CPI do Cachoeira

Perillo foi evasivo e pode se prejudicar, diz analista; tucanos comemoram depoimento

Camila Campanerut e Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), poderá se prejudicar por ter deixado de responder perguntas durante depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga a relação de políticos com o contraventor Carlinhos Cachoeira. A análise é do cientista político David Fleischer, da UnB (Universidade de Brasília).

“Ele tentou defender-se a todo tempo, mas ficou em uma situação mais complicada do que antes”, opina o analista. Durante o depoimento, que durou mais de oito horas, Perillo foi questionado sobre envolvimento com a organização de Cachoeira, o qual ele negou por várias vezes.

A base aliada fez centenas de perguntas ao governador sobre a venda de sua casa a Cachoeira e sobre a presença de integrantes da organização do bicheiro dentro do governo de Goiás. Perillo também foi questionado sobre as origens do financiamento sua campanha em 2010, que, segundo o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou para o tucano nas eleições, contou com recursos do bicheiro.

Tucanos safisfeitos

O governador negou todas as acusações. Os parlamentares tucanos comemoraram o depoimento e afirmam que Perillo saiu-se bem nas respostas. “O PSDB está satisfeito e seguro com as declarações do governador”, resumiu o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).

Para Fleischer, entretanto, as respostas não foram convincentes. “As respostas foram muito evasivas. Ele não esclareceu as acusações. Agora, a CPMI vai decidir se quebra ou não o sigilo fiscal e bancário dele”, diz.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), aproveitou para cutucar os petistas ao afirmar que o depoimento foi “frustrante para aqueles que acusavam Perillo”. “Ele descontruiu todas as acusações com a apresentação de documentos e provas. Houve um exagero de exposição dele com objetivo de desviar o foco da CPI”, defendeu.

Ao final da reunião, os parlamentares tucanos tiveram um reforço de políticos, assessores e integrantes do PSDB de Goiás, que seguiram pelos corredores do Senado gritando palavras de ordem em defesa de Perillo. “Brasil, para frente. Perillo, presidente”.

Josias: CPI gira ao redor de Perillo como um parafuso espanado

Os gritos eram liderados pelo primo do governador e pré-candidato a vereador, Bruno Perillo, que disse estar acompanhado de, pelo menos, outros 23 membros da Juventude do PSDB. “Não fui convidado, vim porque quis”.

A senadora Íris de Araújo (PMDB-GO), adversária política de Perillo e mulher de Íris Rezende, derrotado pelo tucano em 2010, não fez perguntas.  

Para o colunista do UOL Josias de Souza, "a CPI ainda não logrou aproveitar suas oportunidades" e, na inquirição de Perillo, "os congressistas giraram em torno do depoente como parafusos espanados". "Servindo-se da falta de rosca, Perillo safou-se sem passar grandes apertos", analisa.

Petistas relativizam depoimento

Os petistas rejeitaram as críticas de que teriam sido "leves" no questionamento a Perillo como forma de garantir que, no depoimento de amanhã (13), o governador petista Agnelo Queiroz não seja "massacrado" pelos adversários políticos da oposição.

Para os petistas, as respostas do tucano foram insuficientes. “Estas informações têm que ser tratadas como uma versão do governador. Não vamos nos basear apenas no depoimento do governador Marconi Perillo. Outras informações, as quebras de sigilos e outros testemunhos darão conta do relatório que nós vamos fazer”, afirmou o deputado federal Odair Cunha (MG), relator da CPMI. E completou: “há indícios fortes que esta casa foi comprada pelo senhor Carlinhos Cachoeira.”

Cunha também negou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha ligado para ele ou feito qualquer pedido para ele com relação aos trabalhos da comissão.

As decisões sobre quebras de sigilo de pessoas e empresas ainda passarão por votação e há expectativa de que sejam analisadas na reunião da CPI na próxima quinta-feira (14).

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