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Leia a transcrição da entrevista de Fernando Pimentel à Folha e ao UOL

Do UOL, em Brasília

25/04/2013 06h00

O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) participou do "Poder e Política" http://uol.com/bgcnc1, programa do UOL e da Folha conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues  https://twitter.com/#!/FR_BSB. A gravação ocorreu em 23.abril.2013 no estúdio do Grupo Folha em Brasília e teve a participação do jornalista Valdo Cruz, da Folha.

 

 

Fernando Pimentel– 23/4/2013

Narração de abertura: Fernando Damata Pimentel tem 62 anos. Filiado ao PT, é o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff.

Pimentel é formado em economia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Foi prefeito de Belo Horizonte de 2003 a 2008.

Em 2010, Pimentel disputou a eleição para o Senado. Perdeu para os oposicionistas Aécio Neves, do PSDB, e Itamar Franco, do PPS.

Amigo antigo de Dilma Rousseff, Pimentel militou com a presidente quando os dois apoiavam a luta armada contra a ditadura militar, no final da década de 60.

Quando Dilma assumiu o Palácio do Planalto, em 2011, nomeou Fernando Pimentel para o seu ministério. Nesse mesmo ano, Pimentel teve seu nome envolvido em um escândalo: detalhes de seu trabalho como consultor privado foram divulgados e recaiu sobre ele a suspeita de praticar tráfico de influência. Agora, em 2013, ele continua sendo um dos ministros mais fortes do governo Dilma.

Folha/UOL:Olá, internauta. Bem-vindo a mais um "Poder e Política - Entrevista".

Este programa é uma realização do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL. E a gravação é realizada aqui no estúdio do Grupo Folha, em Brasília.

Está hoje nesta entrevista, também como entrevistador, o jornalista Valdo Cruz, da Folha de S.Paulo.

E o entrevistado desta edição do Poder e Política é o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

Folha/UOL: Olá, ministro. Muito obrigado por estar aqui no estúdio da Folha e do UOL. Eu começo perguntando o seguinte, uma pergunta de conjuntura: a atividade econômica ainda está lenta. A confiança dos empresários segue em baixa e os investimentos estão aquém daqueles 20 e poucos por cento do PIB que eram esperados por todos. Apesar disso, nos últimos dias, a gente assistiu o BC [Banco Central] aumentar os juros. Isso coloca em risco a retomada do crescimento?
Fernando Pimentel:Não. Decididamente, não. Nós não estamos voltando àquele patamar de juros que vigorou durante muito tempo. [Foram] 15 anos, praticamente, desde o Plano Real até recentemente, de juros reais na casa de 10%, 12%. Depois caiu um pouco para 7%. Então, esse patamar está superado. Nós não estamos voltando e eu creio que não vamos voltar a ele. O que houve foi uma pequena correção em função dessa suposta ameaça inflacionária. Não acho que prejudique.

Eu não acho, também, que nós temos uma crise de confiança do investimento. Não. Eu acho que nós temos o contrário: uma retomada, ainda que lenta, mais lenta do que a gente gostaria. Mas todos os sinais são de retomada gradual, lenta e segura, para lembrar os tempos da distensão política, do investimento no Brasil.

Folha/UOL: Mas, ministro, a gente observou, principalmente no ano passado [2012], uma parada dos investimentos. E muita gente atribuiu isso a um sentimento do setor empresarial de que o governo Dilma estava sendo muito intervencionista. E isso levou os empresários a pararem os investimentos. Como o sr. avalia essa visão do empresariado de que o governo é um pouco intervencionista?
Fernando Pimentel:Vamos por partes. Primeiro, não houve uma parada. Eu não tomei conhecimento de nenhum investimento que estivesse em curso e que o investidor ou o empresário tivesse dito: “Olha, vamos parar, não vamos continuar,  vamos interromper”. Não houve isso em nenhum momento.

Eu volto a dizer que tenho muita confiança nessa retomada. Ainda agora, acho que ontem ou anteontem [21 ou 22.abr.2013], foi divulgada uma pesquisa que, se não me engano, é semestral, feita pela agência Ernst-Young no mundo inteiro com 1.600 CEOs e executivos. [A pesquisa] aponta que o Brasil continua sendo o terceiro maior destino de investimentos do mundo. Perdemos para a China e para a Índia e ganhamos dos Estados Unidos.

Folha/UOL: Se é assim, para que aumentar os juros, ministro? Se o dinheiro está entrando, aumentou os juros para o quê? Se vai estar tudo controlado, não vai ter inflação?
Fernando Pimentel: Essa é uma pergunta que tem que ser feita para o Banco Central, que tem total autonomia para cuidar da política monetária. Então...

Folha/UOL: O sr. acha que o Banco Central teve razões, que ele já apresentou, que serviram para convencê-lo sobre a necessidade de aumentar os juros?
Fernando Pimentel:O que a ata do Banco Central diz...

Folha/UOL: O sr. se convenceu?
Fernando Pimentel:Mas eu não preciso ser convencido. Quem tem que se convencer são os diretores do Banco Central. É tarefa deles cuidar da política monetária.

Folha/UOL: O sr. achou uma medida correta?
Fernando Pimentel:Eu acho que, tendo partido da autoridade monetária brasileira, deve ter sido uma medida adequada e correta. [Uma medida] cautelosa, como a própria ata diz. Não foi exagerada. Respondeu a uma expectativa que havia do mercado, [o que] é importante também, porque, em grande medida, essa questão da inflação tem a ver com as expectativas muito mais do que com os índices reais... Então, é um bom momento.

Folha/UOL: A gente não está, ministro, rodando muito tempo com inflação na casa de 6%? Não sei se isso realmente não justifica uma ação do Banco Central quando você vê que a inflação nos últimos três anos ficou na casa de 6%.
Fernando Pimentel: Eu acho até que é mais do que nos últimos três anos. Pelo que a gente observa, a inflação de base no Brasil está nessa faixa de 5,5%... Entre 5% e 6%. Ela não supera isso, mas também dificilmente fica abaixo disso. Tem razões evidentes para essa questão. Os preços de serviços no Brasil são um pouco descolados dos demais preços. Nós temos uma certa pressão também do custo de trabalho... Porque a regra salarial no Brasil, que eu acho que é correta, de alguma forma pressiona também o custo de produção. Então, isso explica porque ela [a inflação] é mais alta. Eu não vejo nenhum problema nisso. Eu não acho que isso seja um problema estrutural para nós. Não é isso que impede o crescimento, a retomada dos investimentos... Então, tudo isso pode ocorrer normalmente.

Agora, eu acho que recuperando, retomando, a competitividade das nossas indústrias, a competitividade da economia como um todo, nós vamos ter uma inflação de base mais baixa do que isso. Então, para isso estamos trabalhando. É um processo um pouco mais lento, vai demorar um pouco mais de tempo, mas ela [a inflação] vai cair. Nesse momento ela está sob controle. Não há nenhum risco de um surto inflacionário.

Folha/UOL: A gente tem uma situação no Brasil de escassez de mão de obra por causa do pleno emprego. Isso é uma pressão para quem quer empregar, para os empregadores. Como resolver isso?
Fernando Pimentel: Resolve qualificando melhor a mão de obra, porque...

Folha/UOL: No curto prazo.
Fernando Pimentel:No curto prazo, o que pode nos ajudar, e está sendo discutido pelo governo com possibilidade de ser implementado, é abrir algumas janelas, algumas possibilidades de trazer mão de obra de outros países, mão de obra especializada da área de saúde, da área da engenharia, para suprir esse desequilíbrio entre a oferta e demanda de mão de obra, que é localizado. Ele não é generalizado. Ele é localizado. Por exemplo, nós temos hoje uma demanda muito forte de engenheiros que nós não vamos conseguir suprir no curto prazo, porque todas as medidas que o governo tem tomado de fortalecimento na educação na área de exatas vão levar tempo para produzir formados, diplomados. Então, nesse “gap”, nós podemos trazer engenheiros de fora. Mesma coisa na área de saúde, né?

Folha/UOL: Isso é para quando?
Fernando Pimentel:Isso está sendo discutido com as universidades, com os conselhos profissionais. Eu acredito que, ao longo desse ano, a gente possa ter notícias positivas. Formatar programas de intercâmbio de recepção de mão de obra de outros países. Especialmente dos países ibéricos: Espanha e Portugal.

Folha/UOL: O sr. citou essa questão que é a gente ter esse “gap” na formação de mão de obra e todo mundo está dizendo o seguinte: que, neste momento, essa até é uma evidências... Quando você chega ao nosso PIB potencial, que hoje o Brasil estaria preparado para crescer apenas 3%, porque crescer acima de 3% gera inflação. Como é que o governo vai conseguir sair dessa armadilha?
Fernando Pimentel:Não, eu não sei se nós temos uma questão assim tão balizada, de 3% para cima gera inflação. Não sei. Mas, de qualquer maneira, efetivamente você tem um limite. Não estou dizendo que seja 3%, mas tem um limite para o crescimento.

O crescimento sustentável, estável, ele deve estar mesmo nessa faixa de 3% e 4%. Talvez um pouco mais, de 4,5%. A partir daí você começa a ter problemas, porque advém dos gargalos logísticos, de uma pressão excessiva sobre o mercado de mão de obra...

Folha/UOL: De 3% a 4,5% é uma distância grande, ministro. Qual que o sr. acha que é o limite atual?
Fernando Pimentel:Não sei te dizer. Eu teria que fazer cálculos que eu nunca fiz, que são esses que o Valdo está mencionando de PIB potencial.

Mas, de qualquer maneira, é claro para nós todos, a sociedade brasileira sabe disso, que nós estamos enfrentando agora um bom problema, que é o problema de resolver os gargalos estruturais do país. Esse problema só surge quando a economia ganha a dimensão que ganhou. O Brasil, hoje, é a 5ª ou 6ª maior economia do mundo. E, com essa dimensão, gargalos que antes passavam despercebidos ou não eram tão graves tornam-se, de fato, empecilhos à continuidade do crescimento. Então, é o caso dos portos, dos aeroportos, das estradas, das ferrovias. Tudo isso está sendo enfrentado. Leva algum tempo? Leva. Nós estamos fazendo grandes pacotes de concessão, grandes intervenções no campo de obras para resolver isso. Isso vai levar 2, 3 anos para resolver. Enquanto isso, nós temos que conviver com taxas de crescimento que não são exuberantes, mas serão mais do que suficientes para sustentar o pleno emprego e o crescimento da renda das pessoas.

Folha/UOL: [Sobre] essa questão das concessões que o sr. citou agora, os empresários reclamaram muito de uma disposição do governo de tentar tabelar a taxa de retorno, ou seja, a lucratividade que eles teriam com esses projetos. Inclusive, levou o governo a suspender alguns leilões que estavam previstos e estão refazendo essas taxas de retorno. Qual vai ser essa taxa de retorno e como é que o sr. avalia essa visão dos empresários de que o governo queria tabelar a taxa de retorno deles?
Fernando Pimentel:Não. Aquilo foi um acidente de percurso, digamos assim. Provavelmente, esse edital a que se refere essa crítica correta dos empresários foi um edital que foi colocado na rua sem uma revisão adequada. Tanto que foi retirado, já foi revisto.

Eu não sei te dizer qual é a taxa adequada. Certamente, não será uma taxa exuberante, de 12%, 15%, 18%, 20% de retorno. Mas vai ser uma taxa adequada. Nós temos sempre que pensar que a taxa básica de juros no Brasil hoje é bem inferior, é bem menor do que foi no passado. Então, a taxa de juros de 1,75%, 2% real, ela induz a uma taxa de retorno nesse tipo investimento que não pode ser muito superior. Ela pode ser 3, 4 vezes superior, mas não pode ser 10 vezes superior. Nós não vamos ter uma taxa de juros real de 2% e uma taxa de retorno de 20%, 25%. Então, nesse intervalo aí é que nós vamos achar o equilíbrio. Deixe o mercado trabalhar que ele acha também.

Folha/UOL: Pois é. Mas, então, deixando o mercado trabalhar, tem alguns empresários ou banqueiros... Por exemplo, André Esteves, do BTG Pactual, diz que o melhor seria deixar só a livre concorrência... O mercado decide qual é a taxa de retorno. Por que a livre concorrência pura não serve para o Brasil?
Fernando Pimentel:Não, mas serve. Em alguns casos, serve. Eu acho que a questão que está posta é nós... Porque o Brasil está entrando em uma fase, e eu acho que todo mundo sabe disso, em que nós estamos, de alguma forma, nos expondo à competição, expondo a regras de mercado setores que nunca foram expostos à isso.

Folha/UOL: Tipo? Qual setor?
Fernando Pimentel:Portos, não tinha porto privado no Brasil até recentemente. Ferrovias, não tinha ferrovias privadas. Rodovias, algumas são pedagiadas, mas a maioria não é. Aeroportos, não tinha nenhum aeroporto privado no Brasil até recentemente.

Então, nós estamos entrando em um território novo. Um território em que o Brasil nunca transitou. E entrar no território como esse envolve uma certa cautela por parte do Estado, por parte dos agentes econômicos. Então, eu acredito que nós vamos passar uma fase de experimentação em que o governo, necessariamente, terá que ser cauteloso, terá que ter uma regulamentação adequada.

Folha/UOL: Quanto tempo dura essa fase?
Fernando Pimentel:Não sei. Eu acho que o tempo necessário para que a gente ache os pontos de equilíbrio.

Folha/UOL: O sr. está dizendo que depois vai ser possível não ter mais uma taxa de retorno fixa?
Fernando Pimentel:Não. Eu não quero chegar ao detalhe, se vai ter ou não vai ter uma taxa de retorno fixa. Eu quero dizer que nós estamos tentando achar –“nós” é o Brasil, não o governo– qual é o nosso modelo ideal, qual é o modelo de equilíbrio. Certamente, não é desregulamentação total, como foi feito no governo [Ronald] Reagan, nos Estados e que depois recuaram, voltaram atrás e voltaram a regulamentar, não excessivamente, mas de forma adequada. Nós vamos achar esse ponto.

Folha/UOL: O governo já abandonou aquela ideia de fazer uma taxa de retorno de 5,5%, que o empresariado considerou muito baixa. Eles estão querendo pelo menos 8%, que é a taxa básica de retorno, não a taxa alavancada. O que o sr. acha ideal? Entre 5,5% e 8%, o que poderia ser?
Fernando Pimentel:Eu dar números seria leviano porque eu não estou estudando os editais. As equipes que estão encarregadas disso certamente têm muito mais condição de dar esse número. Mas você já deu a base. Não será 5,5%. Estão querendo 8%. Pode chegar a 8%? Não sei. Possivelmente, sim. Com toda certeza, alguma coisa nesse intervalo será um ponto de equilíbrio e, aí, a concorrência vai definir isso. Vamos deixar a concorrência trabalhar.

Folha/UOL: Deixar a concorrência trabalhar?
Fernando Pimentel: Com certeza.

Folha/UOL: Pode chegar a 8%? Possivelmente, sim? Pode chegar a 8%, é isso?
Fernando Pimentel: Imagino que sim. Não vejo porque não.

Folha/UOL: Ministro, desoneração tributária. O governo, ao longo dos últimos meses, já anos, vem desonerando alguns setores. Qual é o critério objetivo que é usado para fazer essas desonerações tributárias?
Fernando Pimentel: Primeiro, não são alguns setores. São muitos setores. São 47 setores entre os que já foram beneficiados e os que serão a partir de janeiro de 2014 já anunciados.

O objetivo final no caso, por exemplo, da folha de pagamento é desonerar, trocando a base de tributação da folha, toda a cadeia industrial de manufaturados. E, agora, estendeu-se isso para alguns setores de serviços também, que eu acho importante. No fundo, nós queremos reduzir o custo de trabalho no Brasil. Essa é a questão. Então, no que diz respeito às desonerações relacionadas com a folha de pagamento, tem um conceito por trás: é preciso reduzir os custos de trabalho no Brasil. Isso é consensual no país entre empresários, trabalhadores e governo. E está sendo feito e vai continuar sendo feito. [Esse é o] ponto número um.

Ponto número dois: há em curso também um movimento, uma tentativa de dar melhor racionalidade à tributação. Tanto à tributação federal quanto à tributação dos Estados. Aí eu me refiro ao PIS/Cofins, que está sendo objeto de um estudo aprofundado da Fazenda para propor um novo modelo. Ainda não está pronto, mas nós já temos alguns indícios disso. E há a emenda da lei do ICMS que está sendo discutida, que eu espero que seja aprovada, que vai, definitivamente, sanar essa questão da alíquota interestadual. Então, nós temos um segundo movimento de fundo que eu não chamaria de uma reforma tributária, porque esse nome ficou um pouco desgastado com o tempo. Mas, com certeza, uma remodelação importante do sistema tributário brasileiro.

E terceiro: existem intervenções pontuais temporárias, como é o caso do IPI da linha branca, do IPI de automóveis, que é aplicado pelo ministro da Fazenda, pelo Ministério da Fazenda, para resolver problemas de mercado. Está caindo a venda de um determinado produto, aquilo coloca em risco a indústria, você pode desonerar temporariamente. Depois volta o tributo.

Folha/UOL: A impressão que a gente tem olhando de fora é que tem alguns setores que podem até ser empregadores intensivos, mas são muito organizados, têm um lobby muito eficaz e esses têm mais sucesso em conseguir alguns tipos de desonerações. E alguns setores menos organizados, não. Existem essas críticas. Como o sr. responde a elas?
Fernando Pimentel: Não. Eu acho que aí o que você está se referindo claramente é ao setor automobilístico que, de fato, é muito organizado...

Folha/UOL: Tem o aço também. Tem vários, não é?
Fernando Pimentel: ... e tem uma ação muito efetiva, mas, não por coincidência, é um setor que responde por 5% do PIB total do Brasil e 20% do PIB industrial. Então, por si só, isso demonstra a necessidade de que você atenda, quando pleito é correto, e nesse caso era correto, a demanda do setor. Então, não vamos confundir, o setor que é muito organizado não é porque caiu do céu a organização, é porque corresponde à uma realidade econômica e social.

olha/UOL: Aço, móveis, sucata, têxtil, carnes...
Fernando Pimentel: Todos eles são importantes. Não tem nenhum desses que você falou que seja desimportante. Ninguém falou, por exemplo, na produção de pirulitos. Certamente não é importante para o PIB brasileiro. Deve ser importante para as crianças.

Folha/UOL: [risos] Para as crianças são, ministro.
Fernando Pimentel: [risos]

Folha/UOL: Do ponto de vista geral, a impressão que se tem é que o sistema com essas desonerações ajuda alguns setores, eventualmente...
Fernando Pimentel: Ajuda a economia como um todo.

Folha/UOL: Ajuda a economia, mas vai tornando mais complexo o sistema tributário brasileiro, que é cada vez mais cheio de particularidades. Isso aí ajuda a atrair investimentos?
Fernando Pimentel: Não. Não. Claro que ajuda, Fernando. É a primeira vez que eu ouço alguém dizer que reduzir impostos torna mais complexo o sistema tributário. Ao contrário, reduzir impostos simplifica. O ideal é que nem houvesse impostos. Não é assim que os empresários falam?

Folha/UOL: Mas não há uma redução linear, não é?
Fernando Pimentel: A redução linear é outra história. Por isso eu falei que tem três movimentos. Tem um movimento claro, assumido não pelo governo, mas pela sociedade brasileira, de que é preciso reduzir o custo do trabalho. Nós estamos fazendo [isso] desonerando a folha de pagamento. [Ponto] um.

Dois: ao lado disso, há um movimento também de fundo, que tem a ver com o PIS/Cofins de um lado e com o imposto estadual, que é o ICMS, de outro. Uma remodelação também para reduzir custo.

Terceiro: aí sim tem reduções pontuais do IPI em algumas cadeias produtivas atendendo às necessidades de mercado.

Eu não vejo isso nenhum espanto. Pelo contrário. Eu acho que se está atendendo a uma demanda histórica da economia e da sociedade brasileira e o fruto disso, certamente positivo, nós vamos começar [a colher]. Já estamos colhendo um pouco, mas vamos começar a colher com mais vigor nos anos vindouros.

Folha/UOL: Ministro, mudando um pouco para comércio exterior. A gente está percebendo um movimento no mundo. A reação da economia mundial está muito lenta. Isso está levando a impactos na nossa balança comercial. Nós temos risco de ter déficit da balança comercial neste ano?
Fernando Pimentel: Não. Déficit não. Nós vamos ter um superávit que, eu diria, não vou dizer que vai ser menor do que o ano passado, mas vai ser mais ou menos no padrão do ano passado. Se conseguirmos isso, eu acho que vai ser um bom resultado. Porque...

Folha/UOL: Se conseguir empatar com o ano passado vai ser um bom resultado?
Fernando Pimentel: Vai ser um excelente resultado. Por quê? Porque a economia no mundo inteiro, como você disse, está em retração. Os mercados internacionais estão em retração. Os preços das commodities não reagiram, ainda, na forma como se esperava, não voltaram aos padrões pré-crise. Então, há uma dificuldade grande no comércio geral. O Brasil enfrenta isso com as armas que tem. Nós, de fato, perdemos a competitividade da nossa indústria de manufaturados. Hoje, nós não somos mais exportadores de manufaturados.

Folha/UOL: Por que aconteceu isso?
Fernando Pimentel: Todo o esforço que o governo está fazendo é para recuperar essa competividade, para voltarmos a ser, mas, em compensação...

Folha/UOL: Está relacionado com o dólar?
Fernando Pimentel: Está relacionado um pouco com o câmbio, com certeza, mas está relacionado com uma grande mudança do padrão industrial no mundo inteiro que tornou os produtos das economias asiáticas praticamente imbatíveis. Os manufaturados asiáticos hoje são, do ponto de visto de custo, de preço, são imbatíveis no mundo inteiro.

Então, esse processo está em curso ainda, não mudou. A Europa está em crise profunda. O Estados Unidos tenta sair da crise, ainda não conseguiu alavancar. A Ásia... Mesmo a China, que continua crescendo, mas num ritmo inferior ao que crescia antes, impôs portanto restrições ao comércio de mercadorias no mundo inteiro.

Agora, nós somos grande produtores de commodities e aí somos competitivos. E não há mal nenhum nisso. Quem acha que exportar commodities é uma, eu diria, uma coisa menor, uma coisa desprezível, está completamente equivocado. O mundo vai ser cada vez mais consumidor de commodities. Então, o país que saiba produzir commodities com o preço baixo, com o custo baixo e adequado às condições de mercado, será sempre um grande player global. E o Brasil tem condições de fazer isso. Está fazendo na mineração, no agronegócio, no setor mineral e agrícola em geral. Então, isso nos ajuda muito. Agora, nós precisamos recuperar a nossa capacidade de exportação de manufaturados.

Folha/UOL: É possível isso?
Fernando Pimentel: É possível.

Folha/UOL: É possível competir com os asiáticos?
Fernando Pimentel: Eu acabo de chegar agora, essa semana, da cerimônia de posse da nova diretoria da Anfavea, que é Associação [Nacional] dos Fabricantes de Veículos [Automotores]. Não fui eu que propus. Quem propôs foi o novo presidente da Anfavea no seu discurso de posse. [Ele] colocou como meta, veja bem, como meta para os fabricantes de veículos nacionais... Ele quem está falando, o setor privado, exportar um milhão de veículos em 2017. Baseado em quê? Baseado no funcionamento do regime automobilístico, que é o Inovar-Auto, que está modernizando todas as cadeias produtivas desse setor no Brasil. Atraindo investimentos, expandindo as linhas de produção, incorporando novas tecnologias, agregando mais valor, conteúdo local. Então, é um acerto da nossa política industrial nesse caso. E eu estou dizendo isso corroborado por uma meta colocado pelo setor privado. Eles colocaram como meta: “Nós vamos exportar um milhão de carros em 2017”.

Folha/UOL: A propósito, o sr. viaja com a presidente Dilma Rousseff para a Argentina nesta semana e havia uma previsão de no meio deste ano, em junho, haver a livre circulação de automóveis entre Brasil e Argentina. Autopeças a gente sabe que a Argentina não tem sido muito amigável em relação a esse prazo. O que o sr. acha que vai acontecer? O prazo vai ser cumprido ou não?
Fernando Pimentel: Eu não sei te dizer. Do ponto de vista do Brasil...

Folha/UOL: Vai bater o pé?
Fernando Pimentel: Não. O Brasil não tem nenhum problema com o livre comércio a partir de junho. O acordo automobilístico entre Brasil e Argentina prevê livre comércio e nós não temos nenhum problema com isso.

Folha/UOL: Se a Argentina pedir para postergar, o que o Brasil vai dizer?
Fernando Pimentel:
Postergar nas mesmas bases em que o acordo funciona hoje, não vejo também problema.

Folha/UOL: Como assim?
Fernando Pimentel: Porque, hoje, como é que funciona? Você não paga impostos entre os países sobre autopeças e sobre carros 0 km fabricados em um país ou no outro. A Argentina é superavitária em relação ao Brasil nos carros, ou seja, ela vende mais carros 0 km do que compra do Brasil, mas é deficitária em autopeças. Ou seja, ela compra muito mais autopeças do Brasil do que vende. Então, é como se nós estivéssemos comprando carros argentinos só que são feitos com peças brasileiras. No global, somando carros e autopeças, nós temos o superávit, o Brasil tem o superávit, entendeu? E, certamente, esse superávit cresceria se viesse o livre comércio. E eu acho que os Argentinos não querem aumentar o superávit. Então, uma boa proposta seria prorrogar. Bom, vamos prorrogar nas bases em que está hoje e a gente discute o que fazer.


Folha/UOL: O sr. acha exequível prorrogar, então?
Fernando Pimentel:
Eu acho que sim. Não veria problema nenhum. Embora, para nós o ideal é ir para o livre comércio.

Folha/UOL: Não, mas é isso que eu iria dizer. Não haveria problema porque a situação é relativamente favorável ao Brasil hoje, porém ela poderia melhorar. Aí, o Brasil cederia essa condição melhor para atender o apelo do país vizinho, nesse caso?
Fernando Pimentel: Mas não houve esse apelo ainda.

Folha/UOL: Mas se houver?
Fernando Pimentel:
Mas se houver é uma hipótese que tem que ser discutida a partir da proposta deles. E que será, em última instância, decidida pelas duas presidentas que vão se encontrar agora, nesta semana.

Folha/UOL: Mas, assim, para resumir: mantendo no atual patamar, na atual condição, o sr. acha bom para o Brasil?
Fernando Pimentel: Veja bem, se isso for uma demanda da Argentina, eu não vejo porque não atendê-los. A Argentina é um grande parceiro comercial nosso. A Argentina é uma economia muito integrada com a nossa. Nós queremos que seja cada vez mais integrada.

Folha/UOL: O que o Brasil ganha cedendo nesse caso?
Fernando Pimentel: Nesse caso, nós ganhamos a manutenção de um ambiente econômico que nos é favorável.

Folha/UOL: Sim. Mas o que o Brasil ganha a mais?
Fernando Pimentel: Mas precisa ganhar mais? A relação entre os países é uma relação sempre de cooperação, não é uma relação de você... Aliás...

Folha/UOL: É uma relação comercial, não é?
Fernando Pimentel: É. Mas eu queria dizer uma coisa que talvez as pessoas não entendam. O ideal do comércio internacional não é você ter superávits gigantescos permanentes. O ideal do comércio internacional é você ter balança comercial crescente, cada vez maior. Ou seja, você exporta cada vez mais e importa cada vez mais, mas os saldos tendem a serem equilibrados. Por que eu digo isso? Porque esse é o caminho da prosperidade de todos. Todo mundo cresce ao mesmo tempo.

Folha/UOL: Precisa convencer a China primeiro, não é?
Fernando Pimentel:Não. Mas a China... Veja bem o que eu vou lhe dizer. É claro que nós não vamos poder confrontar isso, mas nos próximos 10 anos, seguramente, a China vai diminuir significativamente o seu superávit.

Folha/UOL: Ministro, o ambiente na Argentina, para onde vocês estão indo, não está muito propício para as empresas brasileiras. A Vale do Rio Doce, agora se chama Vale, há pouco tempo cancelou o projeto na Argentina. A Petrobrás está planejando desinvestimentos na Argentina. A Deca idem. Ou seja, não existe um ambiente propício para os empresários brasileiros. E isso vocês vão levar para a presidente argentina discutir?
Fernando Pimentel:Olha, eu não sei a pauta do encontro privado que vai haver entre a presidenta Dilma e a presidenta Cristina Kirchner.

Folha/UOL: Mas o sr. fez algumas sugestões, não fez?
Fernando Pimentel:[risos] Veja bem. A minha tarefa como ministro do Comércio Exterior é suprir a nossa presidenta dos dados necessários para ela fazer uma boa discussão, ter uma boa interlocução com a presidenta do país vizinho, do país irmão. Mas quem sou eu para sugerir um roteiro? Isso vai ser feito lá, pelas duas presidentas. Eu acho que nós temos que ter com a Argentina uma relação muito equilibrada, muito madura.

A Argentina está vivendo um período de dificuldades econômicas. Não é segredo para ninguém. O governo Argentino não vai se sentir ofendido de ver um ministro brasileiro reconhecendo que a situação deles é de dificuldade e que o Brasil quer ajudar e precisa ajudar. Agora, a forma de ajudar tem que ser discutida entre as duas presidentas. Eu acho que nós podemos melhorar muito...

Folha/UOL: Sobre essas empresas, o que pode ser feito?
Fernando Pimentel:Muita coisa pode ser feita. Nós podemos incentivar mais a integração produtiva com a Argentina. Agora, para isso, é preciso também que o governo Argentino remova algumas barreiras que hoje existem ao investimento e ao comércio.


Folha/UOL: Quais, por exemplo?
Fernando Pimentel:
Tem umas Declarações Juramentadas [Antecipadas] de Importação. As Djai. Isso significa um entrave.

Folha/UOL: O sr. poderia explicar o que é isso para o leitor, para o espectador entender?
Fernando Pimentel:O governo argentino criou já, no ano passado, uma tipo de declaração prévia, antes de importar, o importador [argentino] de produtos [brasileiros] tem que fazer uma declaração dizendo o que quer importar. E essa declaração ainda não é uma licença de importação, é um pré-aviso. E essa declaração é submetida a diversos ministérios para saber se eles concordam com aquela intenção de importar ou não. Isso está demandando um tempo muito grande. Tem declarações lá, tem formulários de Djai preenchidos há 400 dias e que não foram atendidos ainda.

Bom, qual é a questão? Num primeiro momento, parece que é para entravar o comércio e, com isso, melhorar o saldo comercial da Argentina, que é uma questão para eles hoje vital, porque eles têm dificuldade de captar dólares pelo lado financeiro, então tem que captar pelo lado comercial. Mas essa é uma questão de curto prazo. Eu acho que a questão mais séria não é essa. É que o investimento... Qualquer investidor quando vai para um país –o caso do Brasil é claro, mas a Argentina não é diferente– ao ir para aquele país, ele vai ter que importar coisas. Montar uma fábrica em qualquer país significa importar uma parte dessa fábrica. Tecnologia, máquinas, equipamentos etc. Se para importar eu tenho uma barreira que me leva a atrasar 300, 400, 500 dias na importação de um produto, eu vou pensar uma, duas, três, cem vezes antes de fazer esse investimento. Então, esse é um entrave, e eu certamente poderia me estender mais nesse exemplo, mas não é necessário... Esse é um entrave de longo prazo. É um entrave que as autoridades argentinas criaram para, talvez, melhorar o saldo da balança comercial, mas que, no longo prazo, em uma perspectiva mais abstrata, está atrapalhando o investimento na Argentina.

Folha/UOL: Mas, do jeito que o sr. apresenta o problema, parece que, se houver uma decisão administrativa do governo argentino acelerando a tramitação dos Djai ou removendo esse processo burocrático, tudo isso estaria correto?
Fernando Pimentel:
Não. Tudo ainda não. Esse é um passo importante, mas faltam outras coisas.

Folha/UOL: Mas o Brasil com o BNDES poderia ajudar essas empresas que estão lá? Tem alguma coisa que o governo brasileiro poderia fazer por essas empresas ou não?
Fernando Pimentel:Não. O BNDES não pode emprestar dinheiro para empresas argentinas, exceto se elas estiverem no Brasil. O BNDES empresa dinheiro para empresas brasileiras que operam no Brasil e para empresas brasileiras que vão operar fora do Brasil. É isso o que ele faz. Já tem feito.

Folha/UOL: Mas o governo poderia fazer um apelo para as [empresas] brasileiras continuarem lá? Alguma coisa assim?
Fernando Pimentel: Mas, aí, é entrar em uma decisão que é, tipicamente, empresarial, não é?

Folha/UOL: Uma coisa que as empresas brasileiras que estavam lá e estão saindo reclamam muito é a questão da taxa cambial deles.
Fernando Pimentel:Isso.

Folha/UOL: Que é a questão do dólar lá, que, hoje, parece que têm dois tipos de câmbio. Isso é um entrave também para o investimento?
Fernando Pimentel:Eu acho que sim. Certamente, é uma dificuldade. Você tem um câmbio oficial na faixa de 5 pesos por dólar e o câmbio paralelo, pela última cotação que eu vi é de 8,10 ou 8,20 [pesos por dólar]. É uma diferença muito grande entre a oficial e a paralela. No Brasil, nós não temos o câmbio paralelo porque o câmbio flutuante resolve esse problema. A Argentina não adotou esse modelo e tem essa dificuldade. Eu acho que é uma dificuldade real.

Agora, não cabe a nós, o governo brasileiro, estar dando orientações, conselhos e palpites na política econômica da Argentina. Eles saberão o que fazer. Certamente, tomarão providências. Eu só mencionei esse episódio das Declarações Juramentadas porque essa sim é uma questão que diretamente afeta o meu Ministério, que cuida do comércio exterior, e é um entrave real às exportações brasileiras para a Argentina. E eu estou chamando a atenção para o fato de que isso não só prejudica o comércio, mas, no longo prazo, prejudica também o investimento.

Folha/UOL: Isso vai estar na agenda da presidente Dilma com a presidente Cristina Kirchner?
Fernando Pimentel:Não. Não acredito que chegue a esse nível de detalhe. Isso é coisa para ministros tratarem entre si. Eu posso tratar disso com a minha contraparte na Argentina mas...

Folha/UOL: O sr. deve tratar na sua viagem?
Fernando Pimentel:
Se houver a oportunidade, com certeza. Mas isso jamais vai entrar em uma discussão de presidentes. É um detalhe muito pequeno.

Folha/UOL: Falando em dólar, ministro, qual é a cotação ideal para a nossa taxa cambial??
Fernando Pimentel:
Aí, sobre câmbio, eu não posso falar porque eu estaria...

Folha/UOL: Pode, pode. Aqui o sr. pode. Aqui é autorizado [risos].
Fernando Pimentel: [risos] Não. Eu acho que o câmbio brasileiro melhorou muito. Nós já tivemos uma taxa muito pior do que a de hoje.

Folha/UOL: A taxa de hoje é ruim então??
Fernando Pimentel:
Não. Tivemos uma taxa muito pior do que a de hoje. Hoje é uma taxa boa, equilibrada. Eu diria que é um câmbio que dá, pelo menos, perspectiva de competitividade para a nossa indústria. Não é o ideal? Certamente não é. Seria leviano eu dizer essa é a taxa ideal. Agora, qual é a taxa ideal? Bem, isso aí mais adiante nós vamos ver. O câmbio flutua, o câmbio flutua.

Folha/UOL: Dois para um não é ideal?
Fernando Pimentel: Não, não... Eu diria para você o seguinte: o câmbio ideal é aquele que vai levar o Brasil a retomar a sua exportação de manufaturados. Quanto vai ser, eu não sei. Mas vamos aguardar para ver. Mas nós vamos retomar [a exportação de manufaturados]. E tem um milhão de carros em 2017 [a serem exportados] prometidos pelo setor privado. Vamos ver com qual taxa de câmbio que vai ser.

Folha/UOL: Está parecendo resposta de tucano, ministro.
Fernando Pimentel:
Não. Resposta de mineiro. Não tem nada a ver com tucano.

Folha/UOL: [risos] É verdade.
Fernando Pimentel: [risos]

Folha/UOL: Escuta, ministro, o governo aportou grandes quantias de recursos nas empresas do grupo empresário Eire Batista, que hoje sofre um pouco de descrédito por parte de alguns investidores. O governo está preocupado com esse caso específico? E de que forma?
Fernando Pimentel:
Eu acho que o governo se preocupa com o Eike Batista como se preocupa com qualquer grande empresário, qualquer grande grupo de empresas brasileiras que precise de aporte, de ajuda para continuar operando. O Eike é um grande empresário. Tem uma presença muito forte na economia brasileira. É um empresário comprometido com o país, o investimento dele é todo aqui, dentro do Brasil. Então, eu acho que nós temos que ter, sim, preocupação porque é preciso que uma empresa como a dele tenha capacidade, tenha saúde econômica e financeira para continuar operando. Ponto. Vai até aí. Não vejo nisso nada além do que o governo tem que fazer. O governo tem que cuidar das empresas brasileiras. Se nós não cuidarmos, quem cuidará?

Folha/UOL: Ele [Eike Batista] errou na dose, ministro?
Fernando Pimentel: Não sei. Não vou avaliar. Isso é o mercado que tem que dizer. E o próprio Eike, que é um empresário maduro.

Folha/UOL: O mercado está dizendo que sim porque está tendo uma queda de valor das ações.?
Fernando Pimentel:
Mas olhe, veja bem, a precificação, ela varia. Tem muitas variáveis. Tem muitos fatores, alguns até subjetivos, para precificar uma ação em bolsa. Pode ser que as ações tenham estado excessivamente valorizadas algum tempo atrás. Pode ser que hoje elas estejam excessivamente desvalorizadas. Eu acredito que o mercado vai achar um equilíbrio nas ações das empresas do empresário Eike Batista. Não vai ser tão alto como foi. Também não vai ser tão baixo quanto está agora. Por que eu estou dizendo isso? Porque as empresas são boas. Os projetos do Eike são bons projetos. Ele tem projetos importantes e com boas perspectivas de futuro. Agora, evidentemente, o mercado está avaliando. Eles têm que performar. Ele teve dificuldade no caso do petróleo porque os poços que ele perfurou não foram tão produtivos quanto se esperava. O negócio de petróleo é um negócio arriscado. A própria presidenta da Petrobras [Maria das Graças Foster] outro dia observou isso. Disse: “Olha, isso aí tem risco, não é?”

Folha/UOL: Foi um recado para ele, o sr. acha?
Fernando Pimentel: Não. Eu acho que ela disse no geral, porque vale para a própria Petrobras também, não é?

Folha/UOL: Mas, olha só, o empresário Eike Batista tomou muito dinheiro emprestado. Não é só do governo. Dos bancos privados, dos bancos estatais. Fala-se que no mercado, Bradesco e Itaú, são cerca R$ 10 bilhões. A Caixa emprestou. Se ele vier a quebrar, fragiliza o sistema bancário?
Fernando Pimentel:
Mas eu não vejo esse risco. Eu não vejo que as empresas do Eike vão quebrar. Não tem por que quebrar. Ele tem empresas sólidas o suficiente para atravessar. Ele tem uma conjuntura adversa nesse momento, mas atravessa. Fez uma boa associação...

Folha/UOL: A gente nunca sabe. É igual poço de petróleo, não é ministro? Pode acontecer, não é?
Fernando Pimentel: Não. Uma das empresas dele é petróleo. Ele tem empresas de logística, ele tem empresas de construção naval. Ele tem várias empresas. De mineração. Então, eu não acho. Eu acho que é um momento difícil, adverso para ele. Mas ele está superando. É um empresário capaz, responsável. Eu acho que ele vai sair dessa dificuldade e vai sair bem. É a minha aposta e o meu desejo também. Eu torço para que todas as empresas brasileiras tenham sucesso.

Folha/UOL: Tem uma expressão que se popularizou na crise de 2008, com a Lehman Brothers, que “é muito grande para quebrar”. Tem algumas que não podem quebrar. O grupo do Eike é muito grande para ser deixado para quebrar??
Fernando Pimentel:
Não sei. Seria leviano dizer isso porque pareceria que eu estou desmerecendo outros e exagerando em alguns casos. Eu acho que ninguém é suficientemente grande para merecer atenção exagerada, mas ninguém é pequeno o suficiente para a gente achar que pode quebrar. Ninguém pode quebrar. As economias que tiveram sucesso, desde o século passado é assim, são aquelas economias que cuidam das suas empresas, que cuidam do seu tecido econômico, que não permitem quebradeiras, que lamentam quando uma empresa vai mal, vai em dificuldades. Então, é tarefa do governo cuidar bem de todas as empresas.

Folha/UOL: O sr. está satisfeito com o estado do capitalismo brasileiro?
Fernando Pimentel: Pois é. Essa é uma boa pergunta. Eu vou dizer por quê. As pessoas, às vezes, se esquecem disso. Eu vejo muito uma certa confusão. Então, eu, como ministro, quero dizer agora o seguinte, em alto e bom som: o Brasil é um país capitalista. Num país capitalista, os trabalhadores têm emprego e salário. E vivem dignamente com seus empregos e com seus salários. E os empresários têm lucro. Trabalham e ganham dinheiro. E é assim que deve ser. E essas duas coisas juntas, movimentadas, é que asseguram prosperidade ao país, à economia. E é assim que é no Brasil e é assim que tem que ser.

Então, às vezes, estranho um pouco determinado tipo de crítica que ignora esse fato. No país capitalista é normal os empresários terem lucro. E é normal que os trabalhadores tenham um emprego. Inclusive, mais normal ainda, que tenham um pleno emprego e bons salários. É isso que nós queremos.

Folha/UOL: Por que o sr. está falando isso??
Fernando Pimentel:
Eu estou falando porque, às vezes, eu vejo cronistas econômicos desconhecendo essa realidade e tratando o empresário que tem muito lucro como se fosse um pecado. Ou aquele que vai mal como se fosse um amaldiçoado. E reclamando do pleno emprego! Como se fosse uma maldição. Nós temos todos os trabalhadores brasileiros empregados e ganhando bem. E dizendo, até alguns, que apregoam que devia ter desemprego. Eu acho espantoso isso na coluna ou na boca de um analista econômico: “É bom ter desemprego”.

Folha/UOL: Mas dizem que, nessa questão do lucro, reclamar de que empresário tem muito lucro, é gente de dentro do governo que faz essa avaliação.
Fernando Pimentel: Não. Então, eu sou ministro do governo da presidenta Dilma Rousseff e estou dizendo aqui: o governo da presidenta Dilma Rousseff acha que a sociedade brasileira é capitalista e, no capitalismo, o empresário tem que ter lucro. Mas trabalhador tem que ter emprego e ganhar bons salários. Aquele que diz que tem que ter desemprego é o equivalente a dizer que o empresário não pode ter lucro.

Folha/UOL: Isso que o sr. está falando não é contraditório com impor taxa de retorno em determinados investimentos??
Fernando Pimentel:
Mas nós não estamos. O governo não está impondo taxa de retorno. O edital que você mencionou foi retirado e foi revisto.

Folha/UOL: Não. Mas haverá um teto. Quer dizer, o lucro tem que ter um máximo para o lucro, não é isso? Quando tem uma taxa máxima, é uma taxa máxima.
Fernando Pimentel: Eu não sei se tem que ter um máximo para o lucro. Eu acho que tem ter regras que permitam que a atividade econômica se processe de forma a ser estável, permanente e sustentável. Isso é uma coisa. Agora, tem teto para o salário também, não é? Então, eu não vejo, também, nenhum dificuldade para que a sociedade brasileira discuta, assim como discute o juro, por exemplo, discuta adequadamente os retornos daquilo que é concessão privada. Não vejo nenhum pecado nisso aí. Nós não estamos interferindo. Nós não estamos proibindo que o empresário aplique o seu dinheiro e tenha lucro legítimo. Tomara que tenha bastante. Agora, tomara que com o lucro ele reinvista. E tomara que os trabalhadores continuem tendo emprego. Eu quero dizer isso porque, às vezes, me estranha quem diz que precisa ter desemprego no Brasil.

Folha/UOL: Deixe-me encerrar o caso Eike Batista e perguntar sobre caso do estaleiro Jurong, nem sei se é assim que se pronuncia. O sr. atuou a favor da mudança de local da construção desse estaleiro??
Fernando Pimentel:
Não, não, não.

Folha/UOL: O que aconteceu?
Fernando Pimentel: Isso aí é um grande mal entendido. Nunca teve nada disso. Eu atendi aos diretores da Jurong que vinham ao Brasil, como atendo aos diretores de qualquer grande empresa que venha ao país discutir investimentos no país. Eles não vieram determinar localização.

Aliás, eu sempre disse isso, vou repetir aqui: o governo federal não discute localização de empreendimentos industriais ou comerciais no país. Quem discute isso são os governos locais, os Estados e municípios. O que o governo federal faz? Isso o meu ministério trabalha nessa direção. O governo federal cria as condições macroeconômicas para atrair aquele investidor, aquele empresário, aquela fábrica, aquela indústria para o Brasil. Uma vez que ele decide vir, a localização da planta dele ele vai decidir de acordo com os benefícios, com as características...

Folha/UOL: O sr. fala dos telegramas, dos pedidos??
Fernando Pimentel:
Mas isso é a coisa mais normal do mundo. O empresário solicita... Ele quer uma entrevista comigo. Como Cingapura é uma economia toda ela estatal, para ele ter uma entrevista comigo, ele precisa de um convite. Então, ele pede que eu mande uma carta. Isso é normal.

Eu recebo todo dia três, quatro, cinco grupos do mundo inteiro que querem discutir investimentos. Todos eles ou me pedem ou são convidados e vão ao ministério. Nunca houve discussão de mudança de local. Tanto é verdade que a Jurong está, agora, anunciando, definitivamente, começando a obra definitiva lá no Espírito Santo.

Folha/UOL: Política. Nós estamos observando agora... Já estamos em um debate antecipado da campanha eleitoral do ano que vem. E a gente percebe certos movimentos nos bastidores do próprio governo tentando provar uma lei no Congresso para restringir a criação de novos partidos, o que está sendo visto como uma atitude do governo para tentar limitar o número de adversários no ano que vem. Como é que o sr. vê essa avaliação? O governo está atuando para diminuir os adversários? Ela [Dilma Rousseff] quer menos adversários no ano que vem?
Fernando Pimentel: Não. Eu não tenho essa avaliação. Eu não acho que isso está acontecendo. E não acho que o governo tem nada a ver com isso. Eu acho que o que está acontecendo é uma discussão de fundo no Parlamento que envolve os partidos políticos.

No caso, o meu partido, que é o PT, sempre, desde a sua fundação, defendeu a tese de que os mandatos são do partido, da legenda, e não da pessoa. Sempre defendemos isso. Você sabe disso perfeitamente bem. Então, o que agora a bancada do PT está discutindo e está trabalhando com essa tese, e parece que também a bancada do PMDB, é que os mandatos são do partido. Bom, se são do partido, quando o parlamentar mudar de partido, ele não pode levar nem o fundo partidário nem o tempo de televisão.

Se nós queremos partidos fortes, nós temos que trabalhar pela fidelidade partidária. Fidelidade partidária significa [que] o mandato é do partido. Você não pode sair do partido e levar os benefícios do mandato para outra legenda. É simples assim. Se você for eleito por outra legenda, tudo bem.

Folha/UOL: A tese é correta, é válida. Mas, agora, nesse  momento, não soa oportunismo, casuísmo??
Fernando Pimentel:
Não. Pelo contrário. Soa como coerência com a história de 33 anos do PT que sempre trabalhou por essa tese. Incoerência é de quem trabalhava com essa tese quando era necessário e agora quer mudar de opinião porque quer mudar de partido. Isso é o que eu acho que está acontecendo. O governo não tem nada com isso. É uma discussão partidária.

Folha/UOL: Ministro, essa coerência do PT não funcionou quando o PT apoiou, e até ajudou nos Estados, o ex-prefeito [de São Paulo] Gilberto Kassab a montar um partido de 50 deputados [o PSD].
Fernando Pimentel: Mas mérito do Kassab. Eu não sei onde é que o PT ajudou a montar [o partido].

Folha/UOL: Não, não, não. O governador Jaques Wagner ajudou o Kassab lá na Bahia. Vários líderes petistas nos Estados ajudaram o Kassab até porque a matéria prima do Kassab não viria do PT, ele iria subtrair deputados de outros partidos. Aí, o PT foi a favor.?
Fernando Pimentel:
Bom, eu acho que o que você está dizendo aí, você está se referindo a uma coisa subjetiva.

Folha/UOL: Não, bem objetiva: é um partido de 50 deputados.
Fernando Pimentel: Não, [é] subjetiva. Alguns líderes do PT viram com bons olhos a iniciativa do ex-prefeito Gilberto Kassab de construir um partido. Ótimo. Agora, ninguém quebrou regra nenhuma para ele fazer esse partido. Não houve quebra de regra. Ninguém interferiu em nada. Ele fez o partido pelos méritos dele.

O que nós estamos discutindo aqui é outra coisa. O que nós estamos discutindo aqui é o seguinte: ao fundar, ao criar um novo partido, você deve levar o tempo de televisão e o fundo partidário? Eu acho que não. E a maioria da bancada, se não toda a bancada do PT e boa parte da bancada do PMDB, também acha que não. É isso que está em discussão na Câmara.

Folha/UOL: O sr. acha que o Eduardo Campos deve ser candidato pelo PSB para disputar com a presidente Dilma? Hoje, eles são aliados de vocês no governo federal.?
Fernando Pimentel:
Eu sou do PT, né? Nós, certamente, vamos ter candidato a presidente da República. Aliás, ela já está lá na Presidência. Eu acredito que vai ser a nossa candidata. Eu quero crer que ela vai ser a nossa candidata. O PSB é outro partido. Eles têm que discutir se eles vão ter candidatura ou não.

Folha/UOL: Na sua experiência de político, quem o sr. acha que são os principais candidatos a presidente no ano que vem?
Fernando Pimentel: O principal, na minha opinião, vai ser a candidata do PT, que eu quero que seja a presidenta Dilma. Ela ainda não é candidata. Está longe do ano da eleição. Mas eu estou dizendo a minha opinião pessoal...

Folha/UOL: Mas o ex-presidente Lula já a lançou, ministro.?
Fernando Pimentel:
Pois é. Mas ele é ex-presidente. Eu sou ministro. Então eu não posso ficar lançando candidaturas. O que eu estou dizendo é que, em minha opinião pessoal, como militante do partido é que, se nós formos apresentar uma candidatura, e acho que devemos, essa candidatura deve ser da presidenta Dilma à reeleição. Mas isso, ao seu tempo, o partido vai decidir. Quanto aos outros, eu não vou falar nada. Eu não sou nem do PSDB, nem do PSB, nem dos Democratas.

Folha/UOL: Mas o sr. enxerga um quadro possível no que vem com quais candidatos?
Fernando Pimentel: Eu acho que daria aquela resposta do interior de Minas. Com esses mesmos que estão aí, né? [risos]

Folha/UOL: Como é que é??
Fernando Pimentel:
Não é assim que se fala no interior de Minas? Com esses que estão aí, né? [risos]

Folha/UOL: O sr. é candidato a algum cargo eletivo no ano que vem?
Fernando Pimentel: No ano que vem você me pergunta que eu respondo [risos]. Está longe ainda.

Folha/UOL: O sr. deseja??
Fernando Pimentel:
Veja bem. O meu nome é sempre lembrado para ser candidato a governador no estado de Minas Gerais. Essa simples lembrança me honra muito. Eu fui prefeito de Belo Horizonte. Fui candidato a senador, não ganhei aquela eleição. E me honra muito ser lembrado. Agora, dizer que eu sou candidato um ano e meio antes só serve para a gente pagar multa depois de a Justiça Eleitoral dizer que a gente está fazendo campanha antecipada. Não tem objetivo nenhum dizer isso aqui. Eu só me sinto honrado. E no ano que vem nós vamos discutir quem será o candidato em Minas.

Folha/UOL: O atual vice-governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho...
Fernando Pimentel: Meu amigo.

Folha/UOL: ... É sempre também citado como um possível candidato a governador de Minas Gerais. Ele é filiado ao PP, que hoje é um partido que apoia o governo da presidente Dilma Rousseff no plano federal. É possível haver uma aliança com ele??
Fernando Pimentel:
Não vejo nenhum motivo para não ter. O PP, como você disse, é um partido da nossa base, um partido respeitado. Hoje, ele está na base do governo estadual do governador Anastasia [do PSDB, adversário do PT], mas em política as coisas podem mudar. Eu não vejo motivo para descartar a possibilidade de uma aliança com o PP.

Folha/UOL: O PT, o seu partido, poderia, inclusive, apoiá-lo, se ele for o candidato?
Fernando Pimentel: Se o PT achar que sim, que não vai lançar candidato próprio, por que não? Pode-se estudar, se ele estiver no nosso campo. Neste momento, ele não está, né? O PP, em Minas, não está no nosso campo. Está nacionalmente, mas não em Minas. Isso tudo depende das conversações políticas que vão haver no tempo adequado.

Folha/UOL: Quem são os aliados preferenciais em Minas do PT neste momento??
Fernando Pimentel:
Veja, nós temos uma aliança em Minas Gerais já consolidada, que pode, inclusive, vir a se transformar em um bloco parlamentar na Assembleia Estadual, que é o PT, o PMDB, o PRB e o PCdoB. Esses quatros partidos. Isso pode ser ampliado ao longo do tempo. Mas, nesse momento, essa é a aliança estratégica com que se trabalha em Minas Gerais. É o nosso campo.

Folha/UOL: Ministro, aquele caso lá atrás, antigo, da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Em que pé ficou esse caso? Quando um dos conselheiros, Sepúlveda Pertence, saiu [da comissão], recomendou que o sr. enviasse mais explicações. Como ficou esse caso?
Fernando Pimentel: Está superado. Eu enviei todas as explicações necessárias e a Comissão de Ética arquivou [o caso] por entender que não havia qualquer irregularidade. Então, aquilo ali não tem mais nenhuma decorrência.

Folha/UOL: Uma última coisa em economia. Quanto o Brasil cresce neste ano??
Fernando Pimentel:
Você quer um número, né? Número são sempre perigosos, né? Eu vou dizer que vai ser mais do que ano passado, com toda certeza.

Folha/UOL: Isso é fácil. No ano passado, [o crescimento] foi 0,9%. Se fosse menos que o ano passado...
Fernando Pimentel: Não. Não é tão fácil, não. É difícil. Tudo é difícil. Mas vai ser mais do que o ano passado. Mas não vou dizer um número, né? As projeções variam muito. Já vi números de 4%, 4,5% e números de 3%, 2,5%.

Folha/UOL: Todo mundo falando entre 3%, 3,5% não é??
Fernando Pimentel:
Eu acho que essa é uma boa aposta. Alguma coisa nesse intervalo.

Folha/UOL: Entre 3%, 3,5%?
Fernando Pimentel: Então vamos trabalhar para isso.

Folha/UOL: Vai dar pra crescer mais ano que vem??
Fernando Pimentel:
Eu acho que sim. Eu acho que, se a economia continuar no ritmo que ela está indo, especialmente os investimentos que foram retomados com grande força agora nesse primeiro trimestre, eu acho que nós podemos, aí sim, pegar a velocidade adequada e atravessar este ano e o ano que vem com taxas nessa proporção. Vamos trabalhar pra isso.

Folha/UOL: Ministro Fernando Pimentel, muito obrigado por sua entrevista à Folha de S.Paulo e ao UOL.
Fernando Pimentel: Eu que agradeço. Agradeço a vocês e aos nossos internautas.

Folha/UOL: Eu agradeço também ao Valdo Cruz, que esteve aqui hoje conosco, ajudando na entrevista.