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Gurgel diz que Protógenes o acusou após ele ter requerido investigações

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

29/05/2013 15h59Atualizada em 29/05/2013 16h48

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quarta-feira (29) que as acusações feitas pelo deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP) de que ele e sua mulher, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio, teriam aceitado propina são “canalhice”.

Protógenes acusou a subprocuradora de ter recebido R$ 280 mil do banqueiro Daniel Dantas, do banco Opportunity, para que ela emitisse parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) favorável à quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de Protógenes.

As acusações foram feitas em uma palestra realizada pelo deputado no dia 9 de maio na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), subseção de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.

Na ocasião, o deputado também disse que Dantas teria oferecido dinheiro a Gurgel, sem falar em cifras, e US$ 20 milhões a um delegado da Polícia Federal. Por conta disso, a defesa de Dantas entrou com uma queixa-crime no STF contra Protógenes por calúnia e injúria.

“Na verdade, não dá para ficar discutindo ou batendo boca com uma pessoa que está sendo investigada, uma pessoa em relação à qual pesam suspeitas gravíssimas e que curiosamente faz essas afirmações logo depois de, em um inquérito que tramita no STF, eu ter requerido uma série de diligências investigatórias”, afirmou Gurgel.

“Parece que ele ficou extremamente preocupado com o que poderá ser o resultado dessas diligências requeridas e então reagiu dessa forma intolerável, inaceitável.”

Gurgel disse que ainda estuda que medidas tomará contra ele. “Essa reação é uma óbvia tentativa de obter o impedimento do procurador-geral da República e também de obter de ministros do Supremo. Porque, se eu tomo qualquer providência contra essas calúnias, eu fico impedido de atuar nesse caso.” Ele acrescentou, porém, que não cairá “nessa armadilha” e continuará investigando o caso.

Quando era delegado da PF, Protógenes comandou a Operação Satiagraha em 2008, que incluiu a prisão de Dantas. O banqueiro ficou menos de um dia na prisão após ser solto por uma decisão do STF.

A operação da PF acabou anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) que considerou que houve ilegalidades e uso de arapongas. Protógenes acabou condenado a três anos e 11 meses de prisão por fraude processual e violação de sigilo funcional, porque ele teria vazado dados da operação.

Quando assumiu como deputado, ele ganhou foro privilegiado, e o caso subiu para o Supremo.

Inicialmente, a subprocuradora Cláudia Sampaio havia pedido o arquivamento da investigação contra o deputado, mas, no fim de abril, voltou atrás após vir à tona a informação de que Protógenes teria uma conta bancária no exterior e que a Polícia Federal teria encontrado na sua casa R$ 280 mil em dinheiro.

Diante disso, o ministro do Supremo Dias Toffoli determinou a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal de Protógenes.