Na terra de Ciro, só o PSL quebra hegemonia dos Ferreira Gomes

Renan Truffi, enviado especial

Sobral (CE)

Berço político do candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, a cidade de Sobral (CE), a 230 km da capital Fortaleza, é um dos principais redutos do pedetista no Nordeste. Embora o petista Fernando Haddad lidere as intenções de voto na região, são os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) que quebram a hegemonia da propaganda de Ciro nas ruas da cidade.

As referências da relação entre a cidade e a família de Ciro, os Ferreira Gomes, estão por todos os lados: nomes de ruas, nomes de empresas e também adesivos ou santinhos políticos. As exceções têm sido as bandeiras de Bolsonaro, que, com alguma frequência, surgem entre os adesivos do pedetista.

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Uma explicação para o fenômeno Bolsonaro se repetir também na cidade do sertão cearense, a exemplo de outros municípios brasileiros, é o longo tempo da família Ferreira Gomes na política local. É o que argumenta Taciano de Souza, de 25 anos, que nasceu na cidade.

Ele ostenta um adesivo verde de Bolsonaro no para-brisa de seu carro e diz que vai votar no "capitão" contra o "coronel", como chama Ciro Gomes.

"Graças a Deus nunca votei (nos Ferreira Gomes) pela história deles em Sobral. As pessoas falam que eles construíram hospital, mas o hospital regional está sempre com atendimento limitado. Os postos de saúde nunca têm médico", reclama o auxiliar de escritório.

Segundo o jovem, outro motivo de sua rejeição a Ciro é que a família do presidenciável "sempre" tenta colocar um representante de seu grupo no poder. "Agora é o capitão contra o coronel. Vou votar no Bolsonaro principalmente pela questão da corrupção. O que a gente menos precisa no Brasil é corrupção. De tanto apanhar (dos políticos), uma hora a gente começa a bater", diz Souza.

O pai de Ciro, José Euclides Ferreira Gomes Filho, e o irmão Cid Gomes, já foram prefeitos da cidade. Outro irmão, Ivo Gomes, é o atual mandatário.

Dúvida

A longevidade do clã no poder na cidade divide também eleitores antigos dos Ferreira Gomes. Edson Silva Neto, 40, se mudou para a cidade ainda na adolescência e está em dúvida se irá repetir o voto em Ciro ou se, desta vez, vai apostar em Bolsonaro.

Segurança de uma empresa na cidade, ele conta que viu a escalada da violência avançar muito nos últimos anos.

"Seria interessante o Ciro vencer porque ia ser bom para o Ceará, mas minha família toda tem origem militar e a questão da violência aumentou muito aqui em Sobral", diz Silva Neto.

Tanto a capital quanto o interior do Estado tem sofrido com episódios de violência envolvendo facções criminosas, que disputam espaço nas periferias e regiões mais pobres. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

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