ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

34.Senador Edson Lobão (PMDB-MA) tenta se apossar do ouro de Serra Pelada, diz Estadão

Data de Divulgação

25.jul.2010

O escândalo

O senador e ex-ministro de Minas e Energia Edson Lobão (PMDB-MA) teria montado suposto esquema para se apossar do ouro de Serra Pelada, em região mineradora situada no Pará, informou reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S.Paulo", em 25.jul.2010.

Lobão, segundo o jornal, articulou a transferência dos direitos de exploração do minério (que pertenciam à Vale) para a Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada).

Após a transferência, aliados de Lobão assumiram a direção da cooperativa e, para isso, foram assassinados antigos dirigentes, que faziam oposição ao grupo do senador, destacou o "Estado", em 26.ago.2010.

Toda essa armação, segundo o jornal, ocorreu em 2007, quando a cooperativa, comandada pelo grupo de Lobão, fechou contrato com a Colossus, empresa sediada no Canadá e administrada por gente também ligada a Lobão. Pelo contrato, a cooperativa abre mão dos direitos sobre a mina. A Colossus entra com capital e tecnologia para explorar o ouro.

"Este ano [2010], por duas vezes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a programar visita a Serra Pelada para anunciar a reabertura do garimpo. Mas as duas viagens foram canceladas de última hora. Nas palavras de um auxiliar do presidente, a desistência se deu porque o Planalto avaliou que o acordo com a Colossus é prejudicial aos garimpeiros", publicou o "Estado de S.Paulo".

Em Serra Pelada existem de 20 toneladas a mais de 50 toneladas de ouro, divulgou a reportagem. Para se apropriar desse ouro, a estratégia de Lobão e seus aliados inclui pagamento mensal de R$900 a 96 garimpeiros da cooperativa (que reúne, ao todo, 40 mil garimpeiros). O dinheiro sai da Colossus e vai para a Coomigasp, afirmou o "Estado", em 26.ago.2010.

Nenhum dos beneficiários da mesada, segundo o jornal, presta serviço à cooperativa. "Eles só comparecem na Coomigasp uma vez por mês para receber a mesada", diz a reportagem.

A Colossus
Aberta em 2006, para pôr em prática o esquema de extração de ouro em Serra Pelada (sul do Pará), é controlada por brasileiros com influência no Ministério das Minas e Energia e ligados a Edison Lobão (que foi o ministro de Minas e Energia de 2008 a 2010).

A sede da empresa fica em Toronto, no Canadá. Ali, no centro comercial da cidade, os repórteres do "Estado" encontraram apenas uma secretária, que ficou de agendar entrevista com diretores da Colossus, mas nunca o fez.

"No papel, o presidente da empresa é o geólogo Heleno Costa. Mas são tantas as pessoas jurídicas envolvidas no negócio que mesmo os diretores se confundem. O próprio Heleno diz não ter relação com a Colossus Brasil", publicou o "Estado", em 25.jul.2010.

"Sabe-se que, para arrecadar dinheiro a ser investido no projeto Serra Pelada, a Colossus canadense abriu seu capital na Bolsa de Toronto. Com a promessa de sucesso em suas operações em busca de ouro na Amazônia brasileira, a empresa passou a oferecer suas ações no mercado. O dinheiro arrecadado já começou a desembarcar por aqui, mas por enquanto seu destino principal têm sido as contas da cooperativa de garimpeiros controlada pelos aliados de Lobão", diz a reportagem.

Em 27.jul.2010, o "Estado" publicou que o atual ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmerman admitiu supostos "vícios" e "irregularidades" no processo de reabertura de Serra Pelada, mas mesmo assim deu aval ao projeto dos aliados de Edson Lobão.

O procurador da República em Marabá, André Raupp, analisa indícios de que a Colossus teve tratamento privilegiado para operar no garimpo de Serra Pelada, publicou o "Estado" em 28.jul.2010.

Outro lado
Lobão disse que nunca montou esquema para explorar Serra Pelada. A declaração foi publicada pelo "O Estado de S.Paulo", em 27.jul.2010.

Segundo o senador, o contrato entre a Cooperativa e a Colossus já existia antes de ele assulir o Ministério de Minas e Energia. Ele disse que os garimpeiros o chamam de "patrão" por esse ser um tratamento carinhoso e que não influiu no fechamento dos contratos.

Sobre o pagamento das mesadas, o diretor social da Coomigasp, Carlos Jovino, disse que "a empresa [Colossus] repassa o dinheiro como ajuda social". Além disso, um diretor da Colossus, Darci Lindenmayer, diz que a empresa já gastou R$ 800 mil em ações sociais no sul do Pará e já até reformou o hospital de Curionópolis, o posto de saúde e a Escola Maria Antônia Pimenta de Moura, em Serra Pelada. As declarações foram publicadas em 26.jul.2010.

O que aconteceu?

Nada.

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