"Achavam que eu era o diabo, o comunista, o analfabeto", diz Lula, relembrando 1989
Durante cerimônia de entrega de 552 casas nesta quinta-feira (10) em Aracaju, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ensaiou um discurso de despedida, ao falar do “legado” que seu governo deixará para o país e ao prometer que seguirá na vida política após deixar a Presidência. Lula também relembrou a época em que não tinha a mesma popularidade de hoje e citou as eleições de 1989, quando foi derrotado por Fernando Collor.
“Em 1989 eu perdi porque a parte mais pobre votou contra mim. Achavam que o Lula era do demo, Lula era do diabo, era comunista, era analfabeto”, afirmou. Em seguida, o presidente falou sobre o que ele considera seu “grande legado" como presidente: “para aquelas pessoas que achavam que não podiam nada, nós dissemos: você pode. É só você querer. As pessoas gostam [do governo] porque percebem que as coisas estão acontecendo”, disse.
Diferente de outros discursos que fez recentemente, Lula não tratou de temas atuais espinhosos, como a questão nuclear iraniana e o veto ao aumento da aposentadoria --cujo reajuste de 7,7%, aprovado no Congresso, ele pretende vetar-- e não fez referências à sua candidata à sucessão presidencial, Dilma Rousseff. O presidente, no entanto, pediu novamente aos “companheiros da imprensa” para que comparassem os oito anos do seu governo, com 20 anos dos governos que o antecederam.
“Podem escolher a área que quiserem. Tudo que quiserem comparar nos nossos oito anos, com 20 anos dos outros governos, podem comparar”, disse. Na sequência, Lula falou que o atual governo aumentou os repasses de verbas aos Estados e municípios e, diferente dos seus antecessores, não fez distinção política ao enviar recursos. “Era importante fazer um levantamento para ver quanto de dinheiro os outros presidentes colocaram aqui [em Sergipe]. E não é só em Sergipe. Vá a São Paulo e pergunte para o Kassab, que é do DEM. Pergunte para o Serra que é nosso adversário, se não enviamos dinheiro”, afirmou.
No encerramento do discurso, que durou mais de 40 minutos, o presidente disse que continuará na vida política após deixar o cargo. “O Lula vai parar? Não. Vou parar de ser presidente, mas política está no meu sangue. Vou continuar viajando por esse país e ajudando esse país a melhorar”, afirmou.
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