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Ex-diretor da Dersa se diz "Batman" das obras, chora e aceita acareação na CPI do Cachoeira

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

29/08/2012 16h56

O ex-diretor da Dersa (estatal rodoviária de São Paulo), o engenheiro Paulo Vieira de Souza, 63,se emocionou e chorou em mais de uma oportunidade, nesta quarta-feira (29), durante depoimento para o qual fora convocado à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Mista do Cachoeira, em Brasília.

Um pouco antes, o ex-diretor se disse “não o super homem, mas o ironman”, “não o Robin, mas o Batman” da obras públicas paulistas, uma vez que coordenou um montante de recursos superior a R$ 13 bilhões em obras, pela Dersa, entre os anos de 2007 e 2010.

Souza ficou emocionado ao se referir à família e ao que classificou como “injustiça”, ao mencionar denúncias de que teria sido vítima durante a campanha de 2010. Ao final, disse que aceita passar por uma acareação com o ex-diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, por sugestão do senador Randolfe Rodrigues (PSOL). O parlamentar considerou divergente o teor de depoimento prestado ontem por Pagot, em comparação ao de Souza, referente ao limite de aditamento de obras públicas.

Exonerado em 2010 pelo então governador Alberto Goldman (PSDB) –a quem atribuiu a autoria pelo “super homem”, explicitou em uma segunda menção --, Souza foi acusado em 2010 de ter levantado recursos junto ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para campanhas dos tucanos José Serra, à Presidência da República, e Geraldo Alckmin, ao governo de São Paulo, em 2010.À época, Souza foi acusado de ter “sumido” com R$ 4 milhões supostamente obtidos à campanha. Hoje, na CPI, negou as imputações, se mostrou ressentido com caciques tucanos e e constrangido pela  presidente Dilma Rousseff ter indagado o então adversário Serra, em um debate da campanha passada, sobre ele.

“Espero imensamente que a presidente, um dia, pela amplitude que tem a imagem de um presidente, reconsidere essa postura, porque foi numa campanha”, disse.

Sobre a “ingratidão” de tucanos de que se diz vítima, indagado sobre os nomes, elencou: “Ox-ministro Eduardo Jorge, de FHC, o ex- tesoureiro adjunto do PSDB, Evandro Losato, e José Aniíbal.

Souza disse à CPI que nunca foi filiado a partidos políticos, declarou ter doado R$ 5 mil à campanha passada de Alckimin, “como pessoa física” e se afirmou amigo pessoal do senador Aloisio Nunes Ferreira (PSDB).

Convocação para a CPI

O engenheiro foi convocado pela CPI, que investiga a relação entre empresários e agentes públicos com o bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira. O objetivo era ouvi-lo sobre as relações entre a construtora Delta, investigada pela CPI, e a estatal paulista. Ele disse não conhecer Cachoeira, mas admitiu conhecer o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, que também foi convocado a depor à CPI, mas obteve ontem (28) um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) e deverá permanecer em silêncio.

"Cavendish vi uma vez na Dersa, em 2008, e outra vez talvez em 2009", resumiu.

Ele afirmou ainda que a Delta participou junto à Dersa apenas das obras do lote dois da nova marginal Tietê, pela qual foram pagos à empresa R$ 172 milhões. Ao todo, o empreendimento teve licitados quatro lotes da obra.

“A Delta participou de todas as licitações e perdeu em todas por preço maior. A única obra que ela tem na Dersa corresponde a 1,9% do volume gasto na marginal, em valore licitados de R$ 11,5 bilhões. É uma situação diferente de tudo o que eu vi até hoje”, declarou.

Depoente se diz “vaidoso” e reclama de apelido "pejorativo"

Aos parlamentares, Souza disse ter espírito "de colaboração", narrou o próprio currículo e salientou que estava na CPI sem advogado. Em mais de uma oportunidade, disse que participa da competição "Iron Man" desde os 53 anos e se admitiu "vaidoso" e até "arrogante". "Eu acho quase impossível um engenheiro de São Paulo não saber quem é Paulo Souza", opinou, ele que também se disse conselheiro do Corinthians.

Souza atribuiu a “detratores” o apelido Paulo Preto ao ser indagado se gosta do codinome. Atribuiu a iniciativa a “detratores”, assim como a acusação de ter levantado recursos para campanhas dos tucanos José Serra à Presidência da República e Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, no ano de 2010, junto ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

“[O apelido] É pejorativo para me magoar e macular minha imagem. Eu poderia ter sido chamado pelos meus funcionários ou amigos assim, não existe um único deles que me tratasse com esse apelido. Devo reconhecer que foi uma grande jogada da mídia, não me curvarei a isso.”