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Supremo condena cúpula petista e conclui que José Dirceu chefiou o mensalão

Fernanda Calgaro*

Do UOL, em Brasília

10/10/2012 18h04Atualizada em 10/10/2012 18h41

O STF (Supremo Tribunal Federal) encerrou nesta quarta-feira (10) o julgamento do item 6 do mensalão, no qual condenou a cúpula do PT (Partido dos Trabalhadores) por corrupção ativa e considerou que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu chefiou o esquema. Além do ex-ministro, que recebeu oito dos dez votos pela condenação, a Corte considerou culpados o ex-presidente do PT José Genoino (nove votos a um) e o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares (por unanimidade).

Rosa Weber afirmou, em seu voto na quinta-feira, que não há dúvidas da existência de "uma elaboração sofisticada para a corrupção de parlamentares" com dinheiro de recursos públicos. "Mesmo que fosse dinheiro limpo, não deixaria de ser propina." A magistrada concluiu que Delúbio não poderia ter agido por contra própria.

"Seria implausível que Delúbio comprometesse o PT em uma dívida de R$ 50 milhões sozinho. Ele seria uma mente privilegiada", ironizou. Segundo a magistrada, são responsáveis não só quem executou os pagamentos, mas quem mandou: "ou seja, todos."

Segundo Britto, inicialmente José Dirceu negou proximidade com Marcos Valério, mas, ao longo das investigações, "ficou claro o papel de central do ex-ministro". "O papel de centralidade de José Genoino está abaixo do papel de centralidade de José Dirceu."

Em nota, o ex-ministro disse que acatará a decisao do Supremo, mas não se calará: "Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência." Sua defesa afirmou ainda que a condenação por corrupção ativa não implica necessariamente na sua eventual condenação pelo crime de lavagem de dinheiro, a ser julgada nas próximas semanas.

Novo item

Após o voto de Ayres Britto, o relator deve iniciar o julgamento do item 7 da denúncia, que trata do crime de lavagem de dinheiro por deputados e assessores do PT, além de Anderson Adauto.

Serão julgados neste item os ex-deputados federais João Magno de Moura (PT-MG), Paulo Rocha (PT-PA) e Professor Luizinho (PT-SP). Além deles, são acusados também José Luiz Alves, ex-chefe de gabinete de Adauto, e Anita Leocádia, intermediária dos saques feitos a mando de Rocha.

Segundo a PGR, os seis réus, juntos, receberam R$ 2,3 milhões do valerioduto. Adauto teria recebido R$ 1 milhão, sob intermédio de José Luiz Alves; Rocha, R$ 920 mil, com ajuda de Leocádia; Moura teria recebido R$ 350 mil; e Luizinho, R$ 20 mil, por meio de um intermediário que não foi denunciado.

*Colaboraram Guilherme Balza e Janaina Garcia, em São Paulo