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Após xingar manifestantes de Maceió, secretário de Educação de Alagoas deixa o cargo

Postagem do secretário de Estado da Educação e do Esporte de Alagoas, Adriano Soares da Costa - Reprodução/Facebook
Postagem do secretário de Estado da Educação e do Esporte de Alagoas, Adriano Soares da Costa Imagem: Reprodução/Facebook

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

12/07/2013 14h07

O advogado Adriano Soares Costa, que respondia até a noite desta quinta-feira (11) pela SEE (Secretaria de Estado da Educação) de Alagoas, informou nesta sexta-feira (12) que deixou o cargo, ocupado por ele havia cerca de dois anos.

Desde a manhã desta sexta que Costa está reunido com o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), no palácio do governo. O teor do encontro ainda não foi divulgado.

Irritado com as manifestações populares que estavam ocorrendo em Maceió, alusivas ao Dia Nacional de Lutas, Costa usou o Facebook para xingar manifestantes sugerindo que eles fossem “tomar no c...”.

O ex-secretário também afirmou que integrantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)  estavam sendo pagos para saírem às ruas para segurar bandeiras.

 

A atitude do então secretário de Educação de Alagoas foi duramente criticada por educadores, que classificaram a atitude e as palavras usadas por Costa como indevidas para um gestor, principalmente para uma pessoa pública que representa a Educação de Alagoas.

“O movimento teve adesão de milhares de funcionários públicos, inclusive da SEE. A atitude do secretário de Educação em criticar os protestos vai até de encontro com a atitude do governo, que foi de liberar os servidores para participar das manifestações”, disse a presidente da CUT-AL, Amélia Fernandes Costa.

Para ela, as palavras usadas por Soares no Facebook mostraram a “administração desastrosa que ele vinha fazendo à frente da secretaria”. “Isso mostra a deseducação que ele tem e está fazendo com os alunos da rede estadual de ensino”, completou a presidente da CUT-AL.

Após a repercussão negativa, Soares foi chamado pelo governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), para uma reunião urgente no próprio apartamento do governador, localizado na beira-mar da praia de Ponta Verde, em Maceió.

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“Ontem, depois da história do vídeo, ponderei que preciso da minha vida de volta. Cansei da vida pública. Estou farto de defender a tantos e do silêncio pouco solidário de alguns”, disse Costa.

“Estive com o governador e entreguei o meu cargo de modo irrevogável. Tivemos uma longa conversa, expus meus motivos e posso novamente voltar à minha vida, à advocacia e aos meus livros, além de recompor a minha família.”

Outros casos

Há dois anos à frente da pasta da Educação de Alagoas, Soares vinha enfrentando críticas devido a problemas não resolvidos na SEE desde que assumiu o cargo, como escolas sucateadas, falta de aulas, professores e reformas nos prédios que chegaram a atrapalhar e atrasar o ano letivo de 2011 e 2012.
 
Após o desabamento da escola Dom Constantino Lüers, em Campo Alegre (a 85 km de Maceió), que deixou 15 alunos feridos, o MP (Ministério Público de Alagoas) expediu uma recomendação que fossem feitas reformas nas escolas. No documento, o órgão informou que existiam 40 prédios de escolas da rede estadual com problemas estruturais e risco iminente de acidentes.
 
O ano letivo de 2012 foi prejudicado com o atraso das obras nos prédios das escolas. Em março do ano passado 174 escolas iniciaram o ano letivo, porém 151 unidades continuaram paradas. Em junho, metade do ano, o MP divulgou que 4.000 alunos ainda não haviam assistido nenhuma aula sequer relacionada ao ano letivo de 2012 por conta do atraso na reforma das escolas, iniciadas em fevereiro.