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Itamar foi vice de Collor e lançou o Plano Real, que venceu a inflação; conheça trajetória

UOL Notícias

Em São Paulo

02/07/2011 11h34

O ex-presidente da República e senador Itamar Franco (PPS) nasceu no dia 28 de junho de 1930 a bordo de um navio de cabotagem que fazia a rota Salvador/Rio de Janeiro. Filho do engenheiro Augusto César Stiebler Franco e de Itália América Liria Cautiero Franco, seu registro civil foi feito na capital baiana. O ex-presidente não chegou a conhecer o pai, que nasceu em Juiz de Fora (MG) e morreu em abril de 1930, vítima de malária. Ele havia sido contratado pelo governo baiano para trabalhar em obras de saneamento, construção de pontes e estradas no Recôncavo Baiano.

Itamar Franco passou a infância na terra natal do pai, onde iniciou seus estudos. Graduou-se como engenheiro civil e eletrotécnico, em 1954, na Escola de Engenharia de Juiz de Fora. Entre 1952 e 53, foi presidente do Diretório Acadêmico de Faculdade de Engenharia da universidade.

Ingressou na política pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Com a introdução do bipartidarismo, filiou-se ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro), sendo eleito prefeito de Juiz de Fora em 1966, onde criou sua base política. Itamar governou o município até o ano de 1974. Em seguida, elegeu-se senador por Minas Gerais, por dois mandatos, de 1975 a 1988. Em 1986, disputou o governo de Minas Gerais, mas perdeu para Newton Cardoso.

Após o fim do mandato de senador, Itamar Franco se torna candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Fernando Collor de Mello, em 1989. Com 35 milhões de votos e um discurso em favor dos "descamisados", Collor assume o poder no país em 1990, pelo nanico PRN, ao derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo analistas, Itamar fora considerado "peça decorativa" pelo recém-eleito presidente, que viu nele "um puxador" de votos de Minas Gerais.

O governo Collor foi marcado por escândalos que abreviaram a passagem dele pelo Planalto. Seu irmão Pedro Collor foi o estopim de uma grande crise ao denunciá-lo como chefe de um esquema de corrupção sem precedentes no país. Com a juventude em polvorosa, fazendo protestos com as caras pintadas, o então presidente começou a definhar em sua popularidade.

Ao cabo de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso, Collor foi considerado passível de acusação em prevaricação, defesa de interesses privados no governo, corrupção passiva, formação de quadrilha e estelionato. É aberto na Câmara um processo de impeachment contra o presidente.

Itamar Franco assume a presidência no dia 2 de outubro de 1992 e vê, em seguida, Collor renunciar ao cargo no curso do processo de impeachment, em dezembro daquele ano. A gestão de Itamar foi marcada pelo lançamento do plano Real, em março de 1994, que interrompeu o ciclo inflacionário no país. O plano Real serviu como plataforma para que o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, fosse cacifado como forte candidato à sucessão de Itamar, como de fato ocorreu.

Outra marca do governo Itamar Franco foi o relançamento do Fusca, carro do qual ele dizia ser admirador. A Volkswagen, impelida por incentivos tributários dados pelo governo federal, voltou a produzir o automóvel no país. Na cerimônia de relançamento, Itamar desfilou em um modelo conversível, em 1993, na fábrica da Autolatina (associação entre a Volkswagen e a Ford, desfeita em 1995).

Em 1998, tentou se candidatar novamente à presidência da República, mas foi preterido dentro do PMDB, que optou por apoiar a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

Governador de Minas Gerais

Após deixar a Presidência da República, Itamar Franco tornou-se embaixador do Brasil em Portugal e, posteriormente, ocupou o mesmo posto na OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington (EUA).

Franco retornou ao país para disputar o governo de Minas Gerais, em 1998. Eleito, governou o Estado de 1999 a 2002. Nesse período, o mineiro inicia uma cruzada contra Fernando Henrique Cardoso e passa, de Minas Gerais, a criticar o governo federal. Sua gestão foi marcada por imbróglios contra FHC.

Em uma das rusgas, logo nos primeiros dias do seu mandato, Itamar Franco decretou moratória à União. Ele suspendeu por 90 dias os pagamentos das dívidas que o Estado tinha com o governo federal. A atitude gerou o bloqueio de repasses de verbas federais ao Estado, e o impasse perdurou meses até que Itamar aceitasse negociar com a União.

Em outubro de 1999, deslocou efetivo de 2.500 homens da Polícia Militar mineira para a área da unidade de Furnas localizada no Estado. A intenção, segundo detratores do mineiro que o apelidaram de "Napoleão das Alterosas", era evitar, com a força policial, a privatização de Furnas.

No ano seguinte, outra briga com FHC. O Palácio da Liberdade, ex-sede do governo mineiro, recebeu reforço na segurança com militares fortemente armados, carros blindados e atiradores de elite. A justificativa era a presença de homens do Exército, que foram enviados a Buritis (MG), cidade onde filhos do então presidente Fernando Henrique Cardoso tinham uma fazenda. A propriedade estava ameaçada de invasão por um grupo de sem-terra. Itamar alegou que a medida era uma afronta e deu ultimato ao governo federal para retirar a unidade do Exército do local. Para justificar a parafernália bélica na sede do governo mineiro, Itamar deu a entender que poderia ser atacado a qualquer momento, diante do ultimato que havia dado.

Ainda durante a sua gestão, Itamar conseguiu reverter na Justiça a venda de ações da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) que haviam sido negociadas a um consórcio estrangeiro na gestão de Eduardo Azeredo, seu antecessor. Após deixar o comando do Estado, Itamar tornou-se embaixador do Brasil na Itália.

Em 2006, tentou uma vaga para disputar o Senado pelo PMDB, mas foi novamente preterido pelo partido, que escolheu Newton Cardoso.

A convite de Aécio Neves (PSDB), então governador de Minas Gerais, Itamar presidiu o Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) no período de 2007 a 2010. No ano passado, juntamente com Aécio Neves, o ex-presidente elegeu-se senador por Minas Gerais. 

Fama de namorador

Com fama de namorador, o então presidente Itamar Franco foi flagrado ao lado da modelo Lilian Ramos no sambódromo do Rio de Janeiro, no Carnaval de 1994, em uma imagem que rodou o país - a modelo estava sem calcinha.

Durante sua gestão como governador de Minas Gerais, Itamar havia sido acusado pela Associação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de "furar a fila" e promover de capitã a major uma oficial que trabalhava como sua ajudante de ordens, na frente de outros 50 policiais, por ser sua "suposta namorada".  À época, Itamar não quis comentar o caso.

Em outra situação, Itamar foi visto em companhia de uma oficial do Corpo de Bombeiros mineiro.