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Suzana estava em situação de defesa e de 'suicídio impossível', diz legista da USP

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

09/05/2013 12h24

O legista e professor da USP (Universidade de São Paulo) Daniel Munhoz afirmou nesta quarta-feira (9) que a análise dos resíduos encontrados na mão de Suzana Marcolino apontam que a vítima estava em posição de defesa, não de suicídio, com maior quantidade de vestígios encontrados na palma da mão.

Para o legista, isso descarta a possibilidade de suicídio, como fora alegado pela primeira equipe de perícia. Responsável pela segunda perícia, Munhoz prestou depoimento no júri popular dos quatro ex-seguranças acusados e informou que testes garantiriam a versão de impossibilidade do suicídio.

“Fizemos uma filmagem para ver por onde saem os resíduos. E vimos que é pelo tambor e pelas laterais da arma. Na posição citada pelos peritos, o polegar e o indicador fecham a passagem para a região palmar”, disse o perito.

“Em outras palavras, isso quer dizer que é impossível que o resíduo atinja a região palmar. O único modo de isso ocorrer é se ela estivesse com as mãos ao lado da arma, que é uma posição de defesa, impossível de suicídio.”

“Concordamos com vários pontos do primeiro laudo, mas tivemos algumas discordâncias em alguns. Um deles é que constataram maior concentração de resíduos na região palmar de Suzana, mais que no dorso da mão”, afirmou Munhoz.

“Pela empunhadura que eles mesmos mostram no laudo, é totalmente inviável ela ter atirado em si mesma. Isso, segundo a conclusão feita pelos próprios peritos. Se havia mais concentração de resíduos na palma da mão, a posição anômala, como é chamada, não poderia ter essa característica.”

A versão vai ao encontro da tese apresentada anteriormente pelo perito criminal Domingos Tochetto, que afirmou que não havia sangue nem resíduos de tiro nas mãos de Suzana Marcolino, o que descartou a hipótese de suicídio.

Acusação x Defesa

AcusaçãoDiz que houve duplo assassinato e que os quatro réus têm conhecimento sobre a autoria do crime
DefesaDiz que o crime foi passional. Suzana Marcolino teria matado PC Farias e em seguida se suicidado

Arma longe do corpo

Ainda segundo Munhoz, o suicídio só poderia ter ocorrido se a arma estivesse encostada. “Todas as estatísticas mostram que o suicida atira com a arma encostada. Isso é simples: o suicida está querendo morrer, mas não quer sofrer. Então ele vai mirar a arma no local que acha mais fatal, que ali atirando morre rapidamente”, disse.

Segundo ele, os primeiros peritos levantaram essa hipótese, mas, afirmou, “o orifício do tiro jamais ficaria dessa forma se a arma estivesse encostada, com esse aro de esfumaçamento”.

“A detonação da carga propelente teria feito a arma recuar 3 centímetros. Fomos testar essa hipótese e vimos que, na prática, não há nenhuma possibilidade”, assegurou, citando que testes apontaram que o tiro foi dado a 3 centímetros de distância.