Doria diz que pagará "melhores advogados" a PMs que matarem suspeitos

Guilherme Mazieiro e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

Eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB) afirmou, na noite deste domingo, que seu governo contratará os melhores advogados disponíveis para defender policiais que matarem suspeitos e forem denunciados. O ano passado fechou com o maior número de pessoas mortas por policiais desde 1996, quando os números passaram a ser contabilizados, e também foi o ano em que menos policiais, em serviço e folga, morreram no estado desde 2001.

A afirmação foi feita em um vídeo gravado pelo deputado estadual Coronel Telhada (PP), em que ele pede ao governador eleito uma "palavra" para os policiais militares de São Paulo. A gravação ocorreu por volta das 22h40, um pouco antes de o tucano deixar o Club  Homs, na avenida Paulista, onde comemorou a vitória junto a militantes.

"Vamos acrescentar assistência jurídica. Me constrange saber que um policial militar, independentemente da sua graduação, está defendendo a população na rua, mata um bandido, tem uma situação qualquer que ele se defendeu e defendeu a população, e ele, depois, num processo, ainda tem que pagar o advogado para lhe defender", iniciou o discurso o governador eleito.

"Não. Nós vamos colocar, e não é advogado de OAB de graça. Não tenho nada contra a OAB, nem advogado que advoga... estagiário, pós-estagiário. Será advogado pago pelo estado. Os melhores. Porque nós temos que defender o direito dos policiais que defendem as nossas vidas de terem assistência jurídica correta", complementou Doria.

"É dentro desse patamar que vamos fazer a nossa gestão para a Polícia Militar. Ao lado de vocês. (...) E este homem que está aqui [Telhada] vai nos ajudar", finalizou o governador eleito, que fez da segurança pública uma de suas bandeiras na eleição para o governo.

Telhada é integrante do grupo de trabalho que atuou com Doria nos últimos três meses para discutir propostas para a segurança do estado. Em coletiva de imprensa realizada neste domingo, o tucano afirmou que existe a possibilidade de os secretários de seu governo saírem desses grupos de trabalho.

Além de Telhada, dois nomes foram cogitados na reta final da campanha para assumir a secretaria da Segurança Pública a partir do ano que vem: o deputado estadual Coronel Camilo (PSD), que não foi reeleito, e o delegado estadual Delegado Olim (PP).

Com discurso "polícia na rua, e bandido na cadeia", a campanha de Doria se aproximou a do ex-prefeito da capital Paulo Maluf (PP), que costumava dizer: "Rota na rua". A proposta de governo de Doria para a segurança é de austeridade, assemelhando-se ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Entre as propostas do governador eleito, está a expansão de 17 BAEP's (Batalhões Especiais) e do Deic (Departamentk Estadual de Investigações Criminais) pelo interior. Não há proposta alguma que preveja a redução da letalidade policial.

Durante a campanha, Doria chegou a afirmar que, em seu governo, se um criminosos atirar contra um policial, o policial terá de "atirar para matar". A frase foi criticada pelo ouvidor das polícias, Benedito Mariano, e pelo comandante-geral da PM, que explicou ao UOL que essa não é a orientação da corporação.

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