Vai esfacelar o Mercosul, diz chanceler de Lula sobre proposta de Guedes

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Luís Adorno/UOL

    Celso Amorim no Sindicato dos Metalúrgicos antes da prisão de Lula

    Celso Amorim no Sindicato dos Metalúrgicos antes da prisão de Lula

Ministro das Relações Exteriores no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o chanceler Celso Amorim reagiu à declaração do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). "Vai esfacelar o Mercosul. Será um grande desserviço à paz na região", disse Amorim nesta terça (30) a jornalistas.

No domingo (28), após a confirmação da vitória de Bolsonaro, Guedes foi questionado por uma repórter do jornal "El Clarín" sobre a importância do Mercosul no novo governo. "O Mercosul não é prioridade. Não, não é prioridade. Tá certo? É isso que você quer ouvir? Queria ouvir isso? Você tá vendo que tem um estilo que combina com o do presidente, né? Porque a gente fala a verdade, a gente não tá preocupado em te agradar", afirmou Guedes.

Segundo Guedes, o Mercosul é "muito restritivo, que o Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas e isso é ruim para a economia".

Para Celso Amorim, não dar importância ao Mercosul pode afetar a paz na região. "À medida que você vai criando rivalidades, tirando os pontos comuns, você pode, sim [afetar a paz na região]", disse o ministro, que participa da reunião da Executiva Nacional do PT, no diretório do partido, no centro de São Paulo. "Tudo isso não pode ser separado da parte econômica, comercial. É o comércio que aproxima as pessoas. Acho que essa pessoa não tem sensibilidade para isso."

Fundado em 1991, o Mercosul é um bloco comercial entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Amorim diz que o Mercosul é uma tentativa de fortalecer a importância do Brasil no mundo. "

Ele avalia que deixar o Mercosul de lado seria "fazer é um Brexit". Amorim ainda lembra que a União Europeia teve origem não pelo ganho econômico, mas para garantir a paz na região.

O ex-ministro disse que, em sua gestão, houve empenho em fazer a paz entre Colômbia e Venezuela, entre Colômbia e Equador, e conflito interno na Bolívia. Ele também cita a influência do país em questões externas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "O Brasil é um país que tem influência no mundo. Porque, talvez seja, junto da Índia, a maior democracia no mundo em desenvolvimento. Era a maior democracia", comentou.

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