Após declarar apoio a Haddad, Barbosa rebate Bolsonaro sobre mensalão

Do UOL, em São Paulo

  • Bruno Santos/Folhapress

    'Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo', escreveu Barbosa

    'Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo', escreveu Barbosa

Após declarar voto em Fernando Haddad (PT) para a Presidência da República na manhã deste sábado (27), o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa rebateu o candidato Jair Bolsonaro (PSL), declarando que é "falso o que ele vem dizendo por aí". Isso porque Bolsonaro fez um post em que afirmou: "Ele mesmo [Barbosa] disse que só Bolsonaro não foi comprado pelo PT no esquema de corrupção conhecido como Mensalão".

Barbosa então escreveu no Twitter: "Faço um esclarecimento público para desmentir uma manipulação que vem sendo feita ao longo desta triste campanha eleitoral. Até a data de hoje eu ignorei completamente o uso do meu nome na campanha por um dos candidatos. Mudei de ideia porque hoje reiterou-se a manipulação".

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O ex-ministro continuou em uma sequência de tuítes: "A manipulação foi reiterada em resposta ao exercício, por mim, da liberdade de dizer em quem vou votar amanhã" e "desde 2014 jamais emiti opinião sobre a conhecida Ação Penal 470 [mensalão]. Mudei de atividade profissional. Virei a página. Mas vou esclarecer às pessoas sem conhecimento técnico o seguinte: 1) a AP 470 envolvia sobretudo líderes e presidentes de partidos".

Então, Barbosa concluiu: "Bolsonaro não era líder nem presidente de partido. Ele não fazia parte do processo do Mensalão. Só se julga quem é parte no processo. Portanto, eu jamais poderia tê-lo absolvido ou exonerado. Ou julgado. É falso, portanto, o que ele vem dizendo por aí". O processo do mensalão investigou votações no período em que Bolsonaro era deputado federal filiado ao PTB (2003 a 2005) --partido de Roberto Jefferson, político que foi protagonista do escândalo

Barbosa, que ocupou uma cadeira no Supremo entre 2003 e 2014, foi o primeiro presidente negro da história da Corte. Em 2006, assumiu a relatoria da Ação Penal 470, o Mensalão, protagonizado por políticos do PT, PTB, MDB, PPS, entre outros. Barbosa votou pela aceitação da denúncia dos 38 réus no processo.

Apoio a Haddad 

Antes, também no Twitter, Barbosa afirmou que o voto em Fernando Haddad era uma escolha racional. O ex-ministro filiou-se ao PSB, quase se candidatou para o cargo, mas desistiu em maio deste ano.

"Votar é fazer uma escolha racional. Eu, por exemplo, sopesei os aspectos positivos e os negativos dos dois candidatos que restam na disputa. Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad.", escreveu Barbosa.

Até então, a última manifestação de Barbosa na rede social havia sido justamente negando sua participação no pleito presidencial deste ano. O partido do ex-ministro, PSB, já havia se posicionado em favor de Haddad no segundo turno dessas eleições.

Reação dos presidenciáveis

Jair Bolsonaro reagiu ao apoio com o post no Twitter fazendo referência ao mensalão. 

Já na favela de Heliópolis, durante o último dia de campanha, Haddad afirmou: "O que o Joaquim Barbosa falou é o que todo mundo sabe e alguns têm medo de dizer. Infelizmente nem todo mundo tem a coragem de admitir o risco que ele realmente representa para o país".

O candidato do PT continuou: "É um apoio muito significativo. Ele tem uma representação muito forte e representa valores dos quais eu compartilho. Aguardei esse momento e estou celebrando esse apoio, que é muito representativo do risco que o Brasil está vivendo". 

Em seu perfil no Twitter, o petista publicou um texto agradecendo o posicionamento de Barbosa e outros nomes importantes da política brasileira. "Agradeço Joaquim Barbosa, Jarbas, Goldman, Marina e sobretudo os milhões de brasileiros que tem lutado para defender nossa democracia.", disse o ex-prefeito de São Paulo.

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