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No PA, Barbosa evita falar de mensalão, é recebido como herói e tietado por Fafá

A cantora Fafá de Belém canta o Hino Nacional na presença do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa. A cantora elogiou a atuação do magistrado - Agência CNJ
A cantora Fafá de Belém canta o Hino Nacional na presença do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa. A cantora elogiou a atuação do magistrado Imagem: Agência CNJ

Elias Santos

Do UOL, em Belém

19/11/2013 15h06

Em Belém para participar do VII Encontro Nacional do Poder Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, foi recebido na cidade como herói nacional e até tietado pela cantora Fafá de Belém.

As honras dedicadas ao ministro, que também preside o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), iniciaram logo na abertura, realizada na noite de segunda-feira. Após cantar o hino nacional, a cantora Fafá de Belém quebrou o protocolo e disparou: “Vou dizer o que o Brasil todo gostaria, que é agradecer sua retidão, firmeza, noção de justiça”, disse, referindo-se à condenação e prisão dos réus do mensalão”. Em seguida, a cantora abraçou calorosamente Barbosa, que recebeu o elogio timidamente. Barbosa não comentou a atitude da cantora. Seguiu o protocolo e voltou a sentar-se.

Na manhã desta terça-feira (19), ele evitou a imprensa e participou da mesa em que os presidentes dos tribunais superiores e do Tribunal de Justiça do Pará apresentaram dados e estatísticas referentes ao ano de 2013.

O clima de tietagem continuou até mesmo entre outros magistrados. Segundo a presidente do TJ do Pará, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, o Poder Judiciário local pretende seguir os passos do presidente do Supremo. "É a primeira vez que o encontro acontece no Norte. Nós sabemos o ideal que o ministro busca. Um ideal não só nas celeridades dos processos, mas principalmente que estes processos tenham resultados efetivos, que o cidadão receba  aquilo que procura. Ele está aqui para passar essa mensagem e dizer que precisamos melhorar nossos caminhos”, disse Luzia.

O evento reúne presidentes dos 91 tribunais brasileiros, sob a coordenação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para discutir e estabelecer as ações prioritárias da justiça para o ano de 2014 e o Planejamento Estratégico Nacional para o período 2015/2020. “É nesta perspectiva de médio prazo que devem ser conduzidos os trabalhos neste evento. Ao CNJ cabe o papel de fomentar a profissionalização da gestão do judiciário estabelecendo diretrizes, indicadores e metas que auxiliem na melhoria da prestação da justiça”, explicou Barbosa durante o discurso.

Na tentativa de expor a insatisfação com o Judiciário brasileiro, principalmente no que diz respeito à morosidade dos processos, grupos de manifestantes se posicionaram na entrada do estacionamento do Hangar – Centro de Convenções e Férias, onde é realizado o evento, durante toda a noite de ontem. Um deles pedia celeridade na ação que tramita contra o senador paraense Jader Barbalho (PMDB) por desvios de recursos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). “Ministro não esqueça esse aqui, Jader Barbalho, o maior ladrão do Pará, mais de 132 milhões desviados da Sudam”, estampava uma faixa.

“Somos jovens insatisfeitos com o tempo que este e vários outros processos circulam na justiça. Acompanhamos a prisão dos mensaleiros e queremos o mesmo destino à todos os corruptos. É uma questão de respeito e dignidade”, destacou Bárbara Rodrigues, 32 anos. Combate à corrupção e à improbidade administrativa são alguns dos eixos prioritários que devem constar no planejamento estratégico do CNJ.

“As estatísticas revelam que este ano, até o mês passado, 50% da meta 18, estava cumprida, a previsão é que até o final do ano 79% da meta tenha sido alcançada”, comentou a ministra do Tribunal Superior do Trabalho e conselheira do CNJ, Maria Cristina Peduzzi sobre as metas para o ano de 2013 em relação aos julgamentos de processos por improbidade administrativa.

Na sexta-feira (15), Barbosa expediu mandados de prisão para 12 dos 25 condenados no julgamento do mensalão. Onze deles estão presos em Brasília e um encontra-se foragido na Itália.