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Após mais uma condenação, defesa de Marcos Valério diz que STF segue "viés" de relator

Do UOL, em Brasília

13/09/2012 20h59Atualizada em 13/09/2012 21h32

O advogado do publicitário Marcos Valério, Marcelo Leonardo, afirmou, na noite desta quinta-feira (13), que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estão seguindo o “viés condenatório” do relator, Joaquim Barbosa. Ele considera injusta a nova condenação de seu cliente, desta vez pelo crime de lavagem de dinheiro. Leonardo informou que ainda não conversou com Valério hoje.

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  • Arte UOL

“O julgamento no Supremo está considerando as provas de forma inadequada. Não ficou demonstrada a prática de lavagem de dinheiro. Em todos os saques, as pessoas foram identificadas, tinham rosto e carteira de identidade”, disse.

“Lamentavelmente, a Corte está seguindo o viés condenatório do relator [ministro Joaquim Barbosa] na medida em que se manifesta pela condenação dos réus.”

Segundo o advogado, o viés condenatório do relator fica demonstrado no voto dele pela condenação de Ayanna Tenório e Geiza Dias, embora diversos magistrados tenham votado pela absolvição de ambas.

Leonardo atribui esse viés ao “perfil” de Barbosa e descarta qualquer tendência política. O defensor de Marcos Valério afirma não ter expectativas sobre o julgamento e que irá aguardar a dosimetria das penas para avaliar que passos tomará.

Marcos Valério foi condenado ainda por peculato e corrupção ativa nas fatias anteriores do julgamento.

A reportagem do UOL tentou contato com os advogados de defesa dos ex-sócios de Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, da ex-funcionária da SMP&B Simone Vasconcellos e do advogado Rogério Tolentino, condenados por lavagem de dinheiro, mas sem sucesso. O defensor de Geiza Dias, absolvida da acusação, também não foi encontrado para comentar a decisão do STF.

O UOL também tentou contato com os advogados dos réus ligados ao Banco Rural, mas não obteve retornos.

Entenda o dia a dia do julgamento

 

Entenda o mensalão

O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo tem 38 réus --um deles, contudo, foi excluído do julgamento no STF, o que fez o número cair para 37-- e entre eles há membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.

O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.

O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.