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ONG de combate à corrupção diz que 92% querem reforma política com consulta popular

Do UOL, em Brasília

08/08/2013 11h23

O coordenador do grupo da reforma política na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), reuniu na manhã desta quinta–feira (8) representantes de entidades sindicais e de movimentos da sociedade civil para debater o tema.

Em parceria com a OAB (Ordem dos Advogados d Brasil), o diretor do MCCE (Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral), Márlon Jacinto Reis, disse que 92% dos brasileiros querem que a reforma política seja de iniciativa popular.

Ele apresentou os resultados de pesquisa encomendada ao Ibope pelo movimento e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para saber a avaliação da população sobre o tema. “Esse dado significa que a sociedade não está muito confortável em delegar a tarefa para setores considerados diretamente interessados, que são os detentores dos mandatos”, 

O MCCE, grupo que participou da elaboração da Lei da Ficha Limpa, defende a redução de custos das eleições, a diminuição do número de candidatos para cargos no Legislativo e proibição de doações por empresas a candidatos ou partidos políticos e a permissão para que debates eleitorais comecem antes do período eleitoral, entre outras.

Em sua exposição aos parlamentares Márlon Jacinto Reis, se restringiu a demonstrar sua preocupação com o que chamou de “crise de representação” da sociedade em relação aos políticos que compõem o parlamento. A fala dele teve apoio de todos os presentes.

“Há uma crise de representação (...). Há uma deslegitimação crescente das instituições. Deslegitimação é tudo que nós, democratas, não queremos”, salientou Reis.

Durante a primeira audiência do grupo, Antonio Lisboa, membro da Executiva Nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), defendeu uma maior representação na política de grupos considerados "minoritários" como índios e homossexuais. Além deles, Lisboa destacou a necessidade de uma maior da presença da mulher na política.

Como sugestão, Lisboa se apresentou favorável à mudança do atual financiamento de campanha política de privado para o público. A ideia é impedir caixa 2 e que os financiadores vinculem seu patrocínio a participações em contratos do futuro eleito. “Esse modelo no Brasil leva a alguns tipos de irregularidades que não tem fim”, assinalou.

Balanço

Lançado há duas semanas, o portal da reforma política, hospedado no site da Câmara, recebeu até ontem (7) 16 mil visitantes. Foram deixadas por internautas 16.012 mensagens nos fóruns e mais de 52 mil votos em 2.179 ideias diferentes.

Entre as ideias mais populares sugeridas pelos cidadãos, Vaccarezza destacou cinco: fim das “regalias”, como cota parlamentar; criar mecanismos para regular e limitar os salários dos parlamentares (para o público, é um “absurdo” que a decisão seja feita por eles mesmos); o fim do voto obrigatório; votação aberta em todos os casos na Câmara e do Senado; e o fim dos cargos comissionados.

Cronograma

Na reunião da comissão de hoje, o deputado divulgou um cronograma de trabalho. Além da audiência pública desta quinta-feira (8), o parlamentar anunciou que fará no próximo dia 15 outra audiência pública para permitir que todas as centrais sindicais e movimentos da sociedade civil interessados possam ser ouvidos. No dia 22, Vaccarezza marcou uma reunião de trabalho com os demais integrantes da comissão para definir como será feito o processo de votação das propostas recebidas pela população referente à reforma política. (Com Agência Câmara)