Bolsonaro diz que jovem brasileiro tem "tara" por formação superior

João Paulo Nucci

São Paulo, 28

  • Dario Oliveira/Estadão Conteúdo

O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) disse que os jovens brasileiros têm "tara" pelo diploma superior, e que seria melhor se muitos deles buscassem o ensino profissionalizante para atuar em funções como técnico em conserto de eletrodomésticos e mecânico de automóvel.

"Há uma certa tara por parte da garotada em ter um diploma. É importante? Sim. Eu fiz, como tenente do Exército, curso de máquina de lavar roupa e de geladeira, aqui em Madureira. Te garanto, Heraldo [Pereira, apresentador]: se hoje em dia quiser viver disso, eu vou ganhar no mínimo uns 12 mil por mês", disse o candidato durante entrevista ao Jornal das Dez, da GloboNews, na noite desta terça-feira (28). "Então essa tara por diploma superior não pode existir. É bom? Sim, vamos ter nossos mestres, nossos doutores, sim. Mas se você no Ensino Médio colocar algo técnico, você melhora nossa economia."

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Bolsonaro fez a defesa do ensino técnico ao dizer que pretende inverter a pirâmide do investimento em educação. "Vamos tirar mais recursos de cima (do ensino superior) e jogar mais no ensino infantil, fundamental, melhorar nossa educação."

O candidato voltou a defender a militarização do ensino como forma de aprimorar a qualidade, que seria uma consequência da disciplina e da hierarquia. "Hoje nas escolas não existe autoridade", disse. "Se nós conseguirmos restabelecer, fazer com o que professor possa exercer sua autoridade em sala de aula, com toda a certeza vai melhorar a qualidade de ensino no Brasil."

O presidenciável confirmou que pretende diminuir os investimentos no ensino superior por causa de uma suposta preponderância da esquerda nos meios universitários. "Mas esse não é o nosso objetivo principal isso daí", afirmou Bolsonaro, que disse ter sido hostilizado por estudantes do Mackenzie, durante uma visita à instituição privada na capital paulista. "O que essa molecada tem na cabeça?", questionou.

O candidato ainda disse que falta autoridade aos reitores das universidades federais. "Há pouco tempo, na UnB em Brasília, foi lá uma televisão e encontrou no Centro Acadêmico uma quantidade grande de maconha, cachaça na geladeira, camisinha jogada pelo chão. Isso não dá pra continuar acontecendo. Tem que ter alguém que bote moral lá dentro." Ao ser informado por um dos entrevistadores de que as federais têm autonomia, pediu "socorro para quem puder colaborar" na resolução da questão.

Ainda sobre o ensino técnico, o candidato propôs levar as aulas para dentro dos quartéis, mas não detalhou como faria isso.

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