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Senador do PSOL apresenta requerimento para reconvocação de Marconi Perillo à CPI do Cachoeira

Da Agência Senado, em Brasília

17/07/2012 10h48

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) quer que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja novamente ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações de Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados. Na noite de segunda-feira (16), o parlamentar protocolou na secretaria da comissão um requerimento solicitando mais uma audiência com o chefe do Executivo goiano.

Para Randolfe, a reconvocação se justifica depois que a revista Época apresentou novas denúncias de que o governador teria recebido propina para liberar o pagamento de créditos devidos pelo governo do estado à empreiteira Delta. O acerto teria ocorrido por meio da venda da casa do Perillo, onde Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro deste ano.

No requerimento, o senador explica ainda que, de acordo com a matéria da revista Época, a venda da casa teria sido feita com sobrepreço de R$ 500 mil, pagos pela Construtora Delta, com a finalidade de viabilizar a liberação do pagamento de uma dívida de R$ 8,59 milhões do governo estadual com a empreiteira. Coincidentemente, aponta o parlamentar, as datas de compensação dos cheques usados no pagamento da casa batem com as liberações das parcelas de pagamento à Delta.

“Dessa forma, o retorno do governador Marconi Perillo é imprescindível para que sejam esclarecidas não apenas as circunstâncias da venda da casa, mas principalmente a influência da organização criminosa de Cachoeira sobre seu governo, bem como os negócios existentes entre o governo do estado de Goiás e a Construtora Delta S/A”, justifica o requerimento.

Defesa

Em nota oficial divulgada na tarde desta segunda-feira (16), o governador classificou de “infame e desleal” a reportagem da revista. De acordo com a nota, não cabe a ele, como a qualquer outra pessoa que esteja se desfazendo de um bem, investigar a origem dos recursos usados para o pagamento. Perillo encerra dizendo que “um grupo dentro da CPMI trata de transformá-la em tribunal de exceção com um só alvo: o governador de Goiás, por ser adversário do PT."

Em mais de oito horas de depoimento à CPI no dia 12 de junho, Marconi Perillo negou ter qualquer relação de proximidade com o contraventor goiano. Disse jamais ter tido contato com o ex-dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish, e declarou ter vendido de forma legal e de boa fé a casa.

Mais denúncias

Nesta terça-feira (17), novas denúncias foram divulgadas pela imprensa e comprometeriam ainda mais o governador. O jornal O Globo teve acesso a novas escutas da Polícia Federal as quais sugerem que Cachoeira pagava as contas de secretários de estado de Goiás por meio da Delta. Em algumas gravações, o contraventor se mostra irritado com a dificuldade de emplacar suas indicações na máquina administrativa estatal.

Recesso

A convocação do governador de Goiás só será discutida na primeira semana de agosto, já que as sessões públicas da comissão parlamentar de inquérito estão suspensas devido ao recesso parlamentar. A próxima reunião da comissão está agendada para o dia 2 de agosto.
Em discurso no Plenário na tarde desta segunda-feira (16), o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), disse que seu partido não vai se opor a uma eventual reconvocação de Marconi Perillo. Ele questionou, porém, se a iniciativa não serviria apenas para a repetição das perguntas e respostas apresentadas no depoimento do mês passado.