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Popularidade de Dilma não impede oposição de mostrar "abusos" do governo federal, diz Aécio

Rafael Motta

Do UOL, em Santos (SP)

04/04/2013 12h54

Em entrevista coletiva por conta de evento com prefeitos e políticos paulistas reunidos nesta quinta-feira (4) em Santos (72 km de São Paulo), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu que os altos índices de popularidade do governo e da presidente Dilma Rousseff (PT) não reduzirão os esforços da oposição em mostrar os “abusos” e “o uso da máquina pública [do governo federal] para efeitos eleitorais”.

Ao citar ditadura em discurso, Aécio fala em 'revolução de 64'

O termo é normalmente utilizado por militares que negam ter havido ditadura militar no país de 1964 a 1985.

Questionado, ele respondeu: "Ditadura, revolução, como quiserem. Ditadura, regime autoritário, que nós todos lutamos muito para que fosse vencido. Eu tive orgulho de, pelo menos, participar do finalzinho da luta pela reconquista da democracia no Brasil. A ditadura, não queremos que se repita".

Aécio é neto de Tancredo Neves, eleito indiretamente para ser o primeiro presidente pós-ditadura.

“Cada vez mais, as falhas, as omissões do governo e o caráter eleitoral das iniciativas do governo vão ficando claros”, disse ele, em entrevista coletiva. “O governo, hoje, é nosso maior aliado para mostrar suas falhas. O que nós temos que fazer enquanto oposição é denunciar esses abusos, o uso da máquina pública para efeitos eleitorais, a paralisia do governo, mas, também, apresentar propostas.”

Ele usou como exemplos a situação financeira da Petrobras e os problemas no escoamento da safra agrícola (que deverá ser recorde no país, neste ano) do Centro-Oeste para o porto de Santos. "No Brasil de hoje, ocorre o seguinte: o que depende do setor privado vai bem. Quando passa a depender do setor público, vai mal. Está aí a safra recorde que nós estamos colhendo”, disse. 

Aécio Neves, um dos nomes apontados para disputar a eleição presidencial de 2014 pelo PSDB, participa do 57º Congresso Estadual de Municípios, realizado pela APM (Associação Paulista de Municípios) no Mendes Convention Center, em Santos. Ele chegou ao local ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e da primeira-dama do Estado, Lu Alckmin, e foi recebido por uma banda e por gritos tímidos de “Brasil pra frente, Aécio presidente”.

O senador também criticou “o governo do PT” pela adoção de medidas provisórias. Para ele, o Planalto “submete o Congresso Nacional, talvez, à mais vexatória posição da sua história", porque não há discussão.

Durante o evento, ele ainda defendeu uma divisão tributária mais favorável aos municípios e criticou o “vigor” dos tributos instituídos pelo governo federal. Segundo o senador, a gestão Dilma investe pouco em políticas públicas e erra na maneira de desonerar os impostos. “Não pode haver bondades com o chapéu dos municípios e o dos Estados”, afirmou, dizendo que tais medidas podem ser tomadas –desde que prefeituras e governos estaduais tenham garantia de repasses a despeito na queda da arrecadação federal.

Aécio visitaria a cidade na sexta-feira (5), mas antecipou a viagem. Amanhã, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também cotado para disputar a corrida presidencial, discursará no congresso estadual.

Questionado se “seria bom vir com o Campos [no mesmo dia]”, Aécio brincou: “Não, eu prefiro vir com o Geraldo, você não acha?”.