Topo

Na TV, Haddad diz que Bilhete Único Mensal vai sair em 2013 e minimiza importância de Rosemary

Do UOL, em São Paulo

10/12/2012 23h32

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta segunda-feira (10) que o Bilhete Único Mensal --uma de suas principais promessas durante a campanha eleitoral--, deve ser implantado ainda em 2013, primeiro ano de seu mandato.

"No primeiro ano de governo, não sei em que mês ainda vou ter o diagnóstico disso. Vai depender dos estudos técnicos que estão sendo feitos em relação à questão tecnológica. Só para vocês saberem, quando prometemos o primeiro Bilhete Único, ele demorou dois anos para ser implantado", disse Haddad em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Em entrevista concedida em novembro ao jornal “Folha de S.Paulo”, o novo secretário de Transportes, deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), não garantiu o Bilhete Único Mensal para 2013. Segundo ele, implantar o sistema --uma das maiores promessas de Haddad durante a campanha--, avaliado em R$ 400 milhões, será um grande desafio.

Pela proposta, o passageiro pagará uma tarifa mensal única de R$ 140 (R$ 70 para estudantes) e poderá fazer quantas viagens quiser.

O prefeito eleito também indicou que deverá aumentar a tarifa de ônibus (que hoje é de R$ 3) no próximo ano, mas evitou adiantar um valor. "Eu não pretendo aumentar a tarifa acima da inflação em nenhuma hipótese. O meu comprimisso foi esse", disse.

Haddad também afirmou que não pediria que o atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), subisse o preço da passagem de ônibus na capital paulista antes do fim de seu mandato.

"Eu não acho que faça diferença, e eu nem pediria isso. O fato é o seguinte: tem um contrato de concessão, a tarifa está congelada há dois anos, não teve reajuste em 2012", disse.

Para melhorar o trânsito na cidade de São Paulo, Haddad ainda defendeu a construção de novos corredores de ônibus antes de, por exemplo, ampliar o rodízio ou criar o pedágio urbano.

“Eu não pretendo trabalhar com nenhuma restrição, em um primeiro momento, ao transporte individual, antes de retomar os projetos do transporte público. Nosso compromisso é construir 150 quilômetros [de corredores], além de modernizar a rede atual”, disse.

Haddad disse ainda que não é contra os incentivos dados para elevar o consumo de veículos, mas disse que, durante a semana, o trabalhador deveria preferir o uso do transporte público.

“Sou a favor que o trabalhador tenha acesso ao carro como bem de consumo durável. Todo trabalhador tem o direito de ter seu carro, sobretudo para lazer, para viagens, aos finais de semana. Mas, durante a semana, a melhor alternativa é o transporte coletivo”, disse.

Operação Porto Seguro

Questionado se havia ficado surpreso com os desdobramentos da operação Porto Seguro, da Polícia Federal, Haddad minimizou a importância de Rosemary Noronha, chefe do escritório da Presidência em São Paulo, no escândalo. Rosemary já foi indiciada por falsidade ideológica, corrupção passiva, tráfico de influência e formação de quadrilha.

A operação, deflagrada em novembro, revelou um esquema infiltrado em diversos órgãos federais para fraudar pareceres e acelerar processos que beneficiavam empresas privadas.

"Há um escritório da Presidência em São Paulo que raramente era usado pelo ex-presidente Lula. Era muito raro Lula vir despachar aqui, e ainda mais a presidente Dilma, que não tem residência em São Paulo. Alguns ministros às vezes despachavam de lá. Essa pessoa [Rosemary] era responsável por organizar o espaço, simplesmente isso. Cuidava do funcionamento do escritório quando tinha reuniões", disse Haddad.

"Vou aguardar as investigações, pra ver onde vão dar, e vou aguardar a defesa. O mais importante é mostrar à população que ninguém está imune a investigação. Não há mais espaço em que alguém esteja protegido. Até quem trabalha no escritório da presidência está sujeito a investigação", completou.

Anúncio

Durante o programa, Haddad anunciou o empresário e engenheiro José Floriano de Azevedo Marques Neto como seu secretário de Habitação. Marques Neto, que não é filiado a nenhum partido, foi indicado pelo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do PP (Partido Progressista), o mesmo do deputado federal Paulo Maluf (SP).

O apoio de Maluf à candidatura de Haddad causou, em junho deste ano, a saída de Luíza Erundina (PSB), que havia sido indicada para ser vice-prefeita na chapa encabeçada pelo petista.

Hoje, entre as atribuições da Habitação está a aprovação de empreendimentos de médio e grande porte --Haddad, porém, já anunciou que vai transferir a função para a Secretaria de Controle Urbano.

O Aprov, setor que vai ser transferido, protagonizou o maior escândalo da gestão Gilberto Kassab (PSD). Nomeado por José Serra (PSDB), em 2005, Hussain Aref Saab adquiriu 106 imóveis, avaliados em R$ 50 milhões, até deixar o cargo de diretor do Aprov, em abril. Aref é investigado por corrupção e enriquecimento ilícito. Ele nega as acusações.

Haddad ainda defendeu a substituição de secretários que não cumpram as metas estabelecidas para o primeiro ano de mandato.

"Nós precisamos ser mais generosos com a população. Se uma coisa não está funcionando, tem que trocar. Isso não é diminuir ninguém. Todo mundo tem que ter humildade de ver que errou", disse.

O petista afirmou que, ao final de 2013, fará um balanço das ações do governo. "Eu procurei escolher pessoas que pudessem dar conta do recado. E eu penso que, no final do primeiro ano, é necessário fazer um balanço", disse.