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Oposição diz que irmãos Viana fazem grampos ilegais no Acre

Francisco Costa

Do UOL, em Rio Branco

27/05/2013 13h05

A oposição reagiu à tentativa dos irmãos Tião e Jorge Viana, do Acre, de desqualificarem o trabalho da Policia Federal que resultou na prisão de empresários e secretários de Estado durante a operação G-7.

Na tarde do último sábado (25), durante plenária do Partido dos Trabalhadores (PT), o governador do Acre, Tião Viana (PT), disse que as provas incluídas na representação judicial são falsas.

O senador Jorge Viana (PT), irmão de Tião, afirmou que um dos seus adversários políticos influenciou as perícias da PF e que as interceptações telefônicas deveriam passar por auditoria.

Em resposta aos ataques, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) disse que o Partido dos Trabalhadores no Acre e suas lideranças estão agindo para “difamar, criminalizar e desqualificar” o trabalho do Tribunal de Justiça e da Policia Federal.

“A PF é a instituição mais séria desse país. É inadmissível que apenas porque eles [governo de Tião Viana] estão sendo investigados, agora querem colocam o trabalho da PF sob suspeita”, disse Petecão.

Central de escuta

O senador afirmou que Jorge Viana não pode reclamar de interceptações telefônicas porque o governo do Acre possui há dez anos uma central de escuta e gravação telefônica israelense que ouve mais de 400 conversas simultâneas.

O equipamento tevea compra autorizada pelo Ministério da Justiça, por meio do convênio (486771/Siafi), que repassou R$ 500 mil ao governo acriano. O termo de aquisição foi assinado em 31 de dezembro de 2003, no ex-governo de Jorge Viana (1999-2007). As gravações foram regulamentadas por meio de decreto, assinado no governo de Tião Viana, em 2011.

“Eles agem na ilegalidade, ninguém sabe se tem autorização para grampear as pessoas. Aqui no Acre todo mundo tem medo de falar ao telefone, porque sabe que pode estar sendo espionado.”

O secretário de Justiça Estadual, Reni Graebner, confirmou a existência do equipamento e o uso dele. “O governo não vai bisbilhotar ilegalmente a vida de nenhum cidadão. A legalidade do sistema é conferida pelo Judiciário e Ministério Público por meio de relatórios e até fisicamente. O nosso foco é o combate ao crime organizado e ao narcotráfico”, declarou.

Policia Federal

Acusado por Jorge Viana de manter relações familiares e pessoais com o encarregado da perícia da Policia Federal do Acre que teria trabalhado na operação G-7, o deputado federal Flaviano Melo (PMDB-AC) negou qualquer contato particular com agentes e delegados federais.

O UOL apurou que o agente federal Roberto Feres, acusado de ser amigo de Melo, está afastado das funções há dois anos. E que na verdade o senador Jorge Viana e o governador Tião Viana é que possuem parentes que trabalham na Superintendência da Policia Federal, mas que não participaram das investigações e prisões da G-7.

“Eles (Jorge Viana e Tião Viana) fazem as coisas erradas e culpam a gente? Eu não tenho nada com isso, absolutamente. Nunca soube de nada dessa operação, de forma nenhuma”, disse Melo.

“Ao final, essas tentativas de desqualificar o trabalho da PF vão se sobrepor ao trabalho técnico e às provas coletadas que evidenciam os crimes. Prova disso são os pedidos de liberdade que estão sendo negados pelo STJ”, informou assessoria da PF do Acre.