margareth Menezes e Astrid  Fontenelle, além de ex-participantes do reality show "Big Brother Brasil", da TV Globo.

"Eu sou filha de programas sociais, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e o Fies. Eu precisei do Bolsa Família para pagar material escolar. Eu sou militante [do PT] desde os 16 anos", disse Gleici Damasceno, vencedora da última edição.

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Barbosa declara voto em Haddad; Ciro se isenta

Tanto Bolsonaro quanto Haddad, cada um à sua maneira, tiveram o que comemorar ao longo do dia. Após ser cortejado por diferentes partidos na disputa eleitoral e cogitado a ser candidato à Presidência pelo PSB, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa finalmente se pronunciou. Ele usou o Twitter na manhã deste sábado para anunciar que votará em Fernando Haddad.

"Votar é fazer uma escolha racional. Eu, por exemplo, sopesei os aspectos positivos e os negativos dos dois candidatos que restam na disputa. Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad", escreveu.

Na caminhada, o petista comemorou a declaração e disse tê-la recebido "com honra" e classificou o apoio como "muito significativo". "O que o Joaquim Barbosa falou é o que todo mundo sabe e alguns têm medo de dizer. Infelizmente nem todo mundo tem a coragem de admitir o risco que ele realmente representa para o país", falou Haddad.

Bolsonaro cutucou o apoio afirmando no Twitter que Barbosa já havia dito que só ele não tinha sido comprado pelo PT no esquema de corrupção conhecido como mensalão.

Logo depois, o ex-ministro retrucou dizendo que Bolsonaro estava sendo manipulador e, como este não era líder nem presidente de partido e não fazia parte do processo, jamais poderia tê-lo absolvido, exonerado ou até mesmo julgado.

No final do dia, foi a vez do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot declarar que vai votar "por exclusão" em Haddad. Janot comandou o Ministério Público Federal entre 2013 e 2017, durante a ascensão da Operação Lava Jato.

Ciro Gomes, por sua vez, não atendeu as expectativas do PT com um apoio contundente. Terceiro colocado no primeiro turno, ele gravou vídeo em que pediu apenas que os brasileiros votem "com a democracia, contra a intolerância e pelo pluralismo", sem citar nomes.

Jarbas Oliveira
Multidão cercou Ciro Gomes na chegada do pedetista ao aeroporto de Fortaleza (CE), nesta sexta (26)

Haddad e o PT esperavam um apoio oficial de Ciro, forte crítico de Bolsonaro durante todo o primeiro turno e com parte do eleitorado simpático à esquerda, mas o pedetista evitou se posicionar na votação final e indicou ter críticas a fazer aos petistas.

"Se não posso ajudar, atrapalhar é o que eu não quero. Que as pessoas possam votar amanhã compreendendo a necessidade de votar com a democracia, contra a intolerância, pelo pluralismo, mas ninguém está obrigado a votar contra convicções e ideologias. Claro que todo mundo preferia que eu, com meu estilo, tomasse um lado e participasse da campanha, mas não quero fazer isso por uma razão prática que eu não quero dizer agora, pois se não posso ajudar, atrapalhar é o que eu não quero", declarou o pedetista.

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Domingo dos presidenciáveis

Neste domingo, Bolsonaro e Haddad também adotarão estratégias diferentes para passar as horas anteriores ao resultado oficial da eleição presidencial.

Bolsonaro deverá permanecer em casa o dia todo. Uma saída para votar não está confirmada por questão de segurança. No primeiro turno, ele votou pouco antes das 9h em escola da Vila Militar no Rio de Janeiro.

À noite, após a confirmação do presidente eleito pelo TSE, Bolsonaro deverá fazer um pronunciamento a ser transmitido nas redes de televisão.

Já Haddad começará o domingo com um café da manhã em hotel em São Paulo que serve como escritório da campanha e, em seguida, votará e dará entrevista numa escola na zona sul. A partir das 17h, ele voltará ao hotel para acompanhar a apuração das urnas.

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