Temer fala com Bolsonaro e diz que presidente eleito fará governo de paz

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

Após conversar com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) por telefone, o presidente Michel Temer (MDB) afirmou ter certeza de que o capitão reformado do Exército fará um governo "de muita paz e harmonia".

Bolsonaro foi eleito neste domingo (28) ao derrotar o petista Fernando Haddad.

Leia também:

"Acabei de cumprimentar o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e pude perceber seu entusiasmo não só quando conversou comigo, como agora, quando fez declarações que buscam exatamente a unidade do país, buscam a pacificação país, buscam a harmonia do país. É algo que todos desejam e, seguramente, eu posso dizer, mais uma vez, testemunhado as palavras do presidente eleito, que ele buscará precisamente isto", declarou.

Michel Temer disse que dará início ao governo de transição já nesta segunda-feira (29), mas ainda não há previsão de quando se encontrarão em Brasília. Na verdade, a legislação só permite o início formal do trabalho dois úteis após o resultado das urnas. Ou seja, na terça (30). O que seria possível é um trabalho informal de diálogos e reuniões.

O atual presidente afirmou que ainda não tratou da reforma da Previdência, cuja tramitação está parada no Congresso Nacional, com Bolsonaro. Porém, disse que, "evidentemente, no instante em que começarmos a conversar, eu oferecerei a ideia de eventualmente podermos ainda fazer tramitar" por estar pronta para votação. Ele prometeu que a matéria só irá adiante se tiver o apoio do presidente eleito.

"Se isto ocorrer, acho que ainda é possível realizá-la neste ano. A estrada estará inteiramente asfaltada para o próximo governo", disse. Ao longo de seu mandato, Temer buscou imprimir uma marca reformista. Ele conseguiu aprovar as reformas do ensino médio e trabalhista, além do teto de gastos públicos.

Questionado se há tempo para eventuais mudanças, Temer opinou que não é possível realizar modificações mais extensas. Porém, avaliou ser cabível "avançar" na proposta já pronta por haver dois meses até a passagem da faixa presidencial, em 1º de janeiro.

O CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de Brasília servirá de base para o governo de transição. Até a passagem da faixa presidencial, Michel Temer continuará a despachar do Palácio do Planalto normalmente.

A preparação para a transição começou em setembro e ficou sob responsabilidade da Casa Civil. Cada ministério montou um relatório com todas as informações pertinentes à pasta, como orçamento, número de funcionários, quantidade e valores de cargos comissionados ou de confiança, resultados de programas, normativos, andamento de obras e recomendações para os futuros gestores. Bolsonaro tem direito a escolher 50 pessoas que ficarão responsáveis por receber e analisar os dados fornecidos.

Segundo Temer, ele próprio ligou para Bolsonaro "tão logo soube o resultado". O capitão estava comemorando o resultado em casa, no Rio de Janeiro. O presidente disse que não foi possível alongar a conversa, pois havia muito barulho de pessoas ao redor de Bolsonaro e também não queria atrapalhar os festejos. Temer informou que seu sucessor estava "muito feliz" e agradeceu o telefonema.

Temer se disse à completa disposição de Bolsonaro e afirmou que oferecerá a Granja do Torto, uma das residências oficiais no Distrito Federal, para o uso do presidente eleito e equipe. Bolsonaro também deverá poder usar aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para deslocamentos e ter a segurança reforçada.

Temer fez o discurso no Palácio da Alvorada por volta das 20h. Ele chegou acompanhado de assessores e fez o pronunciamento no salão de entrada da residência oficial da Presidência.

Indagado se "gostou" do resultado do pleito, Temer disse que sim, "porque foi a manifestação da soberania popular". Ele ressaltou às vezes ser preciso "dizer obviedades" no Brasil ao abordar a questão.

Temer foi ainda questionado sobre como enxergou o movimento "Fica, Temer" surgido nas redes sociais após a polarização da disputa pelo Planalto. Em resposta, riu e o classificou como "simpático".

PT é o câncer do Brasil, e Bolsonaro, a quimioterapia, diz eleitor

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos