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Marta Suplicy oficializa sua desistência da candidatura à Prefeitura de São Paulo

Marcela Rahal<br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

03/11/2011 16h03Atualizada em 03/11/2011 19h48

Marta diz que desistiu de prévias para evitar "racha" no PT

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) anunciou nesta quinta-feira (3) que desistiu da disputa à Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais do próximo ano. Ela era a principal concorrente do ministro da Educação, Fernando Haddad, candidato favorito de Lula e Dilma Rousseff.

Na segunda-feira (31), Dilma, a pedido de Lula, conversou com Marta e solicitou a ela que desistisse da disputa. Segundo Marta, o pedido foi o que definiu sua desistência. "Eu fiquei sensibilizada com o apelo da presidente Dilma e do ex-presidente Lula e retiro minha candidatura para a prefeitura", afirmou em entrevista coletiva na capital paulista.

"Eu tinha muita vontade de voltar a ser prefeita, mas eu não poderia dizer não ao pedido de Lula e de Dilma. Saio, então, de coração. Esses pedidos (de Lula e Dilma) foram fundamentais para eu pensar no partido no Senado, ajudando a Dilma a construir um país melhor", disse a petista.

Marta afirmou ainda que as prévias para definir o candidato poderiam rachar o partido. "Não teria sentido ir pra esse enfrentamento. Não daria pra ter um partido unido. Eu ganhando ou perdendo todos iriam perder."

Além de Haddad, restam três pré-candidatos petistas à prefeitura: os deputados federais Carlos Zaratini e Jilmar Tatto e senador Eduardo Suplicy. A senadora não confirmou se irá apoiar o ministro, mas disse que fará todos os esforços possíveis para ajudar o partido a eleger o próximo prefeito. "Vou fazer o máximo que puder com toda a força que tenho."

Segundo Marta, a primeira pessoa a saber da desistência foi Lula, recém-diagnosticado com câncer, para quem ela ligou hoje de manhã. "Ele está ótimo, com a voz ótima, não aguenta mais ficar em casa", disse.

A ex-prefeita de SP disse não ter se arrependido da declaração que fez em setembro, logo após a divulgação da pesquisa Datafolha em que ela aparecia com cerca de 30% das intenções de voto e Haddad, 2%. Na ocasião, Marta disse que "se Lula não quisesse ganhar, iria com Haddad".

"A frase foi perfeita naquele momento porque eu estava no embate. Agora vou lutar do lado de quem for escolhido", afirmou.

O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), disse que a desistência não interfere nas prévias. "Elas vão acontecer". O vereador Antonio Donato, presidente municipal do partido, afirmou que tem "certeza de que a Marta vai apoiar a candidatura do Haddad."

Entenda como Marta desistiu

Segundo reportagem da “Folha de S.Paulo” publicada ontem (2), Marta aceitou desistir da candidatura em conversa reservada com Dilma Rousseff no aeroporto de Congonhas, na segunda-feira (31), antes de a presidente visitar Luiz Inácio Lula da Silva no hospital Sírio-Libanês, onde estava internado para a primeira sessão de quimioterapia após ter sido diagnosticado com câncer de laringe.

O encontro foi divulgado pela ministra Helena Chagas (Comunicação Social) na chegada da comitiva presidencial a Cannes, na França, onde Dilma participa da cúpula do G20. A presidente disse que Marta foi "a melhor prefeita que São Paulo teve", mas não deveria se candidatar de novo porque agora sua presença no Senado seria "mais importante".

Ainda de acordo com reportagens da “Folha de S.Paulo”, Marta estava cada vez mais isolada no partido. Aliados da senadora vinham fazendo um apelo para que ela desistisse da pré-candidatura.

Com a decisão, fica mais fácil o caminho para o PT se unir em torno da candidatura do nome preferido do ex-presidente Lula: o ministro da Educação, Fernando Haddad.

O desafio do PT agora é convencer outros três pré-candidatos a também desistirem e, assim, evitar a realização de prévias, marcadas para 27 de novembro.