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Após posse, Jader Barbalho se diz favorável à Lei da Ficha Limpa

A posse ainda nesse ano dará a Jader Barbalho mais de R$ 30 mil até o reinício dos trabalhos  - Alan Marques/Folhapress
A posse ainda nesse ano dará a Jader Barbalho mais de R$ 30 mil até o reinício dos trabalhos Imagem: Alan Marques/Folhapress

Camila Campanerut

Do UOL Notícias, em Brasília

28/12/2011 18h02Atualizada em 28/12/2011 18h44

Na primeira entrevista após tomar posse, Jader Barbalho (PMDB-PA) afirmou que, “de modo geral”, é a favor da Lei da Ficha Limpa.
 
“De um modo geral, eu votei favorável e vocês podem conferir isso. Agora, acho que este momento é o momento em que o Supremo tem de analisar esta questão da constitucionalidade [para avaliar se a lei vale para as eleições de 2012]”, disse o senador no gabinete da liderança de seu partido, PMDB, no Senado.
 
“Eu lamento que a partir que do momento que o Supremo declarou que a lei era inconstitucional, eu não teria o direito de exercer o mandato que me foi concedido pelo povo do Pará. Lamento profundamente, mas o mandato de senador é longo, de oito anos, e eu terei mais de sete anos para exercer o mandato pelo Pará e devolver a solidariedade ao povo do Pará”, completou.  
 
A interpretação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da lei da Ficha Limpa era de não permitir que candidatos que renunciaram ao cargo para fugir da cassação fossem eleitos, mas foi derrubada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em março deste ano, quando a Suprema Corte estabeleceu que ela não valeria para a eleição de 2010. Desde então, os advogados de Barbalho tentavam retomar a vaga do peemedebista – que fora o segundo mais votado no Pará, com cerca de 1,8 milhão de votos, atrás apenas do senador Flexa Ribeiro (PMDB) – um dos poucos que participou da rápida cerimônia de posse de Barabalho.

Posse

Para entrar o peemedebista, saiu Marinor Brito (PSOL) – quarto lugar nas eleições de 2010. Ela ocupou a vaga por 11 meses, porque o terceiro lugar no pleito, o petista Paulo Rocha, também fora barrado pelo Ficha Limpa, mas ainda não teve o seu caso julgado pelo STF. Mesmo ciente da decisão final dos magistrados, Marinor Brito tentou adiar a posse do peemedebista, mas teve o pedido negado tanto pelo STF na noite desta terça-feira (27) quanto pela Mesa Diretora do Senado em reunião de hoje que antecedeu a posse de Barbalho.  

“Medroso, eu nunca fui. Acho que o medo e a dor são dois sintomas que o ser humano tem de ter. Evidentemente que eu tenho procurado fazer da minha vida um aprendizado. Eu volto um melhor aprendiz", avaliou o agora senador.

Jader Barbalho destacou ainda que não houve “pressa” para empossá-lo e que a decisão de fazê-lo antes do recesso parlamentar foi do presidente do Senado, o também peemedebista José Sarney (AP).

“Eu acho que foi até um pouco demorado. Eu perdi 11 meses do meu mandato (...). Acho que houve demora, mas o mandato do senador é longo e há tempo suficiente. Se tivesse vindo antes teria sido melhor (...). Quem marcou a reunião hoje [28 de dezembro] foi o presidente do Senado, José Sarney."

Questionado sobre o apoio ao governo Dilma Rousseff nas votações, Barbalho disse apenas que seguirá a orientação do PMDB– maior partido da base aliada governista.

O parlamentar ainda elogiou a presidente pela “faxina” nos ministérios ao comentar a saída de seis dos sete ministros que saíram após acusações de envolvimento em em esquemas de corrupção. “Acho correto [a faxina], mas o importante é o balanço em favor do país.”  
 
Caretas, luto e justiça
 
A decisão de empossar Barbalho durante o recesso parlamentar (de 23 de dezembro a 1º de fevereiro) esvaziou a cerimônia tanto para aliados quanto para manifestantes contrários à volta do político ao Congresso Nacional.
 
A cerimônia de posse durou cerca de cinco minutos e teve a presença de apenas oito senadores: Gim Argelo (PTB-DF), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), João Vicente Claudino (PTB-PI), Romero Jucá (PMDB-RR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Waldemir Moka (PMDB-MT) e Marta Suplicy (PT-SP) que, como primeira vice-presidente, presidiu a reunião na ausência de Sarney.  
 
O líder do partido dele, Renan Calheiros (AL), também não compareceu, mas foi "representado" por Jucá, que é líder do governo no Senado. “Se fez justiça, prevaleceu o resultado das urnas”, afirmou Jucá.
 
Eram apenas três os manifestantes que acompanharam a posse de Barbalho, que na confusão e no empurra-empurra da pequena sala podem até não terem sido vistos pelo parlamentar enquanto o peemedebista fazia o juramento de posse. Eles ficaram “de costas” e vestidos de preto em protesto à volta do que eles chamaram de "ficha suja". Os três são representantes do movimento "Brasil contra Corrupção" e do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) – um dos grandes apoiadores do projeto da Lei da Ficha Limpa. Eles reconheceram que o período escolhido para a posse também dificultou a mobilização de pessoas para acompanhar o evento.
 
Durante a entrevista concedida logo após a posse, quem roubou a cena foi o filho mais novo do senador, Daniel, 9, que fazia caretas para os fotógrafos e ria das perguntas dos jornalistas. Ao final dos questionamentos, o garoto perguntou ao pai; “Qual a maior denúncia contra um vereador do PMDB?”. Barbalho, sem jeito, perguntou ao filho se ele não queria dizer “senador” em vez de “vereador” e completou: “Depois te dou uma entrevista em casa”.