Freixo: "Esquerda abriu mão de debater segurança porque achou reacionário"

Do UOL, em São Paulo

O deputado federal eleito pelo PSOL Marcelo Freixo fez críticas à forma como as lideranças ideológicas da esquerda no país trataram temas importantes para a população como a corrupção e a segurança pública nas eleições presidenciais. Ele acredita que a esquerda abriu mão de debater os temas por considerar uma agenda reacionária e acabou dando força a Jair Bolsonaro (PSL).

"Nós nos omitimos desse debate. A esquerda abriu mão do debate da segurança pública porque achou que essa era uma agenda conservadora, que era uma agenda reacionária. É melhor debater educação, saúde. Também acho mais agradável, mas o problema é que as pessoas estão morrendo", afirmou Freixo.

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"Quando ela abre mão de fazer um debate sobre a corrupção porque esse debate é um debate moralista, um debate conservador, quando abre mão de fazer um debate sobre segurança, ela abriu mão de debater com o conjunto da sociedade, de escutar o que o povo está dizendo e perde eleição".

Freixo citou como exemplo o ato de campanha do presidente eleito de visitar o Bope, dias antes da eleição, e anunciar que a polícia tem permissão para matar sem ser investigada. Para ele, era hora de os partidos de esquerda agirem e entrarem no debate sobre o assunto.

"O Bolsonaro, nas vésperas da eleição, ele visita o Bope e anuncia o 'excludente de ilicitude' que é um projeto de lei dele inclusive, antigo. O que é isso? Que a polícia pode matar que não será investigada. Que a polícia pode matar mais. Aí é hora de entrar de cabeça no debate para o conjunto da sociedade. Não é um debate fácil? Não é. Mas não pode se omitir como se o que ele estivesse falando fosse uma barbaridade e que ele perdesse para ele mesmo. Ele não perdeu para ele mesmo, ele ganhou".

Freixo ressaltou ainda o quanto o tema da segurança pública é prioridade para a população ao relembrar que ele foi decisivo não só na eleição de Bolsonaro, mas também na composição do Congresso. "Se você olhar o perfil das bancadas do PSL aqui no Rio de Janeiro ou até mesmo das bancadas federais nos Estados, ela é uma bancada muito vinculada ao tema da segurança pública, né? Há uma quantidade enorme de setores da polícia, do Exército, das Forças Armadas eleitas para o Congresso, para o Parlamento. Para os parlamentos, de maneira geral. Isto não é à toa. Quantas pessoas ligadas à segurança pública a esquerda conseguiu eleger? Você conta nos dedos. Se é que tem cinco, não sei. Então eles ganharam o protagonismo do debate da segurança".

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