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Preso na época da ditadura, José Dirceu voltará à prisão por condenação no mensalão

Do UOL, em Brasília

12/11/2012 16h05Atualizada em 12/11/2012 16h07

Condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta segunda-feira (12) a cumprir pena de dez anos e dez meses de prisão por corrupção e formação de quadrilha, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, 66, irá para a prisão pela segunda vez.

Dirceu começou sua atuação política como líder estudantil e foi preso durante a ditadura militar (1964-1985), em 1968. Em 1969, era um dos 15 presos políticos que foram trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado por opositores ao regime.

Dirceu viu sua carreira política entrar em decadência ao ser apontado pelo delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), como mentor do esquema do mensalão, maior escândalo do primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu deixou o comando da Casa Civil e teve seu mandato na Câmara dos Deputados cassado pelos colegas em 2005 –o mesmo aconteceu com Jefferson.

Apontado como provável substituto de Lula antes do escândalo, Dirceu ficou inelegível e passou a atuar no PT de forma discreta. Foi substituído na Casa Civil por Dilma Rousseff, hoje presidente da República. Hoje, trabalha como consultor de empresas.

Foi enviado a Cuba, onde viveu como exilado político. No país caribenho, participou do Molipo (Movimento de Libertação Popular), organização criada pelos chamados 28 da Ilha –exilados que fizeram treinamento de guerrilha e voltaram clandestinamente ao Brasil para tentar retomar a militância.

Dirceu voltou duas vezes: na primeira, ficou no país entre 1971 e 1972 e, em 1974, com o nome falso de Carlos Henrique Gouvêa de Melo, instalou-se em Cruzeiro do Oeste (PR) e se casou com Clara Becker, mãe do deputado Zeca Dirceu (PT-PR). Com a anistia, voltou à legalidade, em dezembro de 1979.

Foi um dos fundadores do PT, em 1980. Desde então, atuou ativamente na legenda, sendo secretário de formação política, secretário-geral do diretório regional em São Paulo e secretário-geral do diretório nacional. Em 1995, assumiu a presidência do PT e foi reeleito por três vezes.

Dirceu foi deputado estadual em São Paulo em 1986 e, em 1990, elegeu-se deputado federal –cargo que voltou a ocupar com as eleições de 1998 e 2002.

Com a eleição de Lula, em 2002 –após participar de suas campanhas em 1989, 1994 e 1998-- Dirceu assumiu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, onde permaneceu até junho de 2005, quando o mensalão veio à tona. Deixou o cargo e retornou então à Câmara dos Deputados. Seu mandato foi cassado no dia 1º de dezembro do mesmo ano.

Dirceu sempre alegou que é inocente e afirma que não há provas materiais deu seu envolvimento no esquema ilícito.