Doria diz que vitória muda forças no PSDB e promete "fim do muro"

Guilherme Mazieiro e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo

Após se sagrar governador eleito por São Paulo, João Doria afirmou que o PSDB deve mudar e acredita que a relação de forças no partido será outra, após o triunfo na noite deste domingo (28). Ele derrotou Márcio França (PSB) com 51,75% dos votos válidos contra 48,25% do oponente.

"A correlação de forças [dentro do partido] muda. É da política. É o desejo da população. Naturalmente, haverá mudanças", disse o tucano, que referiu-se ao fim de um muro na sigla. "A partir de 1º de janeiro, no meu PSDB, acabou o muro. Não tem mais muro, tem lado", declarou, sendo aplaudido pelos correligionários.

Desde o fim do primeiro turno, ele defende um rejuvenescimento nos quadros do partido e não contou com as antigas lideranças da sigla (o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra e o senador Aloysio Nunes) em seu palanque no segundo turno.

No discurso, Doria elogiou as lideranças. "Respeito o PSDB, a história, os líderes, o que já se foram, Franco Montoro e Mario Covas, e os atuais", afirmou o ex-prefeito de São Paulo. Porém, ele destacou que não foi parabenizado por Alckmin e FHC. "Não recebi ligação nem de FHC nem de Geraldo Alckmin. Não vou disfarçar", disse. 

Ao mesmo tempo, os maiores agradecimentos no discurso ficaram para lideranças mais jovens da sigla como Bruno Covas (prefeito de São Paulo), Cauê Macris (deputado estadual reeleito por São Paulo) e Bruno Araújo (que perdeu a eleição para senador em Pernambuco). 

Doria deverá questionar presidência de Alckmin no PSDB

Doria quer mudar a cara do PSDB, muitas vezes tido como partido neutro e em cima do muro, e aumentar a relação com o governo Jair Bolsonaro (PSL). A frase foi reforçada em discurso aos correligionários no salão.

Com a derrota de Antonio Anastasia em Minas Gerais, Doria tem nas mãos a maior vitrine do PSDB. O tucano já tem influência dentro do diretório municipal, que recentemente expulsou da sigla dois quadros históricos, o ex-governador Alberto Goldman e o secretário Saulo de Castro. E deve aumentar sua atuação em nível estadual e federal. "Não precisamos renegar a nossa história, mas precisamos viver o presente e o futuro. E São Paulo vai liderar essa história", enfatizou.

Em nota oficial, divulgada neste domingo, o presidente nacional do partido, Geraldo Alckmin, parabenizou todos os candidatos tucanos que disputaram o segundo turno, independente da vitória. Doria, Reinaldo Azambuja (no Mato Grosso do Sul) e Eduardo Leite (no Rio Grande do Sul) foram vencedores.

"Quero cumprimentar, especialmente, os valorosos companheiros João Doria, Eduardo Leite, Reinaldo Azambuja, Antônio Anastasia, Expedito Júnior e José de Anchieta por terem-se empenhado nesta legítima luta em benefício de seus respectivos estados e pelo engrandecimento do PSDB e da democracia", disse o ex-governador.

Questionado se Alckmin poderia ter espaço em seu governo, Doria destacou a importância do ex-governador. "Não avaliamos (a presença de Alckmin no governo). Mas o homem que tem 42 anos de vida pública, é um homem para ser lembrado sempre", disse.

A relação entre os dois tucanos ficou distante nesta eleição. Dois dias após o segundo turno, Alckmin insinuou que Doria seria "um traidor" durante reunião da Executiva Nacional do PSDB. Doria havia declarado apoio a Jair Bolsonaro, momentos após ser confirmado o segundo turno presidencial, enquanto o partido, presidido por Alckmin, optou pela neutralidade. O ex-prefeito também disse no dia 7 que votou em Alckmin por "solidariedade". Depois disso, o ex-governador não foi a atos de campanha com Doria, que, em contrapartida, não acompanhou o voto de Alckmin neste domingo.

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