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'Fui condenado previamente pela mídia porque era presidente do PT', diz Genoino sobre o mensalão

Genoino durante velório do ex-ministro Luiz Gushiken, em setembro deste ano - Mauricio Camargo/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Genoino durante velório do ex-ministro Luiz Gushiken, em setembro deste ano Imagem: Mauricio Camargo/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

11/11/2013 18h56

O deputado federal José Genoino (PT-SP) disse nesta segunda-feira (11) que a mídia o condenou “previamente” por participação no mensalão porque, na época dos acontecimentos, ele era presidente do PT. A afirmação foi feita em entrevista ao economista Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.

“Fui condenado pela mídia previamente porque era presidente do PT. Sou inocente, não cometi nenhum crime”, disse Genoino. O deputado foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a seis anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, além de ter sido multado em R$ 468 mil. Na semana passada, a defesa do petista apresentou recurso ao Supremo no qual citam uma música de Chico Buarque

Na entrevista, Genoino afirmou que a condenação lhe causa uma “experiência de um novo tipo de discriminação, de preconceito”, mas disse que não guarda ressentimentos. “Eu aprendi na vida a não ter ódio, nem ressentimento. Faz mal, prejudica.”

PENAS DO MENSALÃO

  • Arte/UOL

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Questionado por Pochmann sobre uma “onda conservadora” na política nos últimos anos, o petista respondeu que “a direita procura criar um moralismo tacanho”.

Ao longo da entrevista, Genoino defendeu a realização de uma reforma política no país, exaltou a trajetória do PT no poder e lembrou, em vários momentos, da Assembleia Constituinte que criou a Constituição de 1988.

O parlamentar deixou o hospital em 20 de agosto e protocolou na Câmara um pedido de aposentadoria por invalidez. O deputado afirmou hoje que “está se recuperando processualmente.”

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PT e Brasil

Ao comentar a trajetória do PT, Genoino afirmou que o partido é “uma experiência que ensina” e disse que o partido acumulou acertos e erros enquanto esteve no poder. “Os perfeitos e puros são os mais hipócritas e fariseus da história da humanidade.”

“Nós percebemos, com base na experiência concreta, que era necessário fazer uma política de alianças e adotar um programa de governo que agregasse setores não petistas”, disse, citando a escolha de José Alencar, à época do PL, para ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o deputado, “o PT mudou o Brasil e o Brasil mudou o PT” em uma “relação dialética. “Nós temos que ter esse lema: mudar o Brasil mudado. Sem nós, sem o PT, o Brasil não teria sido mudado. O PT desinterditou a agenda do Brasil. Quanto o partido chegou ao poder, a discussão era privatização, juros, superávit primário.”

Genoíno disse que o desafio da sigla é “universalizar direitos”. “Direito a segurança pública democrática, saúde pública, educação de qualidade e ao transporte público.”

Reforma política

Durante boa parte da entrevista, Genoino defendeu a realização de uma reforma política, a partir de um plebiscito, proposta levantada pela presidente Dilma Rousseff após os protestos de junho. “Sem uma reforma política, a direita vai continuar criminalizando, judicializando, deslegitimando a política. Temos que fazer um movimento de reformismo radical pela reforma política. O Congresso sozinho não faz.”

Para o deputado, o financiamento de campanhas deve ser “público, com total transparência” e os partidos devem ser legitimados. “Se a gente for descredenciar os partidos, vamos cair em um autoritarismo de nova forma”, disse.

No final da entrevista, Genoino rebateu os que criticam a política. “Essa história de que política é sinônimo de falcatrua, aliança ruim, é uma visão preconceituosa. “