Alunos da USP reagem com protesto "contra o fascismo" a ato pró-Bolsonaro

Luiz Alberto Gomes

Do UOL, em São Paulo

  • Luiz Alberto Gomes/UOL

    Alunos da USP se mobilizam em manifestação de repúdio ao fascismo

    Alunos da USP se mobilizam em manifestação de repúdio ao fascismo

Estudantes da USP (Universidade de São Paulo) realizaram um ato "contra o fascismo" na tarde desta segunda-feira (29), ao mesmo tempo em que um grupo que apoia o presidente eleito Jair Bolsonaro também organizava uma manifestação na universidade. O evento dos alunos contou com cerca de 1.000 pessoas e não registrou casos de violência.

O ato, segundo membros do DCE (Diretório Central dos Estudantes), foi organizado porque alguns estudantes relataram medo por conta da manifestação dos apoiadores do presidente eleito. Com isso, alunos se organizaram pelo ato em "defesa a democracia e contra o fascismo".

A manifestação, que durou cerca de duas horas, começou na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), andou por algumas ruas da universidade e foi finalizada na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) após um breve discurso. Os alunos terminaram entoando o slogan "até o fim contra o Bolsonaro" e cantaram alguns gritos antifascistas.

O grupo pró-Bolsonaro se manifestou ao mesmo tempo, em frente a Politécnica, faculdade de engenharia da USP, e reuniu cerca de 20 pessoas -- a maioria não era de estudantes da faculdade. Eles reclamavam que a universidade é dominada por grupos de esquerda e que estudantes que pensam diferente sofrem represálias.

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Luiz Alberto Gomes/UOL
Apoiadores de Bolsonaro mudaram os planos para o ato após acordo

O ato de apoiadores de Bolsonaro, chamado de "Marcha do Chola Mais", também andou por ruas da universidade, mas não passou em frente a FFLCH, como era a ideia do grupo, após um acordo com a segurança da universidade. Carros da Polícia Militar seguiram a manifestação o tempo todo.

Deputado estadual eleito pelo PSL, Douglas Garcia foi um dos que falaram. Ele reclamou que universitários de direita são intimidados e disse que apoiará o projeto Escola sem Partido na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). Outros manifestantes chegaram a pedir a privatização da USP ou que mensalidades fossem cobradas.

"A gente tem, hoje, dentro das universidades, infelizmente, um ambiente ditatorial e hostil, onde só a esquerda pode falar, onde só os estudantes podem se manifestar. Os de direita não têm essa autonomia e independência", disse o deputado eleito. Garcia afirmou que as integridades física e moral dos apoiadores de Bolsonaro são ameaçadas nas universidades.

Alunos da Poli, que estavam no entorno, observaram a manifestação de longe e fizeram alguns comentários provocativos, principalmente sobre Bolsonaro. Apesar disso, nenhum dos dois grupos se ofendeu ou chegou a praticar algum ato de violência.

Uma das diretoras do DCE, Juliana Godoy, aluna de ciências sociais, rebateu os argumentos apresentados no ato pró-Bolsonaro.

"A USP tem 95 mil estudantes, e o DCE da USP representa todos esses estudantes", disse a diretora do DCE. "Com certeza, existem todos os tipos de posicionamento no espectro político. Agora, dizer que a direita é perseguida dentro da universidade é de uma desonestidade sem tamanho."

Membros do DCE convocaram os alunos da universidade para uma assembleia-geral na quinta-feira (1°) e prometeram engrossar atos nas ruas de São Paulo contra o presidente eleito.

Em nota, a diretoria da Escola Politécnica disse que "defende a liberdade de expressão desde que não haja incitação à violência ou qualquer outra forma de agressão moral ou física".

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