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Parlamentares da oposição protocolam novo pedido para investigar Lula na PGR

Em foto de 2002, o ex-presidente Lula joga futebol com o ex-assessor Freud Godoy (sem camisa) na Granja do Torto, em Brasília. Freud teria recebido dinheiro em nome de Lula, segundo Valério - Sérgio Lima/Folhapress
Em foto de 2002, o ex-presidente Lula joga futebol com o ex-assessor Freud Godoy (sem camisa) na Granja do Torto, em Brasília. Freud teria recebido dinheiro em nome de Lula, segundo Valério Imagem: Sérgio Lima/Folhapress

Camila Campanerut<br>Do UOL, em Brasília

12/12/2012 15h37Atualizada em 12/12/2012 18h29

Parlamentares do PSDB, DEM e PPS protocolaram nesta quarta-feira (12), às 15h30, representação na Procuradoria-Geral da República, em Brasília, em que pedem investigações com base no depoimento que o empresário Marcos Valério fez ao Ministério Público em setembro. Eles querem que a PGR investigue o ex-presidente ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de ter tido despesas pessoais pagas por Marcos Valério.

O documento toma como base as últimas informações dadas por Valério em depoimento fez ao Ministério Público, em setembro passado e, cujo teor foi divulgado na edição de hoje do jornal "O Estado de S. Paulo". 

“O depoimento de Valério diz que parte dos recursos desviados [no mensalão] foi para o ex-presidente -- recursos que o próprio Supremo Tribunal considerou ilícitos. É isso que nós queremos que seja investigado”, afirmou ao UOL o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).

Ainda ontem, Dias encaminhou à PGR um pedido de cópia da íntegra do depoimento de Valério, mas ainda não obteve resposta do órgão.  

O convite feito pela oposição para que Marcos Valério fale no Congresso Nacional foi protocolado ontem (11), mas só deverá ser colocado em votação na próxima semana. Caso não seja aprovado, devido à maioria governista nas duas Casas Legislativas, os senadores tucanos cogitam ouvi-lo em sessão fechada apenas com a presença de parlamentares e sem a participação da imprensa. 

Entenda as novas denúncias de Valério

Em depoimento ao Ministério Público em 24 de setembro, a que o jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso, o empresário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão, teria dito que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou dinheiro do esquema para "despesas pessoais". Os recursos teriam chegado a Lula por meio de depósito na conta da empresa de Freud Godoy, ex-assessor do petista.

Segundo o depoimento de Valério reproduzido pelo jornal, Lula teria ainda dado "ok" para empréstimos de Valério junto a bancos para financiar o esquema do mensalão. A contrapartida pela ajuda de Valério teria sido o pagamento da defesa do publicitário no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, no valor de R$ 4 milhões. O PT nega ter pago os honorários, e o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, não se manifestou.

As novas denúncias de Valério citam ainda o senador Humberto Costa (PT-PE) e o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho (PT). Sobre Costa, Valério afirma que Costa teria recebido, em sua campanha de 2002, R$ 512.337,00, por meio de  sua tesoureira de campanha, Eristela Feitoza. "Isso é um assunto requentado. Isso é um assunto de 2005, levantado e devidamente respondido", respondeu o senador.

Já sobre Marinho, Marcos Valério diz que ele teria sido o intermediário para a edição de uma medida provisória que beneficiou o banco BMG, dando à instituição exclusividade, por 90 dias, na exploração de crédito consignado. Em nota, o prefeito negou a acusação.

O depoimento de Valério ao MP acusa ainda Paulo Okamotto de tê-lo ameaçado de morte. Okamotto é o atual presidente do Insituto Lula e amigo pessoal do ex-presidente. Procurado pelo jornal, Okamotto disse que falará sobre o caso quando tiver mais informações.

Na França

Durante palestra em um fórum na França, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se manifestou sobre as declarações do empresário Marcos Valério Souza de que teria utilizado recursos do mensalão para pagar despesas pessoais do ex-presidente e que Lula teria dado ok a empréstimos do PT utilizados para aliados.

Outra denúncia agora revelada pelo depoimento de Valério afirma que o PT teria pedido ao publicitário R$ 6 milhões para que o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André (SP), deixasse de chantagear Lula, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo o jornal, Valério teria se recusado a interferir nesse caso. Em nota, Ronan nega conhecer Valério.

Na edição desta quarta-feira (12), o jornal trouxe mais revelações de Valério. Segundo o publicitário, dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, um “pedágio” às agências de publicidade que prestavam serviços. De acordo com Valério, 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT.

De acordo com o depoimento de Valério, a cobrança foi criada por dois ex-dirigentes do Banco do Brasil vinculados aos petistas: o ex-diretor de marketing condenado pelo STF no julgamento do mensalão, Henrique Pizzolato, e o ex-presidente do Banco Popular do Brasil, subsidiário do BB, Ivan Guimarães.