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"Não há crise nenhuma", diz Dilma em entrevista à revista Veja

"Perder ou ganhar votações faz parte do processo democrático e deve ser respeitado", disse a presidente Dilma Rousseff em entrevista à revista semanal - Agência Brasil
"Perder ou ganhar votações faz parte do processo democrático e deve ser respeitado", disse a presidente Dilma Rousseff em entrevista à revista semanal Imagem: Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

24/03/2012 10h03Atualizada em 24/03/2012 11h41

A presidente Dilma Rousseff comentou os recentes conflitos com a base aliada em uma entrevista publicada na edição desta semana da revista Veja. “Não há crise nenhuma. Perder ou ganhar votações faz parte do processo democrático e deve ser respeitado”, afirmou em sua primeira declaração sobre o assunto.

A presidente tem enfrentado retaliações dos partidos aliados no Congresso, com parlamentares insatisfeitos com a demora na nomeação de cargos do segundo escalão e na liberação de emendas, alegando falta de interlocução com o governo.

“Crise existe quando se perde a legitimidade. Você não tem de ganhar todas. O Parlamento não pode ser visto assim. Em alguma circunstância sempre vai emergir uma posição de consenso do Congresso que não necessariamente será a do Executivo”, completou Dilma. A presidente disse que o "momento tenso" é "natural em um ano de eleições municipais".

No dia 7 de março, o plenário do Senado rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo à direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Figueiredo era indicação pessoal da presidente e homem considerado importante para o projeto do trem-bala. A rejeição aconteceu dia depois de parlamentares do PMDB assinarem um manifesto pedindo mais espaço no governo.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, chegou a afirmar que o governo vivia um "momento tenso" com a base aliada no Congresso Nacional.

A crise resultou na troca dos líderes do governo na Câmara e no Senado. Dilma substituiu Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Romero Jucá (PMDB-RR) pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) e pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM), respectivamente.

No último dia 14, mesmo ofuscados pela crise do governo com o PMDB e pela substituição dos líderes no Congresso, os sete senadores do PR anunciaram que migrariam para a oposição depois do fracasso das negociações para emplacar um novo ministro dos Transportes. O atual ocupante do cargo, Paulo Sérgio Passos (BA), é filiado ao PR, mas não é próximo do principal dirigente da legenda, o ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (AM), afastado por suspeitas de corrupção.

Durante esta semana, a votação da Lei Geral da Copa, agendada para a quarta-feira e prioritária para o governo, foi adiada depois da manobra dos deputados que queriam votar antes o Código Florestal –o que é o contrário ao desejo do Planalto.

Dilma afirmou ainda não gostar do termo "faxina" para referir-se às mudanças, principalmente nos ministérios, após suspeitas de corrupção. "Parece preconceituoso. Se o presidente fosse um homem, vocês falariam de faxina? Isso é bobagem."

Economia

Na entrevista, a presidente também comentou a reunião que teve com os 28 grandes empresários do país na última quinta-feira. “Tivemos uma conversa séria. Coisa de país que sabe onde está no mundo e aonde quer chegar”, disse. “Ficamos todos de acordo que os impostos têm de cair, os investimentos privados e estatais têm de aumentar e o que precisar ser feito para elevar a produtividade da economia brasileira e sua competitividade externa será feito.” 

Sobre a visita à Alemanha, quando responsabilizou a crise nos países desenvolvidos pela desaceleração econômica nos países emergentes, a presidente disse que o Brasil já pode se impor aos países ricos. “O Brasil está em uma situação agora em que podemos dizer aos países ricos que não queremos o dinheiro deles. Eu disse isso com toda a clareza à chanceler Angela Merkel durante minha visita à Alemanha. Aqui se noticiou que eu estava querendo dar lições à Alemanha. Não foi nada disso. Eu quis deixar claro que o Brasil não quer mais ser visto como destinação de capital especulativo ou apenas como mercado consumidor dos produtos que eles exportam”, alegou.