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Corpo de Itamar Franco será cremado em Belo Horizonte (MG)

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

02/07/2011 11h46Atualizada em 02/07/2011 14h57

O senador e ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG) morreu por volta de 10h deste sábado (2) no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento de leucemia.

A presidenta Dilma Rousseff ofereceu aos parentes do ex-presidente o Palácio do Planalto para realização do velório. Segundo fontes da Presidência da República, Dilma telefonou para Henrique Hargreaves, que foi chefe da Casa Civil no governo Itamar Franco, oferecendo o palácio para que a família velasse o corpo do ex-presidente. Porém, Hargreaves informou que Itamar havia instruído a família para que seu corpo fosse velado em Juiz de Fora e cremado em Belo Horizonte.

Assim, o corpo seguirá para a Câmara Municipal de Juiz de Fora, onde será velado, e posteriormente será transladado para Belo Horizonte, onde receberá honras fúnebres como ex-governador de Minas Gerais. Em seguida, seu corpo será cremado em cerimônia reservada à família.  

Dilma decretou luto oficial de sete dias. 

Itamar estava internado desde 21 de maio, quando foi diagnosticado com leucemia e começou a ser submetido a um tratamento de quimioterapia. Ele desenvolveu pneumonia durante sua internação e nos últimos dias respirava com ajuda de aparelhos.

Segundo o boletim médico, Itamar morreu às 10h15 em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). De madrugada, ele sofreu o AVC, entrou em coma e acabou não resistindo.

Itamar assumiu como vice-presidente de Fernando Collor de Mello em 1992 e acabou na Presidência após o impeachment dele.


Trajetória

Itamar Franco nasceu no dia 28 de junho de 1930 a bordo de um navio de cabotagem que fazia a rota Salvador/Rio de Janeiro. Filho do engenheiro Augusto César Stiebler Franco e de Itália América Liria Cautiero Franco, seu registro civil foi feito na capital baiana. O ex-presidente não chegou a conhecer o pai, que nasceu em Juiz de Fora (MG) e morreu em abril de 1930, vítima de malária. Ele havia sido contratado pelo governo baiano para trabalhar em obras de saneamento, construção de pontes e estradas no Recôncavo Baiano.

Itamar Franco passou a infância na terra natal do pai, onde iniciou seus estudos. Graduou-se como engenheiro civil e eletrotécnico, em 1954, na Escola de Engenharia de Juiz de Fora. Entre 1952 e 53, foi presidente do Diretório Acadêmico de Faculdade de Engenharia da universidade.

Ingressou na política pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Com a introdução do bipartidarismo, filiou-se ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro), sendo eleito prefeito de Juiz de Fora em 1966, onde criou sua base política. Itamar governou o município até o ano de 1974. Em seguida, elegeu-se senador por Minas Gerais, por dois mandatos, de 1975 a 1988. Em 1986, disputou o governo de Minas Gerais, mas perdeu para Newton Cardoso.

Presidência

Após o fim do mandato de senador, Itamar Franco se torna candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Fernando Collor de Mello, em 1989. Com 35 milhões de votos e um discurso em favor dos "descamisados", Collor assume o poder no país em 1990, pelo nanico PRN, ao derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo analistas, Itamar fora considerado "peça decorativa" pelo recém-eleito presidente, que viu nele "um puxador" de votos de Minas Gerais.

O governo Collor foi marcado por escândalos que abreviaram a passagem dele pelo Planalto. Seu irmão Pedro Collor foi o estopim de uma grande crise ao denunciá-lo como chefe de um esquema de corrupção sem precedentes no país. Com a juventude em polvorosa, fazendo protestos com as caras pintadas, o então presidente começou a definhar em sua popularidade.

Ao cabo de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso, Collor foi considerado passível de acusação em prevaricação, defesa de interesses privados no governo, corrupção passiva, formação de quadrilha e estelionato. É aberto na Câmara um processo de impeachment contra o presidente.

Itamar Franco assume a presidência no dia 2 de outubro de 1992 e vê, em seguida, Collor renunciar ao cargo no curso do processo de impeachment, em dezembro daquele ano. A gestão de Itamar foi marcada pelo lançamento do plano Real, em março de 1994, que interrompeu o ciclo inflacionário no país. O plano Real serviu como plataforma para que o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, fosse cacifado como forte candidato à sucessão de Itamar, como de fato ocorreu.

Outra marca do governo Itamar Franco foi o relançamento do Fusca, carro do qual ele dizia ser admirador. A Volkswagen, impelida por incentivos tributários dados pelo governo federal, voltou a produzir o automóvel no país. Na cerimônia de relançamento, Itamar desfilou em um modelo conversível, em 1993, na fábrica da Autolatina (associação entre a Volkswagen e a Ford, desfeita em 1995).

Em 1998, tentou se candidatar novamente à presidência da República, mas foi preterido dentro do PMDB, que optou por apoiar a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

Governador de Minas Gerais

Após deixar a Presidência da República, Itamar Franco tornou-se embaixador do Brasil em Portugal e, posteriormente, ocupou o mesmo posto na OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington (EUA).

Franco retornou ao país para disputar o governo de Minas Gerais, em 1998. Eleito, governou o Estado de 1999 a 2002. 

Em 2006, tentou uma vaga para disputar o Senado pelo PMDB, mas foi novamente preterido pelo partido, que escolheu Newton Cardoso.

A convite de Aécio Neves (PSDB), então governador de Minas Gerais, Itamar presidiu o Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) no período de 2007 a 2010. No ano passado, juntamente com Aécio Neves, o ex-presidente elegeu-se senador por Minas Gerais. 

* com informações da Agência Brasil.