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Em lançamento de livro, Battisti diz que nunca enfrentou manifestações hostis

Ana Paula Rocha

Do UOL, em São Paulo

26/04/2012 22h10

O ex-ativista italiano Cesare Battisti lançou nesta quinta-feira (26), em São Paulo, seu livro “Ao pé do muro”. O lançamento reuniu cerca de 300 pessoas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, mas, já no início do evento, o público foi avisado de que o autor não poderia responder a questões ligadas à política. O motivo seria evitar que declarações que fossem interpretadas como militância partidária, não autorizada pelo Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/1980).

"Na rua só tenho manifestações de simpatia"


Antes do início do evento, Battisti disse à reportagem do UOL que seus planos se resumem a seguir escrevendo, “como faço há trinta anos”, e que está planejando realizar oficinas literárias em comunidades carentes, voltadas principalmente a pessoas em situações de reintegração social, como presidiários. Battisti vive atualmente no Rio de Janeiro e diz que nunca enfrentou manifestações hostis da população. “Na rua só tenho manifestações de simpatia. Se tem alguém que não gosta, não se manifesta. Nunca tive nenhuma manifestação hostil”.

O romance de Battisti tem como personagem principal um foragido internacional que vem para o Brasil em busca de proteção. “Augusto [o personagem] é um recurso de ficção para tentar passar um recado”, descreve. O livro completa uma trilogia composta pelas obras “Minha fuga sem fim” e “Ser bambu”, uma ficção baseada nas histórias que ouviu na cadeia. O italiano ficou quatro anos preso no Brasil.

Condenado à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de quatro pessoas entre 1977 e 1979, Battisti tem sua extradição exigida pelo governo italiano. Em seu último dia no cargo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o italiano no Brasil. O governo italiano recorreu, mas o Supremo Tribunal Federal decidiu, em junho do ano passado, que Battisti poderia ser libertado e viver no Brasil. O ex-ativista deixou a prisão no dia seguinte à decisão do Supremo.